segunda-feira, 4 de março de 2013

X-Men e Fundação Futuro: Traição no Triângulo das Bermudas

* Artigo escrito por nosso colaborador, Carlos Andre

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É a proposta da revista do Victor Gischler em sua fase nos X-Men, colocar o grupo envolvido com os demais personagens do universo Marvel. Após Blade, Homem-Aranha e a Nova Motoqueira Fantasma, foi a vez do grupo ter uma baita aventura com ninguém menos que a Fundação Futuro... inclusive com participação do Doutor Destino.

A Fundação Futuro foi criada por Reed Richards para garantir o futuro da humanidade e com isso admitiu até uma aliança controversa com Victor Von Doom. Trata-se do grupo (e título) que substitui o outrora Quarteto Fantástico, após a morte do Tocha Humana. E eles é quem interceptam um pedido de resgate em uma bóia sinalizadora no Triângulo das Bermudas. O pedido é direcionado a Scott Summers e Magneto, o que justifica a união entre os dois grupos. Então Reed, Ben, Destino e Sue mais Ciclope, Emma, Wolverine, Magneto, Dr. Nêmesis e Fada estão presentes nesta missão de resgate.

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O pedido de resgate foi enviado pela Capitã Lee Forrester, antiga namorada de Ciclope e Magneto. O seu navio de exploração, Nostromo, das “Empresas Stanis dlaus”, ficou preso em uma dimensão adjacente ao Triângulo das Bermudas. A pedido de Ciclope, Fada teleporta a todos diretamente a um navio da Fundação ancorado naquela região. Lá, um submergível capaze levá-los ao seu destino final está preparado para recebê-los e a jornada começa.

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Algumas escaramuças acabam sendo inevitáveis como a que ocorre entre Logan e Ben, com um questionando ao outro como seus respectivos arquiinimigos se tornaram aliados, referindo-se a Magneto e Destino e entre Dr. Nêmesis e Richards, envolvidos numa guerra de egos particular do tipo “quem tem o maior”. Então, a viagem se torna mais acidental do que o esperado, pois o portal capaz de acessar a outra dimensão pode mudar de posição a qualquer momento e, quando ele é alcançado, a transição não é nada suave. Com isso, o submergível quase afunda, o que acabaria ocorrendo se Sue não utilizasse seu campo de força para tapar os vazamentos e Magneto os seus poderes magnéticos para conduzir o submergível até a superfície.

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A chegada é abrupta e o submergível acaba sofrendo muitos danos. Ben é o primeiro a abrir a escotilha para o exterior e dá de cara com uma criatura bastante semelhante a um alossauro que começa a atacá-lo. Ben realiza uma tentativa desastrada do “arremesso especial” com Logan para logo em seguida Ciclope rechaçar a criatura com uma rajada de seus raios óticos. Reed avalia os danos que o submergível sofreu e disse que o conserto será demorado, mas possível. O grande desafio, segundo ele, será reabrir um portal dimensional estável para que todos possam retornar para casa.

Ciclope toma a frente da missão e começa a dar ordens e dividir equipes de busca. Ele lembra que, por mais que todos precisem ser resgatados, essa ainda era uma missão de resgate. Reed e Nêmesis ficam encarregados de cuidar do portal dimensional e Magneto fica para resguardá-los; Fada, Coisa e Wolverine se dirigem a uma espécie de templo em forma de pirâmide através dos poderes de teleporte dela; Von Doom resolve fazer um reconhecimento aéreo sozinho e Ciclope, Emma e Sue vão por terra.

Fada, Logan e Ben chegam próximo ao topo do templo e presenciam do alto uma batalha desigual dos nativos contra rivais muito melhor equipados tecnologicamente. “Só pra variar, seria tão legal topar com uma galera abrindo barril de chopp e fazendo churrasquinho”, diz Logan e logo todos são atacados por uma espécie de tanque de guerra em formato aracnídeo. Os heróis revidam, a batalha toma outro rumo e os nativos são salvos. Entre os nativos, está um velho amigo de Ben, que enviou o pedido de socorro há três anos: Skull, o Chacinador, que chegou a ter uma série própria lá nos anos 70 pela Marvel. Trata-se de James Patrick Scully (e não Mike Scully, viu, Panini?), um aventureiro que, ao sobrevoar o Triângulo das Bermudas, foi parar nesta mesma dimensão há muito tempo atrás e que foi resgatado pelo Coisa.

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Ciclope descobre uma trilha na floresta e conduz Emma e Sue até uma cidade de tecnologia muito desenvolvida, que provavelmente abriga o mesmo povo que atacou os nativos defendidos por Logan, Ben e Fada. Enquanto isso, Scully relata a eles o que houve nos três últimos anos: George Stanislaus, industrial bilionário, contratou-o como guia para trazê-lo àquela dimensão para explorar os recursos naturais de um mundo selvagem sem nenhum impedimento legal e Lee Forrester foi contratada como capitã do navio da expedição.

O portal dimensional que atravessaram estava instável e o navio só não foi destruído devido à experiência de Lee. A tripulação sobrevivente não durou muito e só restaram Lee, Scully e Stanislaus. Eles construíram uma bóia sinalizadora aproveitando partes do navio e despacharam-na através do portal dimensional, torcendo pra que alguém a encontrasse. A ausência de notícias fez com que fizessem suas vidas por ali, Scully se tornou líder dos nativos e Stanislaus se afastou por conta própria por não suportar ficar em segundo plano. Scully estava preocupado com Lee, que tinha saído há uma semana para recrutar aliados contra os Scorpius, a raça que acabou de atacá-los e deveria ter voltado no dia anterior. Ele pede ajuda para ser acompanhado selva adentro e localizá-la.

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Ciclope, Emma e Sue se dirigem até a entrada da cidade que encontraram. Lá são recepcionados pelo próprio Stanislaus, que se tornou aliado dos Scorpius. Eles são provenientes de outro mundo e querem “civilizar” este em que se encontram, segundo suas próprias palavras. Ciclope não se impressiona com o discurso e diz que só está interessado em encontrar os demais sobreviventes ou o que restar deles. Stanislaus decide levá-los até o Imperador da raça invasora mas tudo não passa de uma emboscada, em que todos são facilmente derrotados por este Imperador e sua guarda, que dispunham até de dispositivos capazes de anular a habilidade de cada um. A explicação pra essa facilidade toda é que Destino se antecipou a todos e forjou um pacto com os Scorpius para conquistar a nossa dimensão.

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Enquanto isso, Reed liga para Ben atrás de notícias sobre o grupo que acabou de ser capturado, já que Magneto perdeu o contato telepático com Emma Frost. Ben disse que também não sabia de nada, conta que reencontrou Scully e que agora estão todos juntos à procura de Lee Forrester. Uma rápida confabulação ocorre entre Reed, Magneto e Nêmesis e este conta que, apesar de ser possível reconstruir um portal com algumas peças aproveitadas do submarino, é impossível energizá-lo o suficiente devido ao primitivo estado tecnológico daquele mundo.

Scully, Ben, Logan e Fada chegam diante de uma ponte que leva à região habitada pelos Kaddaks, que são uma espécie difícil de lidar mas com o potencial de se tornarem ótimos aliados. Scully conta que é por isso que Lee se arriscou a ir até lá. Logo eles são atacados nessa ponte por Kaddaks cavalgando pterodátilos. Wolverine consegue trazer a luta para o solo e uma batalha se inicia, mas é interrompida abruptamente por outra espécie de Kaddaks com poderes mentais que condena todos à morte. Felizmente, Lee aparece para salvá-los e conta que conseguiu um tratado de paz com eles.

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O exército dos Scorpius avança sobre o planeta e Destino se encontra ao lado do Imperador. Ao ser questionado por Destino sobre como arranjariam uma fonte enérgica significativa para atravessar o portal, o Imperador resolve dar uma demonstração de suas habilidades: a antiga tecnologia de sua raça o unificou a este mundo e a terra obedece à sua vontade, apesar de ser exaustivo para ele.

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Com os ânimos apaziguados, os Kaddaks começam a explicar aos demais que os Scorpius originalmente chegaram a este mundo como exploradores mas logo se revelaram como opressores. O poder mental dos Kaddaks era capaz de rivalizar com a tecnologia deles mas ela se aprimorou o suficiente para criar uma barreira psíquica impenetrável em volta da cidade e nada mais restava a não ser observar e aguardar. Assim, está explicada a razão da perda de contato com o grupo que se dirigiu até lá.

Lee sugere formar uma equipe de reconhecimento para descobrir os pontos fracos daquele lugar antes de partirem para a ofensiva e Fada teleporta a todos para o limite externo da barreira psíquica da cidade alienígena. Chegando lá, Ben avisa a Reed que eles estão prestes a entrar na cidade e uma equipe local de sentinelas é facilmente derrotada já que grande parte do exército se encontra em marcha. Ao tomarem conhecimento disso, a equipe parte para uma ofensiva direta nos portões da cidade para encontrar os outros e detonar qualquer coisa que se pareça com um projetor de barreira psíquica.

A informação do ataque chega ao Imperador e ele resolve cuidar pessoalmente da situação. Ele emerge através do solo da cidade e domina Logan, Ben e Scully. Fada e Lee escapam e decidem agir de forma sorrateira para libertar a todos e derrubar a barreira psíquica antes de enfrentarem novamente o Imperador e seus asseclas. Com a paciência no fim, Magneto resolve investigar pessoalmente a situação e deixa Reed e Nêmesis cuidando da construção do portal. Ele não demora a confrontar Destino, que está ao lado de um destacamento do exército invasor. Magneto exige uma explicação e Destino se livra facilmente do exército que o acompanhava e diz que a única chance de salvar a todos e deixar esta dimensão é confiar nele sem hesitar e a situação chega a um impasse.

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Destino conta que foi necessário enganar os Scorpius para achar uma fonte de energia capaz de acionar o portal. Para que a farsa seja mantida, ele pede que Magneto o atinja para valer, o que ele faz com um sorriso no rosto. Da cidade, o Imperador parte novamente para a linha de frente do exército. Scully percebe que a bola de cristal usada na armadura do vilão é da mesma tecnologia do seu próprio cinturão de força mas bem menos poderoso.

Fada e Lee encontram o Centro de Detenção e não demoram a invadi-lo. Os dois guardas que lá se encontravam são derrotados rapidamente e elas encontram Scott, Emma e Sue. No submarino da Fundação Futuro, Reed e Nêmesis assistem impotentes à chegada do exército Scorpius. Só resta a eles enviar uma desesperada mensagem de emergência. A notícia da invasão ao Centro de Detenção chega à cidade e, temendo a ira do Imperador, o Comandante decide executar Ben, Logan e Scully. Magneto chega a tempo e salva a todos. Sue, de tão furiosa, bota os muros do Centro de Detenção abaixo e o gerador de barreira psíquica também. Isso quer dizer que agora os Kaddaks podem invadir a cidade e eles não desperdiçam a oportunidade. Emma restabelece a comunicação psíquica com todos e sugere que saiam dali o quanto antes.

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Enquanto isso, Reed tenta ganhar tempo com o Imperador, dizendo que lutar é inútil se não há como energizar o portal dimensional, mesmo com ele concluído. Destino chega logo a seguir, ferido por Magneto, mas o Imperador não cai no seu engodo e logo o ataca. Mesmo subjugado, Destino diz que tudo correu exatamente como ele queria e que já tinha aprendido tudo o que precisava sobre a raça invasora.

Nesse momento crucial, os demais heróis chegam ao submarino e começam a enfrentar o Imperador e seu exército numa batalha final. Magneto derruba todas as naves e o Imperador, enlouquecido de ódio, agarra alguns dos combatentes em sua forma de“árvore”. Sue o envolve em um campo de força e uma rajada de Ciclope o faz libertar seus cativos. Destino tem um plano mas diz que todos precisam trabalhar juntos. Ele conjura um feitiço e pede que Sue o envolva em um campo de força e entregam a Logan. Reed e Ben fazem um novo “arremesso especial” com ele, que atira o feitiço pra dentro da goela do Imperador. O estratagema funciona, o Imperador fica aturdido e unido para sempre ao planeta naquela forma de “árvore” quando Destino se apossa do globo que continha o seu poder. Ele logo percebe que é através deste artefato que o portal dimensional poderá ser energizado o suficiente para uma única viagem através do portal dimensional.

Ciclope ordena que Destino não fique com o globo e Reed faz coro, dizendo que ele é poderoso demais para ser trazido à Terra. Surpreendendo a todos, Destino concorda que o melhor é que o globo seja destruído (ou então já sabia o que precisava saber a respeito dele e por isso, concordou). Scully intervém e pede para ficar com ele e utilizar o seu poder, já que pretende ficar para continuar a luta contra os Scorpius, que não devem facilitar as coisas mesmo sem o seu Imperador. Ele pede também que Lee fique com ele e ela aceita. A missão de resgate, mesmo não havendo resgate nenhum, chega ao fim e o submarino com os X-Men e a Fundação Futuro consegue chegar à nossa dimensão.

Reed fica satisfeito com os resultados da operação conjunta dos X-Men com a FF, Emma pega no pé de Ciclope ao afirmar que Lee é muito heróica mas não tem a menor condição de se vestir daquele jeito, de biquíni (“nem percebi”, ele responde), Ben se despede de Logan e este responde que eles estão em “equipes demais”. Destino e Magneto travam um último diálogo. Este diz que ficou surpreso por ele desistir tão facilmente do globo. Regeneração não é um processo tão simples, acrescenta. Destino, ao se retirar, não perde a oportunidade de se fazer superior a Magneto e diz que “então creio que o heroísmo seja mais natural para alguns do que outros”.


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O arco foi escrito por Victor Gischler e desenhado por Will Conrad (parte um) e Jorge Molina (parte dois, três e quatro), foi publicado originalmente nos EUA em X-Men 16 a 19 e publicado no Brasil em X-Men 133 e 134 (Panini). Nesse arco de histórias, Gischler contou uma trama interessante, ainda que na maior parte do tempo previsível, com bons momentos como a troca de farpas constante entre Reed e o Dr. Nêmesis, a interação de Ben com Logan, de Magneto com Destino, a volta de personagens que há muito não eram vistos, como Lee Forrester ou mesmo esquecidos, como Skull, o Chacinador e que formaram uma dupla que funcionou muito bem durante a história e a resolução de ambos ficarem na outra dimensão me pareceu coerente e, quem sabe, teremos novas histórias sobre eles no futuro. Além disso, não sei se foi “furo” do roteiro ou uma ponta solta o sumiço do Stanislaus, que não apareceu mais no arco desde a última vez em que foi visto ao lado de Destino no capítulo três. Será que ele se tornará o novo “imperador” dos Scorpius? Aliás, que nomes horríveis: Scorpius, Kaddaks!

O desenhista Jorge Molina fez sua parte com competência, mas achei que faltou um pouco de criatividade no visual de Lee, praticamente idêntico ao de Shana, esposa de Kazar, dos Scorpius, que achei parecidos demais com os Badoons, uma semelhança incômoda dos animais da “outra dimensão” com os do filme “Avatar” e do restante do lugar com o da Terra Selvagem. Eles bem que poderiam ter se esforçado mais pra criar um cenário de “mundo perdido” menos clichê.

Outro senão foi ver que a história se passava em um período anterior ao Cisma, que tinha acabado de ser concluído na edição anterior ao início deste arco no Brasil e também anterior ao das histórias atuais da FF e não vi nenhuma nota explicativa da Panini avisando. De início, achei que tinha sido vacilo da editora mas vendo os créditos de quando o arco foi publicado originalmente lá fora, vi que lá terminou em defasagem cronológica também. Imagino, então, que quando saiu a primeira parte do arco nos EUA, ela estava alinhada com as outras revistas mas quando saiu a última o contexto atual dos grupos já tinha mudado completamente.

Noves fora isso tudo, foi um arco “legal” de se ler, com o mérito também da narrativa ser fluente, sem enrolações, diferente de outros autores que ficam arrastando o desenvolvimento da história e só fica bom no último capítulo (ou não). Alguém se lembrou do Mike Carey ou do Greg Pack? Talvez seja um ponto interessante de debater, se os leitores preferem um ou outro tipo de arco de histórias.

Carlos Andre

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