quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Made in Brasil


30 de janeiro: Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos
Made in Brasil


Há 139 anos era lançada a primeira história em quadrinhos nacional e, possivelmente, a primeira do mundo: “Impressões de uma viagem à Corte”, conhecida também como “As aventuras do Nhô Quim”. Seu personagem principal é um caipira rico e ingênuo que vai à corte e se envolve em uma série de trapalhadas, em que o autor usa do humor para criticar os problemas urbanos, modismos e costumes sociais e políticos da época. Tal autor foi Angelo Agostini (1833 -1910) um dos primeiros cartunistas brasileiros.


Agostini, um italiano naturalizado brasileiro, era um fervoroso abolicionista, e iniciou sua carreira de cartunista em 1864, em São Paulo, onde fundou o primeiro jornal ilustrado: o Diabo Coxo, que durou apenas até 1865. Após outra tentativa fracassada, mudou-se para o Rio de Janeiro e, nessa época, publicou “As Aventuras de Nhô Quim” no periódico Vida Fluminense. Além de publicar a primeira historia da arte seqüencial, Angelo fundou a Revista Ilustrada em 1876, na qual criou e lançou o personagem Zé Caipora, considerada a primeira revista de quadrinhos com personagem fixo.

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Ilustrações feitas pelo pioneiro cartunista Agostini.

A data comemorativa foi instituída há 24 anos pela Associação de Quadrinistas e Cartunistas do Estado de São Paulo para lembrar o dia da publicação de “Impressões de uma viagem à Corte” de Agostini. Apesar de não ser a primeira demonstração de fusão ilustração-texto-seqüência de fato, foi considerada a primeira história em quadrinhos por ser o primeiro exemplo realmente significativo e consistente. Muitos também a consideram a primeira história em quadrinhos do mundo, e não só do Brasil, mas isto nunca foi reconhecido de fato. O “resto do mundo” comemora esse dia em outra data.

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Capa da Revista Ilustrada

Tal como a invenção do avião, os brasileiros não puderam ter o gostinho do reconhecimento aqui também. Considera-se que a primeira história em quadrinhos publicada é “Yellow Kid”, de Richard Outcoult, mas muitos afirmam que já se fazia quadrinhos em outros países na época. Até porque a história de Outcoult é datada de 1896, alguns anos depois das aventuras de Nhô Quim (1869), inclusive depois de Zé Caipora na Revista Ilustrada de 1983.

Primeira do mundo ou não, o que importa é felicitar a primeira do Brasil, que abriu caminho para mais tantas outras, como a revista Tico-Tico lançada por Luís Bartolomeu de Souza em 1905 (primeira revista brasileira inteiramente dedicada às histórias em quadrinhos), que tinha por apreciadores Rui Barbosa e Carlos Drummond de Andrade. E daí para frente mais e mais revistas foram lançadas com o tema por aqui, como Suplemento Juvenil, O Globo Juvenil, O Lobinho, Gibi (que se tornou sinônimo de história em quadrinhos no Brasil), revistas Disney, O Pererê, etc. Fazendo a história da nona arte do nosso país com mais muitos nomes como Henfil, Laerte, Glauco, Ziraldo, Maurício de Souza, Jayme Cortez, Rodolfo Zalla, Júlio Shimamoto, Eugênio Colonnese, Otávio Cariello, Anísio Serrazul, Fábio Azevedo, Líbero Malavoglia, Marcelo Campos, Marcelo Cassaro, Carlos Zéfiro, Fábio Yabu, Luís Gê, Kiko, Angeli, Miguel Paiva, Chico Caruso, entre muitos outros. Mostrando que temos talento suficiente pra dar e vender... E exportar também! Na década de 1990, os artistas brasileiros começaram a atuar mais fortemente em outros países. E foi só o começo.

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Entre tirinhas e revistas, a nona arte cresceu no Brasil


Enfim, nada mais justo que comemorar a data onde tudo começou. E que continuemos a fazer história... em quadrinhos!


Cammy

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