quarta-feira, 10 de abril de 2013

Atenção! Há um DCnauta perdido no Cosmo Marvel!

* Atenção! Informações inéditas no Brasil e EUA!

Guardians

Tudo começou como uma brincadeira. Certa noite chamei o Coveiro no Facebook e lhe disse "e se eu escrevesse uma crítica de Guardians of the Galaxy para o Marvel616 dando a visão de um 'decenauta' sobre este lançamento da Marvel?". Risadas se seguiram. Coversa fiada foi jogada fora. Mas estava decidido. Um decenauta inveterado pegaria nas mãos a revista mais vendida do mês de março nos EUA - e seu prólogo, Guardians of the Galaxy 0.1 - para ler e resenhar para este site.

Sou Felipe Morcelli, do site Terra Zero, especializado em DC Comics e suas franquias, no ar há mais de cinco anos e parceiro do Coveiro e do Marvel616 desde que fizemos, junto da Comix e da Panini, a primeira SPCON ano passado. E sim, hoje é dia de falar de Marvel, bebê.

Apesar de sempre ter sido grande fã de Adam Warlock, Thanos e toda a trilogia do Infinito feita por Jim Starlin, confesso não conhecer muito do universo cósmico da Marvel. Quando Aniquilação começou a sair por aqui em 2007 comprei as edições para entender melhor a visão moderna deste universo na editora, mas... bem, as revistas estão na pilha de leitura até hoje. Então peguei Guardians of the Galaxy totalmente às cegas. Como e quem são estes personagens? Qual a função deles na cronologia da editora e, especialmente, como um título protagonizado por terciários se tornou a revista mais vendida do mês passado lá na terra do Tio Sam?

Galaxy

A parte da "função deles" ainda não está totalmente clara, mas todas as outras perguntas foram respondidas apenas com duas edições. E de forma clara. Brian Michael Bendis não é um escritor de sucesso à toa (e muito amigo de vários profissionais da DC, diga-se de passagem, ficando a torcida para que um dia ele e Geoff Johns façam um grande crossover entre as duas editoras). Assim como sua contraparte decenauta (Johns), ele tem a capacidade de pegar personagens marginalizados, independentemente de suas origens, e transformá-los em ícones modernos.

Claro, ninguém esperava que Guardians of the Galaxy tomasse o topo das vendas num mercado tão competitivo e com tantas franquias mais bem estabelecidas (Homem-Aranha, Batman, Lanterna Verde e X-Men, só pra citar alguns), mas isto também tem suas explicações. Além do nome de Bendis e do grande desenhista Steve McNiven estarem envolvidos, há um hype em torno do vindouro filme destes heróis - o que por si só já é bastante audacioso - e a própria Marvel entrou na onda dos estúdios cinematográficos responsáveis por esta produção, fazendo então seu próprio marketing bombástico em cima do título. E deu certo, não só pelo marketing, mas pela apresentação que a dupla criativa deu no prólogo do título principal: Guardians of the Galaxy 0.1.

Curiosamente há muitos conceitos utilizados na origem dos personagens que lembram a Legião dos Super Heróis da DC. O futuro é o século XXXI, há planetas unidos em prol de um objetivo comum... Cópia? Ou mera homenagem? Sabendo que Bendis é um leitor DC declarado prefiro ficar com a segunda opção.

Galaxy

O bacana deste prequel é que ele dá um tom quase romântico ao nascimento de Peter Quill, e tem um mérito ainda maior por utilizar uma jogada narrativa que foi imortalizada nos cinemas pelo grande Alfred Hitchcock em Psicose: matar o protagonista no meio da história, fazendo a narrativa ter um giro de 180º e surpreender o espectador ao eliminar quem criou a conexão entre ele e a ficção.

Todo o começo da história gira em torno da mãe de Peter, seu romance com o alienígena J'son de Spartax e sua consequente gravidez. Passados 10 anos, o garoto é forçado a ser protagonista ao ver sua mãe ser assassinada pela raça alienígena Badoon, que está em busca do legítimo herdeiro do trono de Spartax.

Peter foge por sua vida, mata os alienígenas com um baita trabuco e encontra uma arma que seu pai deixara no fundo do armário da mãe. Aquele artefato alienígena lhe dá uma visão. Anos se passam. Peter é adulto, astronauta da NASA e conhecedor de vidas alienígenas. Um novo grupo é formado por asseclas que ele recolhera planetas afora: Os Guardiões da Galáxia. Para dar credibilidade ao grupo - e também ao título, editorialmente falando - Tony Stark se torna integrante deles e uma grande aventura se inicia.

O maior mérito deste prequel e, consequentemente, da edição de estreia do título, é o dinamismo com o qual Bendis conta a história. O autor se utiliza dos elementos mais clássicos da jornada do herói e consegue ganhar a empatia dos leitores com todos os personagens. Do líder do grupo a Drax, o Destruidor, passando por Gamora e pelo Rocket Racoon, tudo é interessante nas revistas. O conceito, as aventuras estelares, o mergulho no desconhecido da imensidão espacial... e cada um destes elementos é regado pela experiência de Bendis em contar boas histórias.

Galaxy

Ainda é uma surpresa que um título como este tenha derrubado as maiores franquias americanas no mês de março, mas não é surpresa que ele tenha sido feito por profissionais talentosos e com muito carinho.

Os Guardiões precisavam de um momento para ficar. E o momento é AGORA!

Felipe Morcelli
Viajante do Multiverso e Editor do TerraZero

*Nota do Editor: Dificilmente, fazemos resenhas de revistas US aqui no site, mas duas coisas me convenceram a isso. Uma é que o fato de Guardiões ter sido a primeira do ranking merecia uma nota aqui, que até deixamos passar, mas o Felipe prontamente se ofereceu para fazê-lo nesta sua resenha. A segunda é que fazer o felipe, um cara nascido no berço da Distinta Concorrência, daqueles caras que se enrolava na toalha com símbolo do Superman quando saia do banho quando pequeno, dar o braço a torcer e bater palmas pra uma revista Marvel não é mole, não. Agora, quem ficou com vontade de invadir o espaço alheio pra resenhar no Terra Zero fui eu. - Coveiro-

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