terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sentinela: Ele não será mais esquecido

Funeral pro Sentinela

A edição número 90 dos Novos Vingadores não é apenas um epílogo para a minissérie O Cerco. Ela encerra uma grande fase na história dos Maiores Heróis da Terra orquestrada por Bendis a praticamente sete anos, onde no meio dela inseriu-se firmemente o personagem Sentinela, Bob Reynolds, o Vingador Dourado, agora morto em ação devido ao descontrole de seu poder corrupto. Aqui, temos o Funeral para o herói que um dia todos esqueceram, mas que a partir de agora será lembrado... bem ou mal.

Funeral pro Sentinela

Primeiramente, vale um breve resumo envolvendo a história de criação do personagem. Inicialmente, foi divulgado como um herói da era de Prata da Marvel (pré-criação do Quarteto Fantástico até) que nunca foi as bancas e que a Casa das Idéias estaria inserindo-o devidamente no universo padrão agora (conhecido por vocês como 616). O detalhe é que isso tudo foi apenas uma grande jogada de marketing em cima do personagem que é criação de Paul Jenkins e Jae Lee, que acabou confundindo muita gente. Na história, é colocado que o personagem participou ativamente dos primórdios do começo da Era Marvel, lutando ao lado do Quarteto Fantástico, Hulk e X-Men. Teve um parceiro mirim assim como o Capitão América, chamado de “Batedor” e até mesmo um “Cão de Guarda” turbinado (afronta mais que direta a Distinta Concorrência?). Contudo, o mundo viria a esquecer o Sentinela quando nosso herói descobriu que seu maior arquiinimigo , o Vácuo, é uma faceta de sua personalidade. E para impedir que essa entidade causasse um mal maior, Bob Reynolds decidiu sumir e ser completamente esquecido do mundo.

Funeral pro Sentinela

O Sentinela entrou nos planos de Bendis logo na primeira formação de seus Novos Vingadores, aparecendo na primeira história da fuga da Balsa e tendo logo em seguida um arco completo desenhado por Steve McNiven explicando como foi feito o processo de eliminar as lembranças que todos tinham do Sentinela até então, ao mesmo tempo que o introduzia-o de novo ao universo 616. Jenkins voltaria um tempo depois numa minissérie em oito partes trabalhando (com esmero) num aprofundamento da relação do Sentinela com o Vácuo e uma outra minissérie inédita no Brasil traria mais aventuras “perdidas” de Reynolds no passado em “The Age of the Sentry”. Contudo, mesmo com esse esforço, o personagem acabou se perdendo no meio dos mega eventos que ocorriam (Guerra Civil e Invasão Secreta, por exemplo). Provavelmente vendo o erro que cometia, Bendis resolveu redirecionar o herói misterioso durante o Reinado Sombrio, provavelmente já traçando seu derradeiro destino. E assim, revelando-se detentor de um poder bruto e absoluto que ameaçava a todos, o Sentinela foi detido, Bob Reynolds morreu e seu corpo foi levado ao sol.

Numa última história, temos seu funeral. Billy Turner, o Batedor, juntamente com o Cão de Guarda, são os únicos presentes no começo da história para prestar uma homenagem ao amigo. Ele, por sinal, está sem braço, também vítima do lado insano e obscuro do nosso herói, o Vácuo (detalhes disso, na minissérie original). Os dois já quase estão desistindo de esperar outros virem, quando se surpreende com a chegada do Quarteto Fantástico, alguns dos X-Men, Demolidor, Doutor Estranho, Stark e Steve Rogers.

Funeral pro Sentinela

Escrita por Jenkins e desenhos de Tom Raney, a história é uma declarada homenagem do seu criador ao herói colocando mais uma vez depoimentos do passado lembrando também sua parte boa como herói e tentando assim aliviar a péssima fama que o personagem acabou levando nos últimos meses na gerência de Bendis. Jenkins, como sempre, é bem sutil e humano em suas colocações – a cena de Thor visitando a mãe de Reynolds para contar a triste notícia é uma das coisas mais bem colocadas que já vi e só por isso vale que você folheei ao menos a edição.

Funeral pro Sentinela

Em algum momento, é deixado uma ponta solta. CLOC, o construto robótico que foi criado pelo Sentinela para ser seu grande apoio contra o crime surge para entregar o diário do seu mestre para Reed Richards. O que o Sr. Fantástico lê ali, o surpreende, mas não é revelado para nós leitores e nenhum outro herói. O curioso é que CLOC decide reconstruir a Torre de Vigilância para o vindouro retorno do seu mestre. E quando Reed tenta explicar ao robô a situação, a máquina lhe dá as costas e parte dali afirmado que a presença de todos não será mais bem vinda e será retaliada. Dá pra esperar algo de bom disto

Funeral pro Sentinela

Algumas revelações são feitas, como o romance da Vampira com Bob antes de seu casamento, enquanto que um o Coisa revela pra todos que sempre odiou o sujeito. Assim, os depoimentos vão acontecendo até que o sol se põe. Richards, provavelmente o amigo mais próximo do herói, faz o discurso final clamando que em algum momento sempre o sol se põe para todos, mesmo para aqueles com o poder de mil sóis explodindo.

Funeral pro Sentinela

E assim se encerra a passagem do superherói dourado pela Marvel. Apesar da relutância de muitos a retcons, eu sinceramente tinha alguma esperança de que o Sentinela tivesse um estabelecimento digno no universo regular, mas sua história que já era bastante complicada foi se diluindo drasticamente nos últimos anos. Lamentavelmente, não ocorreu, reduziu-se apenas a cópia maluca do Superman e boa parte do tempo virou motivo de chacota por parte dos leitores que já estavam achando cansativo as tantas vezes que ele fugiu amendrontado de seu próprio “eu” numa batalha ou com suas repetidas “mortes”. Ainda assim, mesmo para aqueles que criaram uma rejeição mais que justificada ao personagens, recomendo as minisséries escritas pelo Paul Jenkins, que parece ter sido o único a ter conseguido ter o “timing” certo para o personagem.

Coveiro

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