Homem-Aranha: Aquele não sou eu, Mary Jane

Depois de enfrentar o mudado Doutor Octopus, e, claro, levar a culpa de tudo graças ao prefeito Jameson, Peter Parker chega no casamento de sua tia acompanhado de sua colega de quarto, Michele, para ter uma surpresa: Mary Jane está de volta! O problema, como vemos em Homem-Aranha 106, com roteiro de Mark Waid e arte de Mario Alberti, é que ele só se lembra de flashes do que aconteceu, pois acorda no dia seguinte com uma ressaca monstruosa, já que só conseguiu falar com MJ depois de tomar todas. Quando olha para o lado, na cama, percebe que não dormiu sozinho, mas quando, todo animado, aborda sua companheira, tem mais uma surpresa.

Acreditando ser MJ, tudo vai por água abaixo quando vê que passou a noite com Michele, que não fica nem um pouco feliz por ele não lembrar do ocorrido, e o expulsa do apartamento.


Para piorar as coisas, já circulando pela cidade como Homem-Aranha, enquanto vai lembrando de algumas coisas esquecidas pela amnésia alcoólica, ele recorda ter marcado um encontro com MJ naquela noite, mas não faz idéia do local, e muito menos da hora, assim como não pegou seu novo número de celular. A cereja no bolo é ser chamado de ameaça e receber reclamações da polícia e de um dono de banca de jornal depois de ter impedido um assaltante de escapar.

Sabendo que não poderá voltar ao apartamento tão cedo, Peter decide aproveitar a lua de mel de May e Jameson sênior, e vai até sua antiga casa no Queens. Mas ela está ocupada pelos Reilly, parentes de sua tia, cuja tempo de permanência é indefinido. Menos uma opção de lugar para ficar.

A opção óbvia era procurar a ajuda de Harry, que pode inclusive ter o telefone de MJ, mas Peter descobre que ele colocou o próprio apartamento a venda, sob pretexto da crise econômica, mas que pode muito bem ser uma retaliação de seu pai, Norman Osborn.

Peter tenta então Betty Brant, na redação do CD, porém mais uma vez não há negócio, já que ela já divide apartamento com Glory Grant (esses nomes criados no tempo de guaraná de rolha são ótimos, nome e sobrenome sempre começando com as mesmas letras, a começar pelo nosso herói). Betty sugere que ele procure MJ para dividir apartamento, e enquanto Peter tenta explicar que mal lembra de onde deveria encontrá-la, Dexter Bennet entre urrando na redação, avisando que o Empire State está em chamas depois de um blecaute e uma explosão.

Não demora muito para o Homem-Aranha chegar ao local, e para salvar uma série de pessoas presas pelo fogo destrói o encanamento dos banheiros. Conversando com um bombeiro depois de tudo sob controle, e ouvindo o primeiro elogio do dia, de repente ele se lembra de onde marcou o encontro com MJ: a estação Grand Central!


Até o horário ele lembrou. Oito horas em ponto. Enquanto pensa no que falar, como começar a conversa, ele percebe que dessa vez quem não apareceu foi ela. E parte desapontado, tentando imaginar o que a impediu de cumprir o compromisso.

Mas MJ também teve uma noite daquelas, e acorda na hora do encontro marcado, lamentando ter dormido tão tarde (graças à demora de Peter em falar com ela). Porém, vendo a notícia do salvamento no Empire State pelo Homem-Aranha, fica feliz em saber que ao menos seu dia não foi perdido.


De volta ao apartamento, Peter cai em uma pequena armadilha armada por Michele. A convivência dos dois não deve ser nem um pouco amistosa de agora em diante.

A história continua, agora com roteiro de Fred Van Lente e arte de Barry Kitson, na qual ninguém menos que o Camaleão lembra de várias negligências permitiram ataques que acabaram resultando na morte de muitas pessoas. E faz isso enquanto treina a voz para substituir sua próxima vítima, que jaz amarrada a sua frente. Ele tira o molde do rosto de um Walter, um “ninguém” como ele mesmo diz, e é por isso que é perfeito. Pobre Walter, em seguida é assassinado, jogado inconsciente em um poço de ácido que consome sua carne até os ossos. É usando seu rosto que o Camaleão se aproximará de sua próxima vítima: o prefeito Jameson.


No centro de Manhattan, no distrito dos diamantes, o Homem-Aranha pensa ter impedido mais um assalto do Esquivo, mas tudo não passou de uma armadilha do departamento criado por Jameson exclusivamente para capturá-lo. E gastando muito dinheiro com velho equipamento para isso. Mas o Aranha logo escapa (ele não vai lutar com policiais), já que está atrasado para uma entrevista de emprego.

No caminho, pensa no bolo que levou de MJ, o quanto ele mereceu aquilo depois de tantas vezes deixá-la esperando por causa de sua vida de herói. De repente nos damos conta de onde é a entrevista de emprego. Na prefeitura de Nova York. Peter tenta um emprego para, mais uma vez, trabalhar para JJ Jameson!

Enquanto fica sabendo das repercussões nem um pouco positivas de sua administração, inclusive os gastos com sua Força-Tarefa Aracnídea, Parker chega para tentar integrar a equipe de cobertura fotográfica da prefeitura. De qualquer forma, tudo indica que Jameson continua um imbecil megalomaníaco, e que isso atinge diretamente a cidade.

O pior é que ele acaba tomando um senhor esporro de Glory Grant, assessora de imprensa de Jameson, simplesmente por perceber o quanto o prefeito é lunático e o quanto isso atrapalha a cidade.


Percebendo algum perigo próximo à prefeitura enquanto saía, graças ao seu sentido de Aranha, Peter não vê a tempo que a ameaça estava logo atrás de si. Walter, o homem que o Camaleão assassinou para tomar o lugar, era uma daquelas “estátuas vivas” da Estátua da Liberdade, que consegue deixá-lo inconsciente com um tranquilizante. E o acompanha até o hospital para que seu plano siga como previsto. Tudo programado para substituir algum funcionário que chegue bem perto de seu alvo...

Longe dali MJ visita Harry no fim do expediente do Grão de Café, e parece ter mantido aquela personalidade exaltada de antes de seu casamento com Peter (que, como sabemos, infelizmente nunca ocorreu). Dizendo que já viu Peter, ela estranha a ausência de Harry e ouve dele dos problemas que tem vivido. Familiares e financeiros, como ela logo nota ao pedir para ir ao banheiro. Harry está dormindo no Grão de Café.

Mais tarde, na boate Clube Dada, ela liga para Peter. Dizendo-se preocupada com Harry e pedindo desculpas por não ter ido ao encontro marcado, querendo marcar outro. Ele aceita. Bem, ao menos ela acha que é ele, já que a essa altura Peter já foi substituído pelo Camaleão, que o jogou no poço de ácido como qualquer outra de suas vítimas, já que vemos a cadeira usada emergir vazia.


A confirmação do emprego na prefeitura chega aos ouvidos do Camaleão, que se prepara para cumprir o papel com perfeição, inclusive se informando sobre Flash Thompson, cuja presença na inauguração da secreta central de comando antiterrorista é garantida.

Enquanto tenta descobrir mais sobre a vida de Peter, percebendo o quão pouco ele parece ter, Michele aparece e diz que acha melhor ele ir embora do apartamento. Surpreendentemente o Camaleão a beija e ela, provavelmente relembrando o que passou pouco tempo atrás com Peter, parece acabar cedendo ao oportuno “galanteio”.

Logo o Camaleão se encontra com MJ, que pede apoio para ajudar Harry. Mas ele faz tudo bem diferente do que Peter faria, inclusive evocando a memória de Gwen Stacy, insinuando que os dois não deram certo por causa dela. Peter Parker é mesmo MUITO azarado. Porém, enquanto MJ tenta entender o que está acontecendo, um fã meio obcecado aparece (provavelmente a vem seguindo desde Los Angeles), e o falso Peter diz que vai resolver o problema. Vai até lá fora e com extrema violência (sem MJ ver) espanca e obriga o homem a prometer nunca mais ir atrás dela.


Já na presença do agora aleijado Flash, mais uma vez o Camaleão distorce a forma como Peter vê a vida e os amigos, e fala com sua voz e rosto algo que Parker nunca faria, chamando o veterano de guerra de fracote, como ele fazia em sua adolescência.

Chegando ao super secreto centro de comando antiterrorista, Jameson começa com todo o teatro publicitário, apertando mãos e distribuindo sorrisos, enquanto Flash se segura pelas duras palavras que acredita ter ouvido do amigo.

Mais tarde, enquanto lamenta o quanto o evento foi fraco e rendeu péssimas fotos, Jameson fica feliz por finalmente poder incrementar sua Força-Tarefa Aracnídea. Porém, mal sabe que o Camaleão plantou sensores no centro de comando antiterrorista, e logo descobre sua localização, um depósito em Long Island, entrando em contato com um misterioso empregador, um coronel paquistanês, chamado Kasab, ligado ao Taleban (clichê pouco é bobagem), que planeja um ataque terrorista a Nova York, mas se vê coagido pelo homem que contratou.

Como combinado, ele segue para desativar a central antiterrorista, deixando a administração da cidade sem meios de combater o que quer que o coronel e seus aliados venha planejando. Descobrindo um pouco mais da vida de Peter, inclusive que tem primas lindas do lado dos Reilly, ele sabe exatamente o que fazer para gerar o máximo de impacto com essa identidade que acabou de assumir. Mas, antes, em um ato que acredita favorecer a memória de Parker, vai atrás de Harry para acabar com sua vida.


Porém, no esconderijo do Camaleão, onde supostamente jazem os restos mortais de Parker em um poço de ácido, o Homem-Aranha destrói parte do piso e escapa, surpreendentemente vivo, apenas com algumas marcas de queimadura por seu corpo.

A retribuição vem aí.


João