terça-feira, 26 de junho de 2007

X-Men: Lutando por sobrevivência

**Atenção: Contém informações de publicações inéditas no Brasil**

Em um mundo em que a raça mutante se tornava cada vez mais comum, os supergrupos mutantes do Universo Marvel perdiam suas razões de ser. A minoria defendida pelas equipes X se tornava uma maioria, ganhando algum espaço no mundo de humanos em que estava inserida. Até mesmo a X-Force, antes considerada um grupo terrorista, se transformou em um programa de TV, mudou de nome para X-Táticos, e seus membros se tornaram celebridades instantâneas. Tudo isso, porém, mudou drasticamente nos últimos anos.

X-Men Endangered Species


Os X-Men foram criados como um grupo capaz de lutar em favor da sobrevivência dos mutantes. Uma nova raça surgida a partir dos homo sapiens sapiens, que apresentava modificações genéticas naturais, a partir do DNA dos indivíduos, externadas através de habilidades super-humanas, muitas vezes acompanhadas de mudanças físicas explícitas. Essa última característica, principalmente, fez com que inicialmente o medo e o preconceito das pessoas ameaçasse a existência mutante

Uncanny X-Men #1

A multiplicação dos mutantes ao redor do mundo mudou sensivelmente essa situação, especialmente depois que Genosha – país fictício na costa africana – tornou-se o primeiro país de população majoritariamente mutante, sob o comando de Eric Lensherr, o Magneto. O mundo parecia aos poucos integrar a evolução da raça humana, que parecia caminhar para assumir o papel de herdeira do planeta Terra. O papel dos X-Men perdia um pouco do seu significado, já que seus membros eram apenas um punhado de mutantes em meio a milhões.

O primeiro grande golpe nessa perspectiva otimista foi o massacre que assassinou 16 milhões de mutantes em Genosha. Cortesia de Cassandra Nova em E de Extinção. Pouco tempo depois, assumindo a forma de Magneto, o mutante Xorn promoveu um ataque violento a Nova York em nome de uma nova ascensão mutante através da violência. A imagem dos mutantes se degradava novamente.

Xorn-Magneto

O desequilíbrio de uma mutante, Wanda Maximoff, a Feiticeira Escarlate, filha de Magneto, alterou momentaneamente a realidade virando novamente o jogo na Dinastia M (House of M). De uma forma efêmera, a supremacia mutante atingiu seu ápice sob a liderança, novamente, de Magneto. Mas a loucura de Wanda durou pouco e culminou com o mais devastador golpe na raça mutante: a dizimação.

No more mutants.

Reduzidos a algumas dezenas ao redor do mundo (os 198, pelo menos para mim, é uma aproximação exageradamente baixa), os mutantes se tornaram realmente uma espécie em extinção. Mesmo após a dizimação, muitos jovens mutantes foram assassinados (boa parte dentro da Mansão X, como pudemos ver em New X-Men) e, como Exodus revelou recentemente em X-Men Annual, a supressão do gene X foi feita por Wanda de uma forma que não nasçam mais mutantes.

Essa preocupação atinge sérios níveis em X-Men: Endangered Species, no enterro de mais um jovem mutante, desconhecido, que morreu atropelado em um cruzamento. Com uma morte tão mundana, aqueles reunidos na cerimônia cada vez mais sentem que sua própria raça está fadada a desaparecer.

Mais um mutante morto

E isso pode ser sentido na raiva quase descontrolada da jovem Mercury; nos questionamento de sua própria fé por Rahne Sinclair, a Lupina; na quase resignação de um geneticista como Hank McCoy, que reconhece uma espécie em extinção quando a vê; de um ser virtualmente imortal quanto Wolverine, que reflete sobre como seria viver em um mundo sem seus entes queridos; na impotência de um homem do futuro como Bishop, que não sabe o que virá pela frente.

Dois diálogos são ainda mais representativos. O de Sebastian Shaw e Charles Xavier, oponentes de longa data, em que o primeiro lamenta a perda de tempo que foi dois visionários como eles se confrontarem tantas vezes quando deveriam agir em conjunto, e não como crianças.

Shaw e Xavier

O último diálogo dessa one shot introdutória é entre dois ícones das tantas equipes de campo com que contaram os X-Men: Ciclope e Wolverine. Duas personalidades que sempre estiveram longe de comungar com as mesmas idéias e forma de agir, mas que percebem que a luta pela sua própria sobrevivência talvez nunca tenha sido tão perigosa e decisiva quanto agora. Que têm papel decisivo nessa luta e a travam simplesmente por não saberem como desistir. É uma conversa, sim, lotada de clichês, mas representativa na situação em que foram colocados os mutantes no Universo Marvel.

Wolverine e Ciclope

A abordagem é interessante por dois motivos. Em primeiro lugar, editorialmente falando, não se voltou atrás em relação à dizimação, decisão que muitos duvidavam que durasse muito tempo. Além disso, novamente o papel dos X-Men parece (pelo menos essa é minha perspectiva) novamente assumir traços de relevância dentro do mundo Marvel, caso esses assumam mesmo a posição de defensores dos mutantes restantes. A partir dessa quarta-feira, 27 de junho, inicia-se em X-Men 200 essa luta por sobrevivência que se espalhará por todas as revistas mutantes. Aguardemos o seu desfecho.


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