segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Por dentro da Rio Comic Con 2010

* Artigo escrito por nosso colaborador, Fabricio Mesquita Leite

Rio Comic Con


Desta vez, não precisei ir muito longe pra prestigiar um evento sobre quadrinhos, afinal entre os dias 9 e 14 de Novembro, rolou na minha cidade natal, o Rio de Janeiro, a convenção internacional de quadrinhos - Rio Comic Con 2010. O que vem a seguir é um breve relato do que eu vi no Domingo, último dia da convenção.

Pra começar, devo elogiar o pessoal da Casa 21, os mesmos por trás do FIQ de Belo Horizonte, pela escolha do local. A Estação da Leopoldina foi uma escolha perfeita, um local de fácil acesso para pessoas que vem de diversas partes do Rio. Trata-se de uma antiga estação ferroviária, inaugurada em 1895 e desativada em 2004, que faz parte da história da cidade. Assim que fiquei sabendo do local, comecei a imaginar como os caras conseguiriam transformar aquele espaço vazio e geralmente entregue ao acaso num local apresentável para uma convenção internacional.

Rio Comic Con

Uma amostra do clima do evento

A resposta estava ali diante dos meus olhos: uma excelente organização de espaço, um design maravilhoso gerando a atmosfera perfeita pro evento. O local contava ainda com uma praça de alimentação montada em uma das plataformas da antiga estação (embora os preços estivessem meio "salgados"). O lugarl estava bem cheio no Domingo, com a presença de fãs de carteirinha com a camisa dos personagens, cosplayers, casais de namorados, famílias, adolescentes e até a presença de globais como Caruso e Lúcio Mauro Filho.

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Fabrício e o Amigão da Vizinhança

Próximo a entrada, estava a exposição "Milo Manara in Brasile", num ambiente fechado e climatizado estavam 101 obras originais do autor incluindo seu desenho para o cartaz da Comicon, seus trabalhos em parceria com o cineasta Frederico Fellini e a capa de X-Women, revista produzida por ele em parceira com Chris Claremont que mostra uma aventura com Tempestade, Kitty Pryde, Garota Marvel, Psylocke, Vampira e Emma Frost em Madripoor. Este foi o primeiro trabalho de Manara com super-heróis. Foi uma pena que a PANINI não tenha publicado a tempo a revista para a convenção, pois seria uma oportunidade única para pegar um autógrafo com Manara (Eu duvido que o mesmo volte ao Brasil tão cedo, já que tem medo de avião, tanto que pra dar entrevista pro Programa do Jõ em São Paulo ele foi e voltou de carro).

Rio Comic ConRio Comic Con
Exposição do Milo Manara na Rio Comic Con '10

No centro da convenção, cercado pelos stands estava uma exposição com os trabalhos dos convidados internacionais e nacionais do evento: Kevin O´Neill (da Liga Extraordinária), Melinda Gebbie, Fábio Zimbres, Rafael Sica, Allan Sieber, Leonardo, Arnaldo Branco, Ota (da revista MAD), Kako, Orlando Pedroso, Fido Nesti, Rafael Coutinho, Angeli, Laerte, Lourenço Mutarelli, Patricia Breccia, Killofer, François Boucq, Fábio Moon, Gabriel Bá e Rafael Grampá.

Rio Comic Con

Fabrício ao lado dos talentos nacionais Rafael Grampá, Gabriel Bá e Fábio Moon

Todos estes artistas participaram de sessão de autógrafos na chamada Plataforma dos Desenhistas, que era uma das plataformas da estação com direitos a trens antigos estacionados e tudo mais. No Domingo, foi o dia do Mauricio de Souza e a fila pra pegar um autógrafo com o cara estava imensa. E mesmo depois de ter feito uma palestra no auditório, ele ainda teve fôlego para pacientemente atender a todos os fãs e voltar para o auditório para participar de uma outra palestra chamada "Homenagem aos Mestres dos Quadrinhos Mundiais".

Rio Comic Con


A maioria dos stands era de quadrinhos independentes, o da PANINI estava uma vergonha. Era o campeão de reclamações entre os fãs. Eu fui seco pra ver se comprava alguma coisa e descobri que eles estavam apenas fazendo assinaturas e os encadernados expostos eram os brindes pra os novos assinantes. Achei que a PANINI deveria ter montado um stand similar a da Bienal do Livro, grande, com diversos quadrinhos a venda com desconto, mas não foi o caso.

O stand da Livraria Travessa tinha muita coisa a venda, infelizmente nada de Marvel nem DC, nem mesmo os encadernados lançados pela PANINI BOOKS, com exceção do encadernado da Torre Negra de Stephen King que parecia lá encalhado. Acredito que trouxeram pouco material no estoque e no Domingo já não tinha muita coisa pra vender. O que eu mais vi sair foi Scott Pilgrim. Também procurei Umbrella Academy pra levar pro Gabriel Bá assinar mas já estava esgotado. A falta de promoções também decepcionou muito todos os presentes.

Rio Comic Con
Poster do Demolidor Amarelo por Grampá

O stand FODA (era este mesmo o nome) dos artistas Fábio Moon, Gabriel Bá e Rafael Grampá estava muito legal. Era bem fácil trocar idéias com os caras, tirar fotos e pegar autógrafos. O Rafael Grampá estava vendendo uns posters que ele autografava na hora, tinha um com uma pinup do Demolidor feita por ele pra edição 500 de Daredevil , tinha um com a capa da sua obra pra Marvel, Strange Tales II e um do Furry Water publicado pela Dark Horse. Enquanto ele fazia um sketch do Aranha pra mim, perguntei a ele como tinha sido desenhar pra Marvel. Ele disse que tinha sido normal, como qualquer outro trabalho, nada de especial segundo ele. A Marvel deu "carta branca" pra ele escolher o herói que ele quisesse e ele escolheu seu preferido quando criança: Wolverine. Além de desenhar, ele escreveu o roteiro que mostra sua visão do personagem, uma visão única, diferente de tudo que está sendo feito e que já fizeram sobre o personagem. Sobre a capa, ele comentou que eram os heróis preferidos dele quando criança. Agora é torcer pra ver se a PANINI inlcui esta história numa edição especial ou mesmo na revista solo do herói aqui no Brasil.

Rio Comic Con
Rafael Grampá assinando posters para os fãs

Para o Gabriel Bá, eu pedi um sketch dele do CASANOVA, projeto dele e do Matt Fraction pra Marvel e perguntei se a PANINI tem planos pra publicar o material. Ele respondeu que sim, mas que a PANINI ainda está em contato com os advogados do Matt Fraction, ou seja, sem previsão.

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Sketch de Casanova, feito por Gabriel Bá

Pra finalizar, como pontos positivos do evento, destaco a escolha do local e a organização do mesmo. Estava tudo muito perfeito, desde a iluminação até a arrumação dos stands. Outro ponto a favor foi o destaque pros quadrinhos independentes e a valorização destes artistas que muitas vezes passam despercebidos do grande público.

Infelizmente meus elogios param por aí. Senti falta dos super-heróis e acredito que não fui o único, vi diversas crianças e pais que devem ter saído decepcionados do evento, imaginando levar seu filho pra uma convenção de quadrinhos e não vendo nada sobre nenhum super-herói conhecido das crianças como Batman e Homem-Aranha. Poxa, estes super-heróis estão presentes em diversas mídias desde os desenhos de TV que a criança assiste aos jogos de videogame que ela joga. A sorte destes pequenos foram os cosplayers como o do Homem-Aranha, Mulher-Maravilha e outros personagens que atenderam a todos os pedidos de fotos e fizeram a alegria de diversas crianças. Estes caras salvaram o dia pra elas.


Rio Comic Con
Os heróis da Rio Comic Con

Não quero desmerecer os convidados internacionais, mas a organização poderia ter feito um mix, trazido artistas da Europa, MAS também grandes nomes dos quadrinhos americanos, seja da Marvel e da DC, ou até mesmo artistas nacionais que trabalham pra ambas editoras que sequer foram convidados. Imagine se ao invés de uma exposição com 101 obras originais do Manara pudéssemos ver uma do Mike Deodato, por exemplo.

Para isso, as empresas como a PANINI, a Mythos e as lojas de quadrinhos do Rio tem que apoiar o evento e trazer um stand de verdade com venda de quadrinhos, descontos, sorteio de brindes e muito mais.

Acho que a receita do sucesso de uma convenção é a variedade. Deve ter Marvel, DC, quadrinhos independentes, manga, cosplay, games, filmes, animações, e principalmente atividades e exposições pras crianças, pois elas são o futuro do mercado dos quadrinhos por aqui. Tem que agradar aos fãs antigos e tem que agradar ao público em geral, não só uma pequena parcela de leitores "cult, "indies", "adultos" ou similares. Para mim, Convenção tem que ser que nem a minha camisa da Comic Mania de 1994 que eu vesti pra Rio Comicon: diversos personagens, de Ranxerox a Druuna, de Mickey a Capitão América, todos dividindo o mesmo espaço. Tem que ter quadrinhos pra todos os gostos.

Fabricio Mesquita Leite

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