quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Fest Comix 2011: Will Conrad

A segunda palestra do dia de sábado na Fest Comix (e a primeira sob a organização do marvel616) foi do desenhista mineiro Will Conrad. Will já desenhou diversas minisséries na Marvel, mas, infelizmente, nenhuma publicada no Brasil. Estamos começando a ver seu trabalho na Casa das Ideias em terras brasileiras só mais recentemente com Wolverine Origens. Além disso, o artista assume uma mensal da X-23 que será brevemente publicada aqui e desenhou algumas páginas de Vingadores Secretos em parceria com Mike Deodato. Atualmente assumiu o título de X-Men nos EUA, que veremos só mais adiante por aqui. Experiência ele tem de sobra pra compartilhar e foi justamente o que fez em sua apresentação.


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Will possui uma trajetória interessante: Começou como desenhista de material didático, livro infantil e jornais de empresas até que num belo dia sua vida mudou em uma FIQ. No evento de 1997 o jovem desenhista encontrou com Will Eisner que o aconselhou e inspirou dando o empurrão que faltava pro artista partir pros quadrinhos. E ele foi. Começou como arte finalista de “Buffy” na Dark Horse, trabalho que Conrad disse em sua palestra ser um dos que o definiu como desenhista ao vê-lo publicado. Depois ainda desenhou na Dark Horse em títulos como Conan e Serenity. A revista Serenity, inspirada no seriado Firefly de Joss Whedon, foi o outro trabalho que Will contou ser o divisor de sua carreira. Dado seu empenho em conhecer o seriado e ser o mais fiel possível a ele, se tornou um ícone para os fãs (que são bem apegados) da série. Segundo ele, mesmo anos depois de cancelada a série tem fãs fiéis que vão às ComicCons pegar seu autógrafo. O desenhista conta como estudou cada episódio, de cenários a trejeitos dos personagens, para fazer o título e que isso lhe rendia muitos elogios do roteirista e editor da época.

De fato, o que percebemos ao ouvi-lo é que seu empenho é sua grande característica. Não deixa nada passar, cada detalhe é estudado e dá o melhor de si em todo trabalho. O que também o rendeu problemas quando trabalhou com roteiristas não tão “bons”, digamos assim. Ele não aceitava coisa mal feita, cena sem lógica, não deixava passar detalhe nenhum. Uma história de Sonja (que desenhou pra Dynamite) ele conta que a posição da personagem com sua espada não fazia sentido algum já que o oponente poderia simplesmente dar um passo para trás para sair do golpe o que o fez redesenhar como achava melhor. Ou a história contada sobre um roteirista que dizia que os escravos estariam, na cena, “extraindo metal reluzente da mina”. Ah, o bom mineiro não ia deixar uma dessas passar e refutou veementemente que não se extrai metal reluzente e sim minério de ferro. Isso lhe rendeu problemas que levaram até a pedir para não trabalhar mais com o roteirista em questão.


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Seu esforço também é bastante evidente no relato de como não deixa de desenhar nada apenas porque não “gosta” ou acha mais complicado. Segundo ele, muitos artistas preferem camuflar estes problemas em seus desenhos, mas não ele. Will gosta de desafios e se esforça até dominar o que não conseguia antes. É o caso de desenhar mulheres, eles nos conta, lgo que não gostava, pois achava muito mais difícil que corpos masculinos (existem muitos mais detalhes e nuances no desenho feminino). Contudo, ele treinou até ser um ótimo desenhista de mulheres, tanto que atualmente é até conhecido por desenhar lindas personagens femininas (ele desenhou, inclusive, as minis de Pantera Negra – a feminina, no caso -, Emma Frost, Mulher Hulk e Elektra). Ou seja, ele deixa claro que não existe dificuldade que não seja superável através de estudo e treino. Treino e prática: ele recomendada nunca passar um dia sem fazer algo, nem que seja um rabisco.

Outra dica que o palestrante deu foi de ir atrás de opiniões de quem entende do assunto e, principalmente, saber aceitar as críticas. Claro que é bom ouvir elogios, mas são as críticas e os apontamentos de onde se precisa melhorar que tornam o razoável em excelente. Will contou que fez isso. Desde que recebeu as dicas de Eisner saiu à busca de melhorar sempre atrás da opinião de pessoas da área e aceitando as sugestões com toda humildade. Foi assim que conheceu Mike Deodato, atual parceiro de trabalho e grande amigo (e parceiro de piadas também, esses dois juntos são diversão garantida!), ligando pra ele e indo atrás de conselhos. Falando nisso, o mineiro fez inveja. Além da amizade com Deodato ele contou sobre como é bacana trabalhar com Joss Whedon e sobre certa vez que trabalhou diretamente com Stan “The Man” Lee! Dizendo que esses dois seriam as parcerias com roteiristas que mais marcaram sua carreira. Stan conheceu o trabalho do artista e o ligou pessoalmente para inseri-lo em um projeto com ele. Quer mais?


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Tudo isso aparecia como resposta às perguntas da plateia (lotada), já que Will quis mais responder as dúvidas dos futuros desenhistas e, assim, partilhar as experiências que eles queriam saber em vez de apenas responder perguntas depois de um longo discurso. Sua intenção inicial sempre foi de ajudar os aspirantes a desenhista, talvez por ter sido assim que ele se tornou um. Uma forma bacana de retribuir o que ele teve um dia. Já sabíamos disso, já que é nosso artista mais assíduo nas dicas do Arte no 616, sempre disposto a dar as dicas nas artes dos leitores. Assim ele conduziu seu tempo com os leitores: Respondendo dúvidas, compartilhando experiência de quem já começou do zero e chegou aonde chegou, contando seus “causos” da carreira como desenhista e dando dicas de diversos aspectos da vida nesta área. Sempre com muita humildade e bom humor, muito bom humor! Se tem uma coisa que Will faz tão bem como desenhar, é fazer rir no seu jeito todo particular que fez a 1h30 de conversa passarem voando com gosto de quero mais.


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Ao final, ainda anunciamos (eu, que estava coordenando, e Will) o concurso de desenho que acontecia no evento e ele e Deodato seriam os jurados (o Sua Arte na Fest Comix) e o inusitado concurso, anunciado aqui no site, onde a melhor caricatura de Mike levaria uma arte de Will Conrad pra casa. Mas estas são outras histórias que vão sendo contadas por aqui. O desenhista ainda avaliou portfólios, atendeu os fãs, fez sketch e deu autógrafos ao final da palestra de Deodato junto com o amigo. De qualquer forma, tenho certeza que mesmo quem não pretende ser desenhista como eu, também aproveitou e se divertiu muito com todas as histórias! Além de conhecermos a pessoa super bacana que existe por trás dos belos traços de sua arte.


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Will e Deodato analisando portfólios



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Autógrafos



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Essa é pra fazer inveja mesmo... ganhei um sketch!


Cammy

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