sábado, 7 de julho de 2007

Entre a divindade e o mundano

**Atenção: Contém informações de publicações inéditas no Brasil**

Thor #1

Desde que Asgard e Thor foram apagados da existência em um Ragnarok no qual o deus do trovão quebrou sua circularidade infinita de destruição e criação, não se tinha ouvido mais falar de seu real destino. Isso tudo começou a mudar a partir da última quarta-feira, quando tivemos a estréia do terceiro volume da revista da divindade que é membro fundador dos Vingadores pelas mãos de J. Michael Straczynski e Olivier Coipel.

Donald Blake, outrora a contra-parte terrena de Thor, havia sido apagado da existência por Odin. Ninguém se lembrava de qualquer coisa sobre ele, que permaneceu dessa forma até o Ragnarok, quando finalmente foi libertado. Começamos a saber disso em Fantastic Four 536, 537 e 538, quando se descobre Mjolnir caído em Oklahoma e o Dr. Destino tenta tomá-lo para si. O único que consegue é um "misterioso" homem de iniciais DB. Isso foi mostrado há um ano.

Thor #1

Nesse número 1 da revista Thor vemos um belíssimo diálogo entre o retornado Blake e o deus do trovão no próprio vácuo da inexistência. Um resignado Thor se sente incomodado e deseja saber por que foi convocado. O dr. Blake diz que os dois têm muito em comum. Que não se encontraram por acaso, e que não cabe aos deuses decidirem se os seres humanos devem ou não existir; mas sim ao ser humano se e quando a existência dos deuses é necessária. E, naquele momento, a volta do Thor era imprescindível. Ainda não era hora dele desaparecer para sempre.

O amor de Thor pelo seu mundo natal o deixa confuso, e Blake indica o fato dele ter quebrado o ciclo de destruição e nascimento no qual Asgard se encontrava. Dessa forma, a escrita de seu futuro estava nas mãos do filho de Odin. Apelando também para seu amor pelo mundo mortal, o doutor reforça que a existência dos deuses é decisão dos seres humanos, e que assim todos os conterrâneos do deus do Trovão poderiam renascer.

Thor #1

O ápice da edição vem quando Thor percebe, com a ajuda de Blake, que seu retorno seria algo indesejado por forças obscuras, o que parece estimular sua volta. E, nesse ponto, uma interessante referência a diversas religiões pagãs, nas quais se exaltam ritos de passagem como o nascimento e a morte. Blake diz que tanto um quanto a outra só vêm através de grande dor, de um grande sacrifício. E é lutando e sendo destroçado por diversos demônios que Thor alcança Mjolnir, do qual ambos são filhos, demonstra sua vontade de viver e retorna em grande estilo.

Thor #1

Tal decisão e transformação são prontamente sentidas por Blake no mundo mortal, mais especificamente em Oklahoma, quando resgata sua transformação clássica ao bater com um bastão de madeira no chão.

Thor #1

Como comentado na comunidade Universo Marvel 616, a edição é realmente muito boa e aponta para ótimas possibilidades. Em primeiro lugar, porque apesar de demonstrar que há um recomeço para o personagem, não se esquece nada de seu passado. Pelo contrário, resgata-se seu alterego humano, aparentemente repaginado. Além disso, a expectativa dos próximos números é de uma lenta reconstrução de Asgard e retorno de seus habitantes. Resta-nos saber onde isso se encaixa na cronologia atual. Mas, sem dúvida, é uma forma legítima de reformular o Thor, já que sua própria mitologia admite tal recomeço, que é uma ótima maneira de atualizá-lo. Portanto, digo-te sim (!!) Straczynski e Coipel. Bom augúrios para os dois.


« Jøåø »

comments powered by Disqus