*Artigo escrito por nosso colaborador Carlos André
James “Bucky” Barnes, parceiro do Capitão América na 2ª Guerra Mundial e dado como morto foi resgatado pelo Departamento X, a divisão de Ciências Experimentais da KGB da antiga União Soviética. Ele teve o corpo reconstruído e sofreu uma lavagem cerebral para se tornar o assassino perfeito da Guerra Fria, o Soldado Invernal. Ele foi salvo pelo seu antigo parceiro, teve suas memórias restauradas e chegou a vestir o manto de Steve Rogers quando este foi “assassinado”. Como Capitão América, travou um combate mortal com Skadi, a filha do Caveira Vermelha transformada numa divindade nórdica e morreu aos olhos do mundo no evento conhecido como A Essência do Medo. Agora, ele busca se redimir pelo que fez quando era um assassino implacável.
O tortuoso início desse caminho de remissão é trazido pelo escritor Ed Brubaker e os desenhistas Butch Guice & Michael Lark na revista “Winter Soldier”, aqui encadernada em suas sete primeiras edições na revista Avante Vingadores no. 58, da Panini.
As cinco primeiras constituem o arco O Inverno Mais Longo em que Bucky e sua parceira e amante, Natasha Romanoff, a Viúva Negra, descobrem que três assassinos treinados pelo “Soldado Invernal” que estavam adormecidos voltaram à ativa e estão prestes a causar um incidente internacional num intrincado plano elaborado por Lucia Von Bardas, ex-primeira ministra da Latvéria e Ivan Kragoff, o Fantasma Vermelho, ex-supercientista soviético.
Lucia Von Bardas chegou a ser considerada aliada pelo governo dos EUA quando este a ajudou a ser primeira-ministra da Latvéria por ser considerada mais palatável do que seu regente deposto, Victor Von Doom, mas ela não foi subserviente como se esperava e Nick Fury montou uma equipe secreta de assalto para eliminá-la. Isso foi relatado na minissérie Guerra Secreta, escrita pelo Bendis e desenhada pelo Dell´otto que merecia uma republicação no Brasil. Ela escapou e se tornou uma ciborgue devido aos ferimentos que sofreu na ocasião. Foi através de Kragoff que ela tomou ciência desses agentes adormecidos e quis usá-los para os seus próprios fins.
Um desses agentes “invernais”, Arkady, praticou um atentado propositalmente ineficaz à vida de Von Doom bem em frente à embaixada latveriana dos EUA. Enquanto isso, Bucky e Natasha descobrem que Lucia e Kragoff compraram no mercado negro os códigos de ativação dos agentes invernais adormecidos e um “destinobô” e, de posse dessa informação, conseguem um aliado improvável, o próprio Victor Von Doom, que está prestes a ser incriminado por uma de suas criações.
Arkady e o destinobô adentram ao prédio da ONU, em Nova York. Bucky e Victor partem para interceptá-los enquanto Natasha se dirige a um laboratório especializado em pesquisa com símios, possivelmente ligado ao Fantasma Vermelho e abandonado desde os anos 80. Ela chega ao local, mas este se encontra deserto.
Na ONU, Victor esquece totalmente qualquer tipo de sutileza e parte para o confronto direto contra sua criação roubada. Bucky enfrenta Arkady e este acaba gravemente ferido mas consegue dizer que o plano era fingir ser americano e atacar o “destinobô” durante o seu discurso para proporcionar uma distração e acrescenta que Lucia já conseguiu o que precisava com o robô: os códigos de lançamento de mísseis nucleares localizados em um silo clandestino de Von Doom nos Alpes latverianos. A intenção dela é causar uma guerra daquele país contra os EUA.
Lucia, Kragoff e Dmitri, o segundo agente “invernal” desperto e o único que despertava alguma simpatia em Bucky, chegam ao silo e eliminam a vigilância. Dmitri recebe ordens de inserir os códigos de lançamento nos mísseis mas começa a questionar se realmente está servindo à Mãe Rússia dessa forma.
Victor trabalha em um equipamento de teleporte capaz de levar ele, Natasha e Bucky para o interior do silo. O equipamento funciona corretamente e logo eles começam a enfrentar os vilões. Destino subjuga Lucia facilmente e Bucky passa (literalmente) por Kargoff e o deixa atordoado. Dmitri sai das sombras e começa a enfrentá-lo. Bucky ainda tenta trazê-lo à razão mas não consegue. Porém, aos poucos, ele percebe que a guerra para a qual foi criado não existe mais e nem tenta se desviar quando Bucky o atinge com uma faca.
Kragoff consegue escapar e Lucia é presa. Destino é obrigado a desmontar a sua casamata nuclear secreta e concorda em manter em segredo o fato de que o Soldado Invernal está vivo e na ativa. Fury diz a Bucky que Dmitri desafiou as ordens que tinha recebido anteriormente e não inseriu os códigos de lançamento nos mísseis.
Lucia começa a se recuperar e é interrogada sobre o paradeiro do terceiro “invernal” e ela responde que não faz idéia, que a unidade de estase dele estava vazia bem antes dela ter chegado lá e que poderia estar em qualquer lugar.
Na verdade, esse paradeiro começa a ser revelado no arco de histórias seguinte, “Flecha Quebrada”, que se inicia nesta mesma edição de “Avante Vingadores”, em suas duas primeiras partes.
Ao invadir uma base ocupada pela IMA em São Francisco, onde se encontrava o terceiro “invernal”, Leonid Novokov, Bucky descobre que ele despertou há muito mais tempo. Na verdade, devido a um terremoto ocorrido doze anos atrás.
Amnésico e agindo puramente por instinto, Leo deixou um rastro de mortes casuais pelo caminho e se tornou um mendigo. A única constante em sua vida era procurar anúncios de classificados, seguindo uma compulsão desconhecida em sua mente até que um dia ele encontrou o anúncio certo e despertou novamente. Confrontando a pessoa que o publicou, que deveria ser seu controlador e enviar-lhe novas ordens, Leo se recusa a obedecê-lo e o mata mas não antes de saber por intermédio dele de que Bucky era o “Soldado Invernal” original.
Depois disso, Leo acompanhou o julgamento de seu antigo mentor pelos crimes cometidos pelo “Soldado Invernal” e planejou se vingar contra ele. Sua vingança acaba sendo adiada ao ver Bucky ser despachado para um “gulag” russo e, após escapar de lá, travar uma última batalha pelo seu país no confronto contra Skadi e “morrer” como herói.
Ao presenciar o funeral, ele descobre que Bucky ainda estava vivo e tinha escapado do seu “castigo” mais uma vez. Para chamar a atenção do herói e iniciar a sua vingança, ele assassina um antigo companheiro de armas de Bucky que o defendeu na TV na ocasião de seu julgamento.
Dois meses depois, deixando mais uma trilha de mortes no caminho, ele seqüestra um cientista russo que havia desertado do seu país de origem para viver nos EUA. Esse cientista, Rodchenko, também trabalhava no Departamento X e era responsável por implantar memórias falsas nos agentes antes de suas missões e que atualmente se dedicava a uma pesquisa de recuperação de memória para o governo norte-americano.
Buck e Natasha são informados de que Leonid roubou um trailer uma hora antes desse ataque e que ele está sendo rastreado. Eles se dirigem até o Colorado, onde o veículo se encontra localizado, mas tudo não passa de um estratagema para separá-los. Eles invadem o trailer e descobrem que ele está repleto de explosivos ligados a um temporizador e Leo foge em um veículo de apoio. Buck fica no trailer para conduzi-lo a um lugar em que ele possa explodir sem ferir ninguém e Natasha sai ao encalço de Leo apenas para ser capturada por ele em uma zona morta, com interferência de sinal. Na verdade, esse era o seu objetivo principal o tempo todo e essa edição de “Avante Vingadores” se encerra aí.
Eu gosto demais do Brubaker e preferiria muito mais vê-lo no comando de um “grande evento” da Marvel do que o Fraction, por exemplo. Fez um trabalho muito bom em Demolidor e um melhor ainda no título “antigo” do Capitão América com os mesmos desenhistas deste “Winter Soldier” e a pegada é semelhante, com o protagonista envolvido em uma boa trama de espionagem internacional com muitas viradas surpreendentes. Faz-me lembrar demais as boas histórias do Capitão publicadas pela Abril no início dos anos 80. Acho que no título “novo” do Capitão ele ainda está lançando várias outras tramas para desenvolvê-las melhor no futuro e que em “Winter Soldier” a concisão é maior. Pena que este será cancelado mais adiante, pelo que ouvi dizer. Se eu estiver mal informado, me corrijam, por favor.
Sobre Butch Guice & Michael Lark nem preciso falar muita coisa, estão muito bem no desenho e na narrativa e elas se casam perfeitamente com esse tipo de história. Eles com o Brubaker são sempre garantia de histórias muito boas.
Carlos Andre
