terça-feira, 12 de junho de 2012

Geração Esperança: Primeira missão, primeiro parto, primeiro julgamento

Como vimos há algum tempo, a messias mutante Esperança Summers teve autorização de Ciclope para formar sua própria equipe, composta pelas “Cinco Luzes”, a fim de localizar e resgatar as futuras “luzes” – isto é, os próximos mutantes que venham a surgir após o Dia M. Mas a primeira missão da equipe, como o título bem ilustra, acaba sendo um tanto mais complicada do que o esperado...



Até agora, apenas seis mutantes haviam surgido após o Dia M (e todos eles fazem parte do esquadrão de Esperança, inclusive ela mesma). Curiosamente, todos eles sentem quando um sétimo mutante surge. É um mistério que por ora os jovens colocam de lado enquanto partem para um hospital na Alemanha, acompanhados por sua nova supervisora, Kitty Pryde – depois do “Segundo Advento”, Ciclope não considera Vampira confiável e suspeita da influência que Esperança pode estar exercendo sobre a sulista.

O que deveria ser uma missão simples – encontrar, tocar e estabilizar o novo mutante – se mostra bastante surpreendente. Isto porque na verdade o novo mutante ainda não nasceu! Sim, trata-se de um bebê ainda na barriga da mãe, com medo do mundo fora do útero, mas não o subestimem: o pequeno foi capaz de deixar inconscientes todos no hospital e imediações (Esperança e sua equipe só permaneceram conscientes através dos construtos tecnorgânicos de Kenji Uedo), e assim que se sentiu ameaçado, transformou todos (inclusive Kitty) em zumbis comandados para deter os seis mutantes!



Atacar os cidadãos zumbificados não seria correto, já que eles são inocentes; atacar o bebê ou a mãe... bom, esta não é a revista da X-Force. Resta tentar se comunicar com o bebê e convencê-lo de que vale a pena nascer. O que se segue é um dos momentos mais hilários do ano (sim, no meio da ameaça dos zumbis), em que os jovens mutantes se comunicam com o bebê via implantes neurais do Kenji. A tentativa de Esperança falhou, mas até que não foi ruim. Já seus colegas... vejam alguns trechos (e lembrem, é com um bebê que eles estão falando):

Laurie Tromette (que por sinal mostrou a capacidade de alterar seu corpo dependendo da necessidade aerodinâmica): “Basicamente, a Alemanha continua sendo a maior potência da União Europeia, essencial pro futuro. O sistema educacional é excelente, os salários e o tempo de férias são altamente atrativos pra classe trabalhadora. Suas regiões (...)” (Já cansou? Eu já.)

Idie Okonkwo: “Se você nascer, pode ser batizado. Aí, quando morrer, talvez não vá pro inferno.”

Kenji Uedo: “Hnf. Como se eu fosse te convencer a vir pra este mundo.”



Quando tudo parecia perdido, o selvagem Teon sinaliza que quer falar com o bebê. E não é que dá certo? A simplicidade do jovem permite que ele se expresse de forma clara ao futuro mais novo mutante, destacando que o nascimento é a chegada de um novo mundo, onde ele poderá comer, lutar, acasalar (vamos ignorar que ele está falando de acasalamento pra um bebê...); enfim, viver. E com isso, a criança para de resistir, libera suas vítimas do controle mental e... nasce.

Infelizmente, mal um problema é resolvido, surge outro: na saída do hospital, Kitty informa que os pais de Teon entraram com uma ação legal para levá-lo de volta. Cabe aos X-Men provar que ele está melhor em Utopia, mas como fazer isso quando ele se comporta como um selvagem incapaz de expressar sua opinião? Para Esperança, Teon só precisa da motivação certa, mas a advogada Evangeline Whedon(resgatada da série Xtreme X-Men, lembram?) acha que o júri verá apenas um animal sem vontade própria.



Antes do julgamento, os jovens mutantes enfim discutem os codinomes que adotarão: o empolgado Gabriel Cohuelo escolhe Velocidad para si, e de quebra escolhe um codinome para Teon, Primal. Laurie é Transônica, Kenji é Zero e a católica Idie surpreende ao se denominar Oya, deusa ioruba do fogo. O codinome de Esperança Summers? Esperança. Dã.

No julgamento, finalmente conhecemos a história de Teon: seu sobrenome é Macik e era ótimo com computadores, até que um dia seu lado selvagem surgiu e ele fugiu. A partir daí, ele passou a migrar, caçar comida e buscar parceiras de acasalamento como um animal, até invadir um aeroporto e embarcar para Miami.

Então, Teon salta para perto do juiz. E para surpresa geral (inclusive dos leitores), ele fala. Mas não suas típicas falas de “Comer. Lutar. Acasalar”, e sim um discurso eloquente, explicando sua mutação: seu raciocínio se baseia no uso de seus hiperinstintos para entender o mundo moderno; seu modo de agir pode não ser convencional, mas proporciona respostas excelentes para seus problemas. Diante de uma geladeira, ele instintivamente escolherá os alimentos com os nutrientes exatos de que precisa; diante de um tribunal... ele é capaz de se exprimir e argumentar com palavras.



Teon deixa claro que ama seus pais, mas já não é mais quem eles conheciam. Ele agora vive uma nova realidade. E é feliz assim.

O júri e o sr. e sra. Macik se convencem pela explicação de Teon. Laurie e Kenji, não. Os dois conversam sobre como as Luzes se comportam de forma diferente em relação à Esperança, e começam a questionar se eles estão realmente fazendo o que querem ou tendo suas vontades manipuladas pela messias mutante.



É com essa dúvida que acaba este arco cheio de surpresas, publicado nas edições 124 e 125 de X-Men Extra, escrito por Kieron Gillen e ilustrado por Salvador Espin. Terror, humor, mistério e drama; este arco trouxe um pouco de tudo isso, de formas inusitadas. Se as histórias de Gillen estão agradando, vai da opinião de cada um, mas há que se reconhecer que ele tem se esforçado em não seguir fórmulas e apresentar um trabalho original, com personagens complexos.

Fernando Saker

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