Hellstorm: Montando o Quebra-Cabeças

Levado a Nova Orleans por estranhos sonhos, e notando cada vez mais que seu pai o estaria usando como peão em outra de suas orquestrações, Daimon Hellstorm, o filho de Satã, na iminência da ressurreição do deus egípcio Osíris, tenta descobrir o que o diabo envolve em tantos enigmas e mistérios, para, por fim, prevalecer. Algumas das peças começam a se encaixar em Marvel MAX 57.

Os demônios de seu pai continuam espalhados pela cidade, agindo de forma aparentemente aleatória, deixando Daimon desconfiado sobre qual suas intenções na provável ressurreição de Osíris. Um telefonema (pois é) do Satã só aumenta as suspeitas do quanto estaria sendo usado, e se de fato seu pai quer que o deus egípcio volte à vida. Pró ou contra ressurreição? Para Hellstorm o papel que deve assumir está longe de tal simplicidade.

Ele se lembra, contudo, que como diversos outros deuses (como o próprio cristo), Osíris é um “deus que morre” pela ação de sentimentos como inveja, cobiça e outros aspectos extremamente mundanos. E que o egípcio em especial já se encontrava nas profundezas antes de seu pai lá chegar, deixando no diabo sempre uma ponta de raiva. Sua ausência poderia fazê-lo mais poderoso. Encontrando-se com Ísis, e seu filho Hórus em uma Igreja Católica, Daimon vai aos poucos se dando conta da linha que deve seguir para desvendar as misteriosas ações de seu pai. Ele deixa os dois, sem revelar se estaria contra ou a favor da ressurreição, assim como os privando de outras informações que obteve.


Explicitando uma relação também complicada com seu pai, Daimon recebe a visita de Hórus, com quem se identifica em diversos aspectos. O deus exige que ele tome uma posição no aparente antagonismo entre Osíris e Satã, quando de repente é atacado por um demônio, sendo salvo por Hellstorm. Este, em fúria, mata o enviado antes de qualquer interrogação.


Após uma conversa com Ísis, e de juntar o que tem até agora, Hellstorm tenta entender como seu pai diz que quer que Osíris ressuscite e, ao mesmo tempo, manda que seu filho seja atacado. Quando Ísis revela que não consegue unir as 14 partes em que o corpo de Osíris fora repartido, pois lhe falta uma, Daimon conecta todas suas idéias. Seu pai não se opõe à ressurreição, mas quer controlá-la, pois, assim, deteria controle sobre seu oponente, e o manteria a distância. Hellstorm, finalmente, parece ter uma vantagem, e vai agir em benefício próprio. Sem revelar à esposa ou filho do “deus que morre”, sai em busca do décimo quarto pedaço, o pênis, cuja localização é de seu conhecimento.

Em Marvel MAX 57 o vemos chegar onde o último pedaço de Osíris se encontra – uma deteriorada casa de madeira em um terreno pantanoso, pertencente a um recém falecido praticante de vodu. Portanto, um local de fortes energias místicas. Chegando lá, Hellstorm é atacado por um numeroso grupo de demônios. Talvez mais do que possa dar conta de uma vez só. Mais uma vez ele pensa lutar pela própria sobrevivência e contra seu pai. Porém, seu propósito nisso tudo acaba finalmente revelado. Ele está ali para, atravessando o portal em que o porão da casa se tornou, recuperar a parte que falta, chegando onde o próprio satã ou qualquer de seus demônios pode chegar. Daimon foi enganado e manipulado para realizar tal tarefa.


Ele desce até as profundezas, passando por corredores e escadarias cravados de escrita egípcia antiga. Enquanto avança, praguejando contra seu pai, imagina que Osíris já sente o que está prestes a acontecer, o que o faz agir de maneira furiosa e descontrolada enquanto permanece nos reinos inferiores. Exatamente como satã, observando tudo de longe, deseja.


Chegando à sua própria perspectiva da transição do mundo dos vivos ao dos mortos, colocando-se não como um qualquer, mas usando a posição que ocupa por sua ascendência. Atravessando um rio de sangue, chega ao pós-vida egípcio. Atravessa aparentemente incólume um amplo corredor reservado apenas àqueles que são puros, adentra finalmente ao salão principal. Como a mitologia funerária do Egito Antigo, Hellstorm chega à presença de Anúbis, Thoth e Ammitu. O primeiro em geral pesa a alma do morto, que se leve como uma pena, é registrada como pura pelo segundo, e tem sua eternidade garantida. Caso seja mais pesada, é devorada pelo terceiro, desaparecendo permanentemente.


Mas Daimon não está morto, e confronta Anúbis com tal argumento (revelando preferir o pós-vida cristão). O deus-chacal diz que isso não importa. Terá de passar pela provação para conseguir o que procura. Por estar vivo, não será o passado de Hellstorm que servirá de contra-peso, mas seu futuro. E aparentemente não tendo alma, é seu coração – pelo laço de sangue maldito que mantém com seu pai – que será pesado. Por falar no chifrudo, ele liga insistentemente para seu filho avisando que não se deve confiar em um chacal. Irritado, Daimon o ignora depois de atender apenas uma vez.


Ao longe, satã se delicia sadicamente com a cerimônia como quem assiste a um reality show. A balança marca os dois pesos como idênticos, e resta a Ammitu – o monstro com corpo de leão e cabeça de crocodilo – decidir. É nesse momento que a armação se conclui, e Daimon é devorado inteiro e vivo.


“Perfeito”, sussurra seu pai. É tudo parte dos planos de satanás, e Hellstorm desce mais ainda nas profundezas.


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