Incrível Hércules: Sob a mão de (um) deus

Com Posêidon preso e com uma arma apontada para sua cabeça. É assim que Namor, Namora e o incrível Hércules se encontravam da última vez que falamos da revista do Leão do Olimpo por aqui. E foi nas duas últimas edições de Universo Marvel que a trama que, mais uma vez, une o mundo dos deuses ao dos mortais, chegou a um desfecho surpreendente, revelando os planos de Artume (lembrando a correção do erro de tradução feito pelos editores nacionais).

Na edição 53, enquanto mais uma vez Namor e Herc brigam por sua teimosia e orgulho, é Namora que liberta Posêidon. Liberado, o deus dos mares reconhece o respeito de dois dos seus mais valorosos filhos, e revela a guerra que agora envolve os olimpianos com a queda destes desde a morte de Zeus. Reconhecendo um momento de fraqueza, o senhor dos oceanos admite que revelou a Artume a localização do Ônfalo.

Curando a ignorância de Hércules (e a nossa), explica que esse objeto amaldiçoado tem origem na divisão dos reinos entre ele, Zeus e Plutão, na demarcação do centro do mundo (onde Atlas segura o peso do firmamento), que passou a ser conhecido como Atlântida. Conta como os atlantes se tornaram convencidos demais, poderosos demais, inclusive revelando porque atualmente as amazonas (contratadas como soldados) têm junto de si atualmente algumas górgonas. Mas as guerreiras foram traídas pelos atlantes, não receberam seu pagamento e muitas foram mortas.


Para se protegerem, tentaram reunir uma pequena parte do poder do centro do mundo no ônfulo, mas algo saiu errado. O poder era grande demais, e isso acabou causando a destruição da cidade, sua submersão nos oceanos, o que obrigou os magos do local a usar suas últimas forças para fazer com que os sobreviventes passassem a respirar debaixo d’água (dando origem ao atual perfil de seus descendentes). O próprio centro do mundo foi realocado. Até então, escondido, não se tinha mais ouvido falar do ônfalo. Até então...


Infelizmente, sem saber, o menino-gênio Amadeus Cho acabou ajudando Artume a decifrar sua localização. Mas a górgona Delphyne ainda quer impedir que ela use o poderoso objeto, mas planeja algo por trás disso. Diz a Cho que Hércules está morto, beija o rapaz e diz que está traindo Artume. Porém, antes de planejarem o que fazer, têm um momento do qual ele não se esquecerá.


Enquanto isso Hércules lembra de todas as divinas companhias que teve, e, recuperando a visão, parece ter especial apreço por Namora. Mas mesmo galanteador, Herc pensa em um plano mais elaborado, e consulta Atena, sua irmã, para que esse seja possível. Ao falar com ela, descobre que seria impossível pegar Artume antes dela conseguir o ônfalo. Porém, ao saber que ela precisa levá-lo ao centro do mundo para utilizá-lo, traça o plano.

O novo centro do mundo é simplesmente a capital dos EUA, Washington (meio tosco, eu sei), e é para lá que Hércules e Namora partem, deixando o carrancudo Namor cuidando da recuperação de Posêidon.

Logo Artume percebe a traição de Delphyne. Na incursão no oceano para pegar o ônfalo usa-a para obter o objeto, e, em seguida, atravessa um arpão em seu tórax. Artume revela isso a Cho, comparando-a à própria mãe, que pôs tudo a perder pela afeição a um homem. A raiva por qualquer tipo de submissão feminina a um homem a enoja. E o destino de Amadeus logo será o mesmo.


Logo, em Manhattan, na sede do famigerado Grupo Olimpo, onde os deuses tentam se restabelecer no mundo mortal, Apolo questiona a liderança da vingativa Hera, e é “fritado”. Aliada a Plutão, com os poderes de decisão que eram de Posêidon e de Zeus, deixa claro quais são seus planos majoritários a partir dali: matar Hércules e Atena.


Na edição 54 de Universo Marvel, a história volta para o ano de 1793, fundação da capital dos EUA, Washington, quando o general que deu nome à cidade, tem uma visão do próprio Atlas apoiando o firmamento em suas costas. Assim se confirma aquilo que Atena disse a Hércules.

Na capital, já nos dias de hoje, Artume vê a ironia do fálico símbolo do famoso obelisco da cidade, e proclama que sua chegada anuncia a vitória das mulheres sobre os homens. Questionada por Cho, ela reafirma seu ódio pelos homens e pelas mulheres que se curvam de qualquer forma a eles, até mesmo sua mãe. Lembra da queda dos deuses gerada por Amatsu-Mikaboshi (contada na mini-série do Ares, que não foi publicada. Valeu aê, Panini!) e como aquilo acabou impulsionando seus planos.

Planos esses que começam a ser combatidos pelo trio formado por Hércules, Namora e Atena, que atacam as amazonas. Mas contrariando o que Herc pensava, Cho estava de fato à mercê de suas raptoras, o que dá a deixa para que Artume convocasse Atlas com o ônfalo.

Ela liberta o titã de seu fardo de centúrias, lançando sua ira sobre Hércules, que séculos atrás o enganou como já vimos antes na revista. Mesmo para o príncipe do poder Atlas é um oponente quase imbatível, o que acaba lhe rendendo uma bela surra. Assim, Atena acaba precisando agir mais do que gostaria.


Mesmo com Cho escapando, as amazonas parecem mais preocupadas em proteger o processo iniciado por Artume, pois ao reunir o poder do centro do mundo no ônfalo, qualquer outra vitória do inimigo seria em vão.

Hércules consegue distrair Atlas para que Namora lhe golpeasse onde qualquer homem que leia a revista, só de ver, sentirá uma péssima sensação.


Cho, debilitado por não ter sua carga necessária de doces, segue as pistas de Delphyne, mas é impedido duas amazonas. Prestes a morrer, contudo, é salvo pela górgona, que foi apenas ferida mortalmente, mas não pereceu no oceano.

Enquanto os dois se reconciliam, e o rapaz se abastece de açúcar, Hércules e Namora dão cabo de Atlas.


Mas é tarde. Mesmo com a tentativa de Cho e Delphyne em tirar das mãos de Artume um instrumento que molda a própria realidade (o que rende alguns momentos no mínimo curiosos, ao revelar os desejos íntimos dos que por segundos seguraram o ônfalo), é para as mãos da líder das amazonas que ele retorna.

Dessa forma Cho acorda em um outro mundo, pensando em tudo que ocorreu até ali como apenas um sonho maluco. Um mundo governado por Artume, pelas mulheres, em que os homens têm uma posição submissa em todo e qualquer setor importante, em uma espécie de inversão do que seria o nosso mundo. Mesmo no mundo dos super-heróis. Uma caricata utopia feminista, em que a desigualdade permanece, invertendo-se os papéis.


Como Cho, Hércules, Atena e os outros resolverão isso, apenas a conclusão do arco Amor & Guerra, em janeiro, revelará.


João