segunda-feira, 18 de julho de 2011

Justiceiro Max: A difícil Tarefa de Substituir Um Gênio

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Em meados do ano passado, a revista conhecida como Marvel Max encontrou seu fim, resultado das mudanças da chamada revolução editorial promovida pela Panini. Pela referida revista, passaram grandes títulos, como Alias, Poder Supremo, Thor: Vikings, dentre outros de grande relevo e qualidade. Dentre eles, obviamente, cabe citar o Justiceiro Max, escrito de forma soberba por Garth Ennis. No derradeiro número de Marvel Max (nº 81), estava a conclusão do explosivo arco “Valley Forge, Valley Forge”, que marcava a despedida do pai de Preacher da revista.

Como forma de substituir a lenda, a Marvel chamou a dupla Greg Hurwitz, autor do Crossover entre Frank Castle e o Matador de Idiotas, e Laurence Campbell para tocarem o barco. Campbell teve bastante sorte, já que os desenhistas que passaram pela revista, apesar de muito bons, não eram medalhões. A bomba, é calro, caiu no colo de Hurwitz, o substituto de Garth Ennis.

Recentemente, lembro de ler em um site de rock o quanto era difícil para uma banda substituir um grande ídolo. No caso em questão, o foco principal do texto era a banda Deep Purple, na qual Ricthie Blackmore (um deus da guitarra) foi substituído por Steve Morse (apenas um gênio do instrumento). Morse teve uma infinidade de problema de aceitação por parte dos fãs, mas conseguiu conquistar o coração da grande maioria. Obviamente, Morse nunca irá conseguir a façanha de ocupar o lugar de Blackmore, nem mesmo criar as mesmas músicas e melodias que este.

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A situação descrita acima pode ser aplicada, guardadas as devidas proporções, no presente caso. Sai um gênio, que é Garth Ennis e entra um escritor talentoso, que é Greg Hurwitz . Hurwitz tem uma narrativa muito boa e seu talento para escrever histórias como a do presente encardenado é de merecedor reconhecimento. Mas, se tentarmos comparar com o trabalho feito por Ennis, é covardia, sob muitos aspectos. Em primeiro lugar, Ennis desenvolveu toda uma cronologia envolvendo Frank Castle. São anos trabalhando com o personagem. Em segundo lugar é o fator talento, situação em que Ennis está anos-luz à Hurwitz. Por fim, o fator fã, campo onde Ennis também goza de uma enorme de vantagem.

A despeito de tudo isso, a dupla Greg Hurwitz e Laurence Campbell consegue realizar um excelente trabalho, trazendo para nós uma história que envolve muita violência e mistério. Basicamente, a trama gira em torno de uma série de sequestros e assassinatos de mulheres do pequeno vilarejo mexicano de Tierra Rota. O modus operandi do grupo era basicamente sequestrar jovens mulheres, para, logo em seguida, matá-las, extraindo partes vitais dos corpos delas. Os moradores, assustados, não tinham força suficiente para deter a referida gangue. Assim, juntaram suas economias e incumbiram um dos moradores do pequeno povoado a procurar o maior assassino de criminosos de todos os tempos: Frank Castle, o Justiceiro.

Em Nova York, Castle está cada dia mais pertubado pelas mortes de sua esposa e filhos. Nesse contexto, o morador do pequeno povoado mexicano encontra o Justiceiro, contando-lhe sobre o caso e oferecendo-lhe dinheiro para resolver o problema da gangue. Castle recusa o dinheiro, mas ruma para o pequeno vilarejo, onde começa sua implacável caçada aos criminosos que ali habitam.

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Ao começar a investigar o caso, o Justiceiro depara-se com a realidade: Uma operação que está usando as garotas para a produção de drogas. Mais adiante, descobrimos que toda operação é arquitetada por um chefão do crime organizado dos Estados Unidos, conhecido apenas como Chefão.


Castle começa sua caçada, tentando achar o maior número possível de informações para localizar o grande laboratório. Obviamente, o Chefão tenta quebrar o espírito implacável do Justiceiro com uma astuta armação: Forja uma situação em que, aparentemente, Castle mata uma pequena garotinha. Isso faz com que Castle sinta ainda mais remorso, a ponto de buscar o suicídio. Mas, antes do colocar uma bala em seu próprio cérebro, Frank consegue perceber o elaborado plano do grupo criminoso.

Novamente, a história retorna ao seu foco, com Castle realizando todo o tipo de maldade para com os criminosos. E isso nos leva ao segundo momento de destaque: A revelação da identidade do Chefão, que não é ninguém menos que o Retalho em sua versão Max.

O final é um tanto previsível: Muitas mortes de traficantes, um laboratório em chamas e as mulheres, outrora escravas de uma operação criminosas, livres. E Castle segue novamente atormentado pelas agruras do passado.

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A história em si, apesar de possuir uma mecânica relativamente simples, tem um bom ritmo. Hurwitz consegue criar uma trama bem equilibrada, ainda que não seja brilhante. E Laurence Campbell, apesar de não ser um grande desenhista (minha opinião), tem um traço perfeito para a história macabra. Por fim, cabe ressaltar as belas capas desenhadas por Dave Johnson, ainda que não tenham o mesmo nível do antigo capista, Tim Bradstreet.

Já em relação ao lançamento em si, destaque para o fato da Panini lançar o especial em forma de encadernado, com capa dura, com um preço muito acessível (R$17,90). O ponto fraco da revista, a meu ver, é falta de algum material extra.

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Justiceiro: As Meninas de Vestido Branco é um bom arco do Justiceiro, ainda que esteja longe, é claro, dos gloriosos tempos em que Garth Ennis comandava o personagem.

Rafael Felga

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