quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Justiceiro: A Volta do Algoz de Frank Castle


Justiceiro: A volta de Barracuda

Todos os heróis (sejam eles dos quadrinhos ou não) possuem uma espécie de contraparte (esqueçam o sentido dado a esse termo como diferente versões extradimensionais de um personagem), ou seja, alguém que representa tudo aquilo que o herói não é. Trata-se dos populares arqui-inimigos, personagens essenciais ao desenvolvimento de uma boa história. Essencialmente, é deles que nasce o conflito. Podem ver que um não vive sem outro ( e, eventualmente, na tentativa de separá-los, tal medida não gera bons frutos). Batman tem o Coringa. Os X-Men tem Magneto (há controvérsias, eu sei, mas essa discussão fica para outro artigo). O Demolidor, o Rei do Crime. O Justiceiro, em sua versão 616, tem como arqui-rival, o Retalho. Na linha Max, Ennis decidiu criar um arqui-inimigo tão legal que talvez seja um dos poucos que sobreviveu a um embate com o Justiceiro: Sim, senhoras e senhores, Barracuda está volta!!!!


O arco, batizado de “A longa e Fria Escuridão”(Marvel Max 72) começa justamente mostrando o nosso adorável personagem revirando uma casa. Na mesma cena, podemos ver uma mulher (aparentemente morta) e um homem gravemente ferido. Bom, os desenhos poderiam ajudar, mas com um pouco de paciência, percebemos que se trata de Yorkie, o companheiro inglês de Castle, que participou dos arcos “Inferno Irlandês” e “O Homem de Pedra”. Nosso amigo britânico está em maus lençóis. Após um tempo procurando, Barracuda encontra algo (uma carta) que pelo conteúdo parecer altamente bombástico. Logo em seguida, Yorkie balbucia o nome da esposa e manda Barracuda para aquele lugar. E este, por sua vez, manda Yorkie para o além.

A cena é cortada. Agora é a vez de Frank Castle entrar na história. Castle acorda de um sono agitado. O que poderia fazer esse homem que trucida criminosos acordar de sobressalto e assustado? Um sonho. Nele, a família de Castle não foi ao parque no fatídico tiroteio. Assim, aquele evento que marcou a criação do Justiceiro não aconteceu. Sua família cresceu.
No sonho, Castle é um afável avô em uma típica reunião de família. O sonho é simplesmente Castle tendo um domingo familiar, rodeado de seus filhos adultos e de seus netos. Mas isso, obviamente, é uma vã ilusão. Ao acordar, Castle relembra que aquilo não passa de um devaneio, já que sua família está morta há trinta anos. Mas o sonho é suficiente para mostrar que as feridas ainda estão abertas. E só tem um jeito de calar as lembranças.

Justiceiro: A volta de Barracuda

Castle ruma para uma propriedade (parecida com uma fazenda) localizada em Poconos, Pensilvânia. Lá, Frank começa uma sessão de tiros, com as mais diversas armas. Interessante dessa parte é a descrição que o Justiceiro faz de cada, apontando os principais vantagens e defeitos de cada arma. Mas mesmo depois de tudo isso, o sonho permaneceu. Enquanto Castle treina tiro ao alvo, Barracuda invade uma escola infantil e tudo que escutamos logo em seguida é um grito.

Duas semanas se passam. Hora de Frank Castle eliminar alguns mafiosos. Aparentemente, alguém reuniu a nata da máfia reunida em um só local. Prato cheio para Justiceiro, que ainda não conseguiu se livrar do incômodo do sonho.

Começa a discussão de quem foi a idéia da reunião. Só que ninguém sabe quem marcou. Todos começam a ficar preocupados. Eis que o gênio que teve a idéia aparece: Barracuda, atirando em tudo que aparece e se mexe. Castle fica impressionado em ver Barracuda vivo. Pior foi ver que Barracuda estava esperando por Castle. Frank sai do esconderijo ao perceber uma claymore.

Justiceiro: A volta de Barracuda

O Justiceiro está encurralado. Frank tenta fugir, usando os mafiosos como uma espécie de escudo. Em vão, já que ao chegar à porta, Castle dá de cara com outra Claymore. Um traficante sofre todo o impacto da mina, mas o Justiceiro fica gravemente ferido. E para completar, Castle recebe diversos tiros de Barracuda. Mas a intenção do “vilão” não é matar o “mocinho”. No momento o intuito, como sempre, é outro.

Barracuda leva Justiceiro para o esconderijo e começa a contar o que tem feito desde que foi abandonado no mar com vários tubarões. E começa a falar que nem super-vilão, contando o seu plano para ferrar (em verde e amarelo) Castle. Começa contando que recebeu por e-mail um arquivo que continha todos os conhecidos do Justiceiro, sendo boa parte deles estavam mortos. Mas um nome lhe chamou a atenção: Yorkie!

Barracuda vai ao encalço do rabugento membro SAS. E isso nos remete a cena inicial do arco. Após balear a esposa de Yorkie, o inglês começa a falar o que sabe sobre Frank Castle. Até que chegamos em um nome muito familiar: O’Brien. Barracuda começa a falar sobre o que Yorkie contou acerca da azarada mulher. Yorkie decidiu honrar a memória de O'Brien, levando-o a localizar um parente dela . uma irmã. Sim, O’Brien tinha uma irmã. E esta escreveu agradecendo o cuidado e atenção que Yorkie teve em procurá-la e comunicá-la sobre a morte de sua irmão nas areias do Afeganistão. Mas ela tinha um pedido: Entrar em contato com Frank Castle. Agora, caro leitor dessas tortas linhas, prepare-se.

A cena agora diz tudo. Palavras do senhor Barracuda: “Parabéns,Filho da P#%#% (ok, o blog ainda é para todas as idades) . É uma menina”. Sim, o Justiceiro é pai de uma menina. E aqui começam os problemas.

Justiceiro: A volta de Barracuda

Em Marvel Max 73, o bicho começa a pegar (ainda mais que Goran Parlov assume a arte e isso melhora as coisas). Barracuda começa a provocar Frank, ameaçando ferir a criança. Um turbilhão de imagens vem à cabeça do Justiceiro. A última cena que Castle vê é de sua família morta. Depois dessa cena, o que ele vê é uma cama de hospital.

Castle não se lembra de como foi parar ali, mas Ennis resolve quebrar o galho e mostrar o ocorrido. Basicamente, Castle fica ensandecido e parte para cima de Barracuda, arrebentando algemas e tudo que aparece pela frente. Barracuda, no entanto, consege manejar uma faca e logo em seguida arremessa o Justiceiro pela janela, para cair espatifado numa viatura.

O Justiceiro é amarrado (literalmente) a uma cama de hospital. O Capitão Hoefker se apresenta, mas não consegue crer que está diante do maior assassino de criminosos do planeta. O Castle diz que a pessoa que fez isso com ele vai voltar e vai estar ainda mais furioso (mas não faz menção a menina sequestrada) e, por isso, devem liberá-lo. Isso provoca a ira do Capitão, até chegar num ponto em que o médico responsável pede para que os policiais saiam.

Justiceiro: A volta de Barracuda

Enquanto Castle é tratado em um hospital, Barracuda é obrigado a se utilizar de um médico clandestino tagarela. Só que de tanto falar e provocar o bandido, o único caminho que resta é a morte. Barracuda está ficando cada vez mais nervoso ao ver que está sendo tratado como o "segundo melhor".

No hospital, apesar de suas palavras não comoverem muito os policiais, Castle consegue convencer de o médico responsável pela sua saúde de que o hospital é um alvo enorme para alguém como Barracuda. Apesar de sentir repulsa pelo o que representa o Justiceiro, o médico decide que Frank não poderia continuar ali naquela cama. Os dois conseguem simular uma fuga e Castle consegue escapar da polícia, mais uma vez.

Ao chegar em seu esconderijo, Castle faz um pequena pesquisa sobre a garota sequestrada, descobrindo quem são seus pais e o nome da bebê (Sarah). Mesmo sem ter tempo para se curar e abusando de um medicamento fortíssimo, Frank não tem outra solução se não arquitetar um plano para capturar e matar Barracuda. E parece que o Justiciero tem um plano em andamento, desde que Barracuda vá para o mesmo destino, só que primeiro.

Justiceiro: A volta de Barracuda

Apesar de começar com desenhos do Chaykin na primeira parte, a segunda parte desenhada é por Parlov. Não que eu ache que ele um bom desenhista, mas o traço dele é muito mais simpático do que o do Chaykin. Quanto ao roteiro, Ennis dispensa comentários, sempre amarrando de forma impecável a cronologia do Justiceiro Max. Só há um problema com esse arco. Este é o penúltimo arco sob a batuta do mestre Ennis. Mais algumas edições, e a fase definitiva do Justiceiro estará terminada,infelizmente. Mas por enquanto, a única pergunta pertinente é: Será que dessa vez Barracuda escapa?

Rafael Felga

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