quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ciclope e os Fabulosos X-Men

*Atenção! Informações inéditas no Brasil e EUA!
* Artigo escrito pelo NOVO colaborador Fabio Cabral!

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E então finalmente iniciamos os trabalhos na novíssima fase Uncanny X-Men, a tradicional e principal revista dos mutantes. A premissa dessa nova roupagem é nos contar as estórias de heroísmo em larga escala do mais ousado, poderoso e perigoso time de X-Men a figurar nas páginas mutantes!

Ou será que alguém algum dia já imaginou um time com Rainha Branca, Namor, Tempestade, Magneto, Colossus (com os poderes do Fanático), Magia, Perigo e Esperança? Liderados por Ciclope, eles já chegam na voadora há no nome: “Time Extermínio” (Extinction Team). Engraçado que eu comecei a ler e colecionar pra valer gibis dos X-Men justamente durante a saga “Programa de Extermínio”, durante os anos 90; lembro-me até hoje, de quanto a temática me impressionou, pois eu ainda era um menino: pessoas tratadas como se fossem lixo, acorrentadas e torturadas, estupradas mentalmente e fisicamente no caso da Vampira.

Admito, não esperava que o garoto Scott Summers crescesse a ponto de se tornar o senhor líder de um povo. Certo, foi treinado desde a adolescência para liderar, é praticamente a única coisa que sabe fazer bem... mas, de resto, permanece um deficiente emocional, um antiquado social; também, pudera, uma infância complicada dessas – privado de seus pais, despertar desastroso de seus poderes, brinquedinho genético nas mãos de um certo geneticista do mal... Sério, não dava pra ter muita fé no sujeito. Por outro lado, ele sempre mostrou eficiência e fibra.

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O tema principal das histórias dos X-Men é o heroísmo perante um mundo que os teme e odeia, intolerância contra os mutantes; feliz ou infelizmente, a intolerância e preconceito contra os mutantes foram responsáveis por muitas das melhores estórias: Programa de Extermínio, Operação Tolerância Zero, E de Extinção, Dizimação, Complexo de Messias, Segundo Advento, Cisma, só para citar algumas. Em quantas estórias não há pelo menos um grito de “morra, mutuna!”? Quantos inocentes não foram escravizados, massacrados e mortos apenas pelo fato de terem nascido mutantes? Vale a pena mesmo lutar para proteger um mundo desses? Os X-Men acreditam que sim, mesmo que o custo para vencer seus inimigos e sobreviver ao extermínio seja alto.

Mas aí veio o tiro contra o próprio: “Chega de mutantes”.

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Uma enlouquecida Feiticeira Escarlate apagou quase que completamente o gene-X da realidade, restando pouco menos de 200 mutantes em todo mundo. É claro que o sonho de coexistência pacífica de Xavier e tampouco a supremacia mutante de Magneto tornaram-se obviamente obsoletas, então ganhou força a única visão possível perante o triste panorama: sobrevivência. Ciclope assumiu o manto, uma armadura de autoridade resoluta com recheio de dúvida e insegurança, para salvar a raça mutante da destruição. E não é que o garotinho conseguiu?

Mais um parêntese aqui: os X-Men agora trilham um caminho militarista muito semelhante ao que Cable queria implantar nos anos 90, como ficou bem claro na primeira versão da X-Force. Admito que eu simplesmente abominava essa perspectiva, uma paranoia sem sentido ao meu ver, mesmo com tanto ódio anti-mutante espreitando a cada esquina. Se não me engano, o Ciclope daquela época também condenava esse aspecto do ponto de visto de seu filho. Ah, mudança dos tempos, essa patife...

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Com os eventos do Cisma, ficarão lamentavelmente claras as diferenças ideológicas entre Ciclope e Wolverine, outrora seu tenente de confiança; o atrito entre os dois sempre existiu, mas podemos dizer que começou a fermentar pra valer naquela cena em que Logan invade a cama de Scott e Emma, pouco tempo após a morte de Jean, e o recheio desse bolo de desavenças ganhou novos sabores durante todo o período em que Wolverine trabalhou para o esquadrão assassino de Ciclope, no qual ambos concordavam com o objetivo, mas não com os métodos.

Por sinal, a partir daí que as atitudes mais questionáveis do nosso garotinho líder mutante começaram a berrar mais alto: incluir crianças na equipe assassina de Wolverine – embora Apache, X-23 e Lupina tenham insistido em participar; arriscar de forma temerária a vida de amigos em nome de sua crença cega pelo papel de Esperança no panorama de extinção mutante – crença que se mostrou verdadeira, já que as Cinco Luzes se manifestaram tão logo a messias mutante retornou ao presente – o que acabou culminando com a morte de Noturno e de seu próprio filho – embora ambos tenham se sacrificado conscientemente, compartilhando da mesma fé de Scott.


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Ou seja, da forma como enxergo, todas essas oh!, questionáveis atitudes malvadas e terrivelmente vilanescas, assumidas pelo senhor Scott Summers, foram necessárias. Aliás, da forma como enxergo, tanto Wolverine quanto Ciclope estão certos, cada um à sua maneira. Quem não quiser mais lutar e trilhar o louco caminho militarista tem todo o direito de voltar e reconstruir a escola. Embora aqueles que odeiam mutantes continuarão caçando e matando mutantes, não importa onde estejam.


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O lado "Ciclope"

Uncanny X-Men #1, com sólido roteiro de Gillen e arte sólida até demais de Pacheco, começa onde Uncanny X-Men #544 terminou – na qual vimos um teatral Sinistro divagando enigmas e um carrancudo Scott Summers escondendo suas dúvidas e temores com monossílabos. A novíssima fase se inicia com uma espécie de apresentação turística dos mais fabulosos habitantes de São Francisco: os X-Men. Um início engraçadinho para descontrair, certo. Então temos a entrada novamente teatral porém nem tão triunfal assim de um afetado Sinistro, que mata desnecessariamente dois inúteis turistas antes de adentrar em Tiamut, o adormecido Celestial de São Francisco.


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E vamos finalmente para Utopia, onde nosso intrépido líder faz sua jogada mais ousada nesses meus 20 anos de X-Men: a primeira reunião do Time Extermínio. Ora, com o Cisma e a debandada para Westchester, Ciclope consegue a desculpa para sua verdadeira ambição: liderar uma equipe verdadeiramente poderosa, capaz de lidar até mesmo com deuses num mero piscar de olhos, para atos de heroísmo em escala mundial, para proteger a raça mutante que volta a se dispersar, para proteger toda a humanidade que os odeia. E para serem ainda mais temidos por todos que querem destruí-los a todo custo.

E a resposta de Ciclope é um time hiper poderoso composto por quatro ex-vilões de moral duvidosa, uma rainha demoníaca sem alma, um colosso cuja alma pura foi maculada pelo demônio e uma criança com potencial de destruir toda a humanidade. Ainda bem que a Rainha Tempestade estava lá para questionar as palavras e atitudes do Ciclope, fazendo-o lembrar a todos que o poder corrompe, e que eles não têm o direito de errar!

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É claro que a estreia de uma nova revista em que se criou tanta expectativa não poderia ficar sem ação; após as necessárias preliminares, vamos para o óbvio chamado à aventura: Agente Brand sendo a Abigail Brand de sempre, alertando Ciclope e Emma para leituras de energia em excesso no Celestial adormecido de São Francisco; ela ensaia chamar os Vingadores, mas um confiante Scott Summers diz não ser necessário. E graças aos poderes de Magia, vamos direto para o centro do problema, onde uma tempestade energética emana enlouquecida do corpo celestial, atraindo, lógico, vários curiosos trouxas.


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Ciclope começa a dar ordens de reconhecimento da situação quando seu velho amigo em sua nova fase teatral realiza... uma nova entrada teatral. Por um breve momento, Sinistro divaga novamente em voz alta seus enigmas, e então inicia seu ataque. A partir daí é a porradaria de sempre, com fatias de fala divida mais ou menos entre os atores principais, como o flerte óbvio de Namor na Rainha Branca, Magneto vomitando baboseiras dramáticas em cima de uma sempre centrada e sensata Tempestade, Magia se preocupando com a única criatura com a qual se importa – seu irmão – enquanto Colossus conflita consigo próprio ao se transformar no Fanático, etc.
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Porrada aqui e porrada ali, Magneto mostra porque é um dos mutantes mais poderosos do universo e consegue conter o revolto corpo do Celestial, para deleite do garotinho Ciclope. Mas aí Sinistro aproveita e pousa no centro de São Francisco e transforma todo mundo em... Sinistro.


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Sério, não parece mas eu curti muito. A perspectiva de heroísmo mutante com um time cuja escala de poder é inversamente proporcional a confiabilidade de seus membros agrada em cheio aos fãs que vêm apreciando a postura mais firme e sombria adotada pelo líder Ciclope nos últimos anos. O caminho militarista que eu tanto criticava no passado torna-se dolorosamente escancarado quando os moleques que na escolinha do tio Logan seriam chamados de “alunos” aqui são chamados de “recrutas”.

Não há aqui turmas de professores e sim equipes de guerra, segurança e resgate. Novos mutantes voltaram a surgir, mas a espécie ainda não está a salvo da extinção; o mundo ainda está infestado de racistas babacas dispostos a destruir todos os mutantes; sentinelas ainda estão em circulação, disputados por governos e organizações sem escrúpulos; ameaças galáticas como os Celestiais, a Falange ou mesmo a Fênix estão vindo aí. Alguém tem de lidar com tudo isso!

E esse alguém é o Time Extermínio do líder Ciclope.

Fábio Cabral

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