quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fest Comix 2011: Lopes e Levi

Lopes e Levi

Abrindo as palestras no Sábado, considerado o dia mais movimentado e recorde de público da Fest Comix, os editores da Panini DC e Marvel, respectivamente Levi Trindade e Fernando Lopes, surpreenderam os fãs e não falaram sobre seu trabalho e futuras comics a serem lançadas no Brasil. Desta vez, foi o momento deles opinarem sobre o trabalho dos outros, discutindo entre si e com o público sobre as mais diferentes adaptações de quadrinhos lançadas no cinema até hoje.

Perto do meio dia, Levi Trindade e Fernando Lopes, com sua nova indumentária padrão, chapéu argentino preto, foram anunciados por Pedro Bahia e logo sentaram-se a mesa. Pra começar, não poderiam falar de outro senão o Batman de Tim Burton, certamente um marco nos cinemas. Levi disse que ele foi o primeiro filme de super-heróis que assistiu na telona. Lopes comentou que este filme foi o tema de sua monografia na faculdade. Levi disse que nunca acreditou em Michael Keaton como Batman e nem como Bruce Wayne, mas botava fé no Jack Nicholson como coringa depois do Iluminado, apesar de parecer uma versão "expandida" do personagem. Mais adiante na palestra, comentaram que esses dois primeiros filmes do Homem-Morcego foram na verdade mais filmes do Tim Burton do que do herói, como muitas vezes acontece quando um diretor quer dar sua visão do personagem. Já os outros dois filmes enterraram a franquia. O mesmo pode-se dizer do Superman, que também marcou época, mas desandou nos últimos.

Lopes e Levi

Depois disso, outros filmes menores foram lançados como Capitão América e Justiceiro, considerados classicos de sessão da tarde. Levi disse que o Justiceiro seria até legal se desconsiderassemos como um filme do personagem de quadrinhos, achando até considerável a atuação de Dolph Lundgren. Mas quem não escapou foi o Capitão América, em que eles lembraram que sobre a máscara ficavam penduradas orelhas de porcelana. A linha de filmes caminhava para algo muito ruim, tanto que o Quarteto Fantástico daquela época foi cancelado quando mal saiu seu primeiro trailer. Outros filmes mais desconhecidos da mesma época foram brevemente comentados, como Nick Fury e uma adaptação do Dr. Estranho bem antiga de 1978, que particularmente eu desconhecia. Baseado em quadrinhos, mas não seguindo a linha de heróis, Dick Tracy e o Sombra, foram consideradas boas adaptações por Fernando Lopes. Já Rocketeer mereceu comentários a parte, principalmente se tratando de uma película interessante, mas pouco valorizada entre os fãs, lembrando que possui o mesmo diretor de Capitão América, Joe Johnston


Parte do esquecido filme do Dr. Estranho

Antes de falar sobre os mais recentes filmes, comentaram sobre o sucesso do seriado do Hulk e como isso vem afetando a referência das pessoas ao personagem quando vão aos cinemas. O seriado foi marcante e as pessoas tendem a sempre associar o Hulk ao Lou Ferrigno, movendo sua musculatura peitoral, pulando e gritando com a peruca tosca como bem lembrou Levi Trindade. Depois disso, apesar da inovação trazida por Ang Lee em termos de edição e até ousadia em retratar o personagem, não poderia dar mesmo certo. Principalmente, depois de "poodle hulks" e da misturada que fizeram com o vilão vivido por Nick Nolte, sendo ao mesmo tempo pai/homem absorvente/Zzzax. O filme recente foi elogiado, mas nao deixou de ter uma cutucada dos editores que acharam que o Tim Roth, depois da primeira luta, foi suficiente confrontando o Hulk e nem precisava virar abominável.


Lou Ferrigno como Hulk

Desta mesma leva, também foram criticados Spawn e o Fantasma do Billy Zane (que rendeu uma boa piada do Lopes ironizou o heroi camuflado na floresta com unifome roxo e sunga listrada).

Lopes e Levi

X-Men foi um marco. Lembraram que os filmes mutantes, X-Men 1 e 2, foram sucesso como o Homem-Aranha 1 e 2. Contudo, o terceiro de cada um foram decepcionantes, o que nos levaria a pensar sobre a tal maldição das Trilogias? Já Superman, do mesmo diretor de X-Men, Bryan Singer, não deu certo, lembrando falhas inclusive dos grandes atores como Kevin Spacey (Lex Luthor) que ao invés de procurar uma nova interpretação do vilão imitou bastante Gene Hackman.

Quarteto Fantástico teve erros cruciais e já balançava as pernas de antes, já que com o lançamento da animação Os Incriveis (da Disney), foi pedido um orçamento extra de emergência para garantir a qualidade dos efeitos. Os atores foram altamente questionados, principalmente o Doutor Destino, apesar de acreditarem na qualidade do ator. A única coisa boa do Quarteto teria sido a participação de Stan Lee, brincaram eles, lembrando da cena clássica do casamento. Daí, outras cenas do famoso velhinho foram lembradas, como a do Homem de Ferro.

Lopes e Levi

Aproveitando a deixa, Homem de Ferro veio ao centro das atenções dos editores, que comentaram que apesar de considerado um dos três icones da Marvel, nunca teve grande destaque entre o público. Na verdade, nenhum dos três até o momento eram tão conhecidos fora do ambiente dos quadrinhos. O filme na opinião deles era mais fácil de levar ao público com sua temática tecnológica e, ao mesmo tempo, a Marvel acertou ao achar o homem certo para Tony Stark, que é Robert Downey Jr. O grande problema dessa produção seria o fato de não ter um grande vilão, já que o pior inimigo do Homem de Ferro seria o próprio Tony Stark.

Thor e o Capitão América, que não deixaram de ter algumas críticas pelos editores, foram tidos como boas adaptações. Lopes criticou as mudanças drásticas desnecessárias nas adaptações como é o caso do Heimdall (apoiando assim muito fãs que pensam o mesmo) e, em contrapartida, citou casos mais aceitaveis como o Nick Fury ultimate usado nos filmes Marvel. Respaldou seu ponto dizendo "Afinal, estamos falando de Samuel Lee Jackson". Capitão América era o mais desacreditado por eles, mas foi o que mais surpreendeu a todos, sendo um excelente trabalho. Como lembrou o Levi, O filme é complicado já pra vender internamente, seria ainda mais no exterior. Mas eles acertaram a mão, tanto em história como em efeitos especiais.

Lopes e Levi

Os editores discordaram num ponto em questão dos recentes filmes da Marvel. Lopes achou uma grande sacada amarrar os diferentes filmes em algo único. Levi opinou dizendo com certa precaução que isso pode ser um "calcanhar de aquiles". Lopes comentou que viu recentemente o trailer dos Vingadores e disse que estava empolgado. Depois, cutucou mais uma vez o Levi perguntando pela DC. Levi sorriu e comentou que indiferente aos atuais boatos, as coisas só vão ficar definidas depois do novo filme do Superman. Lopes opinou dizendo que pelas imagens parece que vai ser algo promissor.

Sobre o Lanterna Verde, Lopes colocou que é um filme despretensioso, mas que achou legal. As piadas em torno do Pharallax foram inevitáveis, claro. Levi foi mais crítico com o personagem da sua editora, apontando as falhas e mostrando a simplicidade de roteiro ao colocar um Lanterna Verde novato derrotando a grande ameaça enquanto que os demais da tropa falharam. Em resumo, foi um filme ingênuo.

Lopes e Levi

Passado um tempo, foi aberta as perguntas para o público. Dentre as muitas perguntas, comentou-se sobre as mudanças feitas em algumas adaptações como a de Watchmen, que Levi e Lopes defenderam. Outro perguntou aos editores sobre qual seria a pior adaptação nos cinemas, na qual a Mulher-Gato e Monstro do Pântano não foram esquecidas. Do fundo do báu, tiraram uma tentativa de filme para TV da Liga da Justiça com participação do Adam West como Batman, além de outros personagens da DC clássicos. E isso levou-os a lembrar do filme do Batman do West que foi aos cinemas com a clássica cena da bomba que todo internauta já deve estar cansado de ver por aí.



E, por fim, alguém na platéia lembrou que Wolverine foi esquecido pelos Editores. Lopes afirmou que não viu o filme. Levi foi bem contudente em sua crítica, lembrando da cena rídicula em que Wolverine não percebe a morte falsa de sua mulher com sangue falso. Isso levou Levi e Lopes a falar sobre o balanço entre violência num filme de superheróis, lembrando que certas cenas não seriam ideais para mostrar aos seus filhos. Em contrapartida, para o público de hoje, algumas motivações e origens mais inocentes de personagens simplesmente não funcionam mais.

Já perto do final da Palestra dos editores, eu me levantei para fazer minha pergunta sobre qual seria o melhor vilão adaptado nos cinemas depois do Coringa. Na verdade, tudo um pretexto para eu entregar para o Lopes minha proposta de Maiores Clássicos do Falcão de Aço para 2012. Bem humorado como sempre, Lopes sorriu, mostrou a proposta pro público, mas me deixou ainda sem resposta. Eu devia ter seguido a dica de elogiar o chapéu dele antes. Bom, sobre o vilão, Levi e Lopes foram unânimes que era o Pinguim do Burton.

Lopes e LeviLopes e Levi

Lopes e Levi

Entre as últimas perguntas estavam questões sobre a nova adaptação dos mutantes, X-Men: Primeira Classe, quais foram as falhas do Homem-Aranha 3 e sobre o futuro da DC nos cinemas, para tentar superar a Marvel. Levi respondeu esta última consciente de que existe falhas grandes nos mais recentes Superman e Lanterna Verde, e tirando o Batman, eles precisam ter um bom filme de seus personagens primeiro para assim ter uma boa aposta num filme da Liga nos cinemas. Quem sabe nos novos projetos do Flash ou Arqueiro Verde?

Com isso, chegou-se ao fim da primeira palestra naquele Sábado. Com uma salva de palmas, os editores se levantaram para atender ao público presente ainda cheio de questões. Foi uma palestra divertida e descompromissada, esquentando o clima para tudo de bom que ainda ia acontecer naquela dia.

Coveiro

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