quinta-feira, 10 de maio de 2012

Wolverine: Endemoniado

Se há algo que não podemos reclamar de Jason Aaron é sua capacidade de criar boas histórias com temas relativamente batidos ou utilizados à exaustão. De modo geral, os temas que ele aborda na revista do canadense mais invocado do planeta já foram tratados, de maneira similar, por outros autores. Não é a primeira vez que a máquina de matar conhecida como Wolverine perde o controle de seu corpo e passa a matar qualquer um que apareça na sua frente. Mas a forma como Aaron trata do tema é extremamente elogiável. O resultado está em Wolverine 88 e 89.

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“Wolverine Vs X-men” começa exatamente onde termina o arco anterior, “Estrada Para o Inferno”: Logan consegue sair do inferno, mas o exorcismo da legião de demônios que o possuiu não foi completo. Mais uma vez, Logan terá que lutar pelo controle de sua mente.

E se a mente está uma bagunça, o mundo real está pior. Enquanto Logan não assume o controle das coisas, quem está no comando é a legião, que parte para cima de Melita, Mística, Hellstorm, Johnny Blaze, Dany Ketch, Ciclope, Namor, Magneto e Emma. Uma briga envolvendo seres desse porte só pode resultar em muitos prédios destruídos em São Francisco.

Ciclope reluta em deixar a situação sob o comando de Hellstorm. Obviamente, Summers tem um plano. Ele não ia trazer Namor e Magneto sem um motivo. Mais uma vez, Ciclope se torna cada vez mais parecido com seu mentor. Talvez até pior, porque o resultado do protocolo referente à contenção de Wolverine é bem melhor. Mas apesar dos problemas, Scott deixa Hellstorm assumir, inicialmente, a situação.

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Porém, o poder de Daimon combinado com os do Motoqueiros Fantasmas não é páreo para a legião de demônios que habitam o corpo de Logan (esqueça a Mística, essa já caiu fora). E os X-Men entram na jogada. Summers não se sente confortável em destruir seu comandado, mas Emma o aconselha que essa é a melhor coisa a ser feita. Ao dar a ordem, Magneto e Namor começam a executar o plano.

Mas, por incrível que possa parecer, o plano de Ciclope falha. Isso mesmo, pessoal. Ciclope, o super estrategista mutante, errou. Obviamente, ao ter constatado que o problema envolvia outras forças, deveria ter convocado seus “especialistas” em seres malignos (no caso, a Fada e/ou Magia), mas preferiu insistir no seu protocolo. A legião que habita o corpo de Logan derrota facilmente o rei dos mares e o mestre do magnetismo.

Obviamente, Ciclope tem um plano B que consiste em sobrecarregar o fator de cura de Logan para que ele, o General dos Mutantes, dê o golpe fatal. O plano será executado por Dr. Nêmeses e Fantomex. Novamente, Ciclope só se preocupa com a parte externa, enquanto a real batalha acontece no interior de Wolverine.

No seu interior, Logan arma um enorme exército composto por diversos momentos de sua vida. Caolho, James Howlett, Arma X, Guerra, dentre outros, são convocados para fazer frente à legião. A luta é de proporções gigantescas (não que eu ache Daniel Acuna ruim, mas esse arco merecia um outro tipo de desenhista). Interessante notar as coisas que Jason Aaron resgata.

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Melita se desespera cada vez mais com a situação. Principalmente com fato de que Ciclope já desistiu de tentar salvar Logan. Chega ao cúmulo de ameaçar Emma para tentar salvar seu namorado. Porém, nem todos os X-Men acham que o caso está perdido. No caso, Vampira, Tempestade, Lince Negra, Jubileu. Mulheres que fariam tudo por Logan, simplesmente porque sabem que Logan faria tudo por elas.

Então, um plano ousado é executado. Tempestade irá conter o Wolverine externamente. Melita, Vampira, Jubileu e Lince Negra, com ajuda de Emma Frost, invadem a mente de Logan, para confrontar o exército da legião. Mas ao que parece, nem toda a ajuda desse mundo é suficiente para deter os inúmeros demônios que habitam o corpo de Wolverine.

E justamente por isso, Kurt Wagner (ou melhor dizendo, uma lembrança que Logan tem do seu melhor amigo) resolve abrir a porta mental de Logan que contém um grande poder: O poder da Fênix.

Durante o quebra, Aaron aproveita para mostrar um pouco de sua interpretação do que seria a mente de Wolverine. E isso gera situações engraçadas (impagável a parte da sala de fantasias sexuais do canadense, dos usos da sala de perigo e como ele rouba no jogo), trágicas (Kitty viu o resultado da incursão de Logan pelo Sanatório Dunwich) e comoventes (Melita descobre o verdadeiro amor de Logan).

Enquanto o que restou da mente de Logan é visitada pelas suas colegas de equipe, a situação no mundo material é preocupante. E a chegada de Dr. Nêmeses e Fantomex acaba por deixar os ânimos (principalmente de Tempestade) ainda mais exaltados. Porém, Nêmeses só tem autorizam para matar um X-Man hoje. Terá que aguardar a saída das X-Women da mente de Logan.

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A feroz batalha pelo corpo de Logan prossegue e ganha o reforço de dois entes queridos muito importantes para o canadense: Kurt Wagner e Jean Grey. Apesar de não serem os reais personagens, eles são extremamente necessários para deter a legião que habita Logan. O primeiro passo é Jean expulsar as colegas de Wolverine de sua mente. Com Melita e as X-women fora, ciclope dá a ordem para Nêmeses e Fantomex iniciarem o ataque bacterial.

No interior, Logan é questionado por Jean se ele quer viver. No início, aparentemente ele quer jogar a toalha, mas ao ver o número de pessoas que precisa matar, encontra algum significado para sua existência. E as chamas da Fênix aniquilam todos os demônios. Logan agora só esta á mercê se seus próprios demônios.

Ao voltar ao comando de seu corpo, a primeira coisa que Logan diz é “Jean”. E isso impede Cike de desferir o golpe final. Logan foi salvo.

Logan retorna para Utopia, mas não por muito tempo. Novamente, Wolverine parte em uma nova busca. Tal fato só faz Kurt Wagner lamentar a teimosia do amigo. As parcelas da alma de Logan se perguntam quando vai recomeçar a construção do lugar (no caso, a mente do Logan). Mas parte selvagem só tem um pensamento: Vingança.

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Poucos arcos me deixaram tão empolgados quanto este. Sensacional a forma como Aaron conduz o mutante mais mortífero do planeta. Aaron ficará lembrado como um dos maiores roteiristas que passaram pela revista. E as capas estão muito boas, fortes canditadas ao Troféu 616. Um arco excelente, que só peca pelos desenhos.

Rafael Felga

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