quarta-feira, 10 de outubro de 2012

X-Men Legado: Mil e uma utilidades (e personalidades)

Após o fim da alteração da realidade conhecida como Era X, o mutante conhecido como Legião descobriu que seis de suas inúmeras personalidades ganharam corpos próprios e estão à solta pelo mundo. Assim, neste novo arco de Mike Carey e Khoi Pham, publicado em X-Men Extra 127 a 129, os X-Men partem para recuperar essas personalidades antes que elas criem problemas. Mas a tarefa é mais difícil do que pode parecer.



Desde que Vampira tornou-se a protagonista de X-Men: Legado, uma reclamação constante dos leitores dizia respeito ao fato de uma revista que deveria representar o legado dos X-Men ser usada como uma revista solo da personagem, algumas vezes focando mais nos dilemas amorosos da X-Woman do que no desenvolvimento que outros personagens poderiam (e precisavam) receber. Talvez levando isto em conta, Carey usou a fase pós-Era X para estabelecer uma equipe central de personagens: agora, Vampira divide espaço com Gambit, Magneto, Frenesi, Professor X e Legião.

Estes são os seis mutantes que partem em jornada para localizar as personalidades de David Haller. A escolha de personagens acaba sendo interessante, permitindo interações novas entre eles (por incrível que pareça, o triângulo amoroso Gambit-Vampira-Magneto não é um foco da equipe) e abrindo espaço para que os leitores redescubram figuras que hoje se encontram em novas situações, como o ex (?) insano e atualmente heroico Legião, e a ex-terrorista atualmente em busca sincera de redenção (?) Frenesi.



Os conflitos com as seis personalidades fujonas do Legião também se mostram interessantes: afinal, tratam-se de batalhas que não podem ser vencidas pelos métodos convencionais. Como vencer, por exemplo, alguém que pode se mover na quarta dimensão ou transformar a população de um bairro inteiro em seus clones? Vale a pena enfrentar um inimigo que precisa ferir a si mesmo para lutar – e que, ao ser ferido, causa o mesmo ferimento a seu oponente? E haja coração de pedra pra vencer uma feliz garotinha sabendo que, para desarmá-la, é necessário fazê-la chorar...



Paralelamente a tudo isto, há ainda a trama envolvendo Rachel Summers (ou Grey?), atualmente em Utopia na forma de uma projeção psíquica prestes a desaparecer. Numa interessante e criativa história secundária desenhada por Steve Kurth, vemos Rachel desde sua chegada até a recente conversa com Vampira de trás para a frente (ao estilo Amnésia). A boa notícia: agora os X-Men sabem que Rachel (assim como Destrutor, Polaris e Korvus) está num quadrante do Império Shiar. As más notícias: eles estão no meio de uma guerra e, com o problema das personalidades do Legião, a mutante sulista não tem como ir atrás de seus amigos por ora.



Após a captura de três personalidades (e o suicídio de uma quarta), o esquadrão de Legião se viu com duas baixas: Vampira foi gravemente ferida em batalha, e Xavier, sequestrado pelo perigosíssimo Estige. Apesar disso, os quatro mutantes remanescentes rumaram ao encontro de Estige, num confronto cheio de reviravoltas, algumas inteligentes (digamos que uma envolvia o poder de uma das personalidades capturadas, que já havia sido mostrado antes aos leitores), outras apenas confusas. Embora Estige quase tivesse transformado vários civis, Xavier e Legião (que na verdade não era o Legião, e sim Vampira... longa história) em carcaças ambulantes, ele acabou aprisionado de volta na mente de David (juntamente com a mente de Vampira, devidamente solta pelo Professor X).

O primeiro arco de X-Men: Legado como uma revista de equipe não acabou aí: de posse dos poderes de algumas personalidades de Legião, Vampira decide partir em busca de Rachel. Xavier pede para ficar com seu filho, ainda não recuperado do choque psíquico da reabsorção de Estige; a sulista então usa os poderes absorvidos para localizar Rachel e teleportar o restante do grupo para o local. Apenas para se ver cercada por Shiars armados...



No fim das contas, a abordagem de uma equipe dá um novo fôlego para X-Men: Legado; apesar disso, ainda fica uma certa impressão de que a história continua “Vampirocêntrica”. Longe de mim reclamar da Vampira, ela é uma personagem bastante carismática e de quem gosto bastante, mas numa equipe de super-heróis é sempre bacana distribuir a atenção entre todos e permitir que cada um tenha seu momento de destaque. Na minha opinião, a recém-reformada Frenesi é uma que se mostrou bastante interessante nos momentos dedicados a ela; torço para que Mike Carey aos poucos consiga desenvolver ela e os demais personagens, dando assim uma maior variedade à série. Com a possível entrada de Rachel, Polaris, Korvus e Destrutor, novas opções de roteiro e interações entre os personagens não devem faltar...

Fernando Saker

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