sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

X-Men: Ameaça primordial

Um meteoro se fragmenta ao entrar na atmosfera da Terra, e seus pedaços caem ao redor do globo. Um deles atinge a cidade de Budapeste, capital da Hungria, e traz consigo uma passageira em busca de vingança. Pode não parecer, mas esse é o começo da mais nova série dos X-Men, parte da Nova Marvel, publicada no Brasil em X-Men Extra 1...



Antes de continuarmos a história, falemos da série: trata-se de um relançamento da revista homônima lançada pela Marvel após a saga Segundo Advento. Na época, seu objetivo era trazer histórias mais acessíveis aos novos leitores, menos focadas em grandes acontecimentos, com mais ação e com maior integração entre os X-Men e o universo Marvel. O relançamento dela, trazendo Brian Wood como roteirista e ninguém menos que Olivier Coipel como desenhista, mantém essa intenção – mas com um detalhe adicional que causou e ainda causa muita discussão entre os leitores...



Voltando à história, pouco tempo depois da queda do meteoro, Jubileu desembarca em um aeroporto e entra em contato com os X-Men para avisar que está voltando para Westchester, mas teme estar sendo seguida. Depois de apartar uma briga entre Mercury e Bling!, sobre a qual nenhuma das duas quer falar, Tempestade, Kitty Pryde e Vampira partem para resgatar a amiga, que se encontra dentro de um trem em movimento. Mas a surpresa das heroínas é que, junto com Jubileu, está... um bebê. Sim, a ex-mutante e atual vampira agora atua como mãe adotiva, tendo resgatado o menino de um local destroçado pelo que os locais dizem ser um meteorito.



Seja como for, quando o bebê toca um dispositivo eletrônico na parede do trem, uma descarga elétrica mata os condutores e altera a rota do veículo, prestes a entrar em colisão com outro trem. O dia é salvo por Vampira, que usa os poderes emprestados do Estrela Polar para descarrilar os primeiros carros do veículo, vazios, permitindo que os vagões seguintes parem.

Sem que elas saibam, em Westchester, o homem que vinha seguindo Jubileu chegou primeiro na Escola Jean Grey, de helicóptero. Responsáveis pela segurança do local, Rachel Grey e Psylocke reconhecem John Sublime, outrora líder dos O-Men – grupo que assassinava mutantes para enxertar partes deles em seus corpos e tentar ganhar poderes. Mas, em vez de atacar, Sublime se entrega às duas, revelando precisar de ajuda contra uma ameaça ainda maior que ele: trata-se de sua irmã Arkea, outra bactéria sentiente (vale lembrar, como mostrado por Grant Morrison, Sublime controla um corpo humano mas na verdade é uma bactéria).



No interrogatório, Sublime conta a história de Arkea: milênios atrás, muito antes dos seres humanos surgirem, os dois lutaram pelo controle do planeta e ele venceu. Arkea foi lançada ao espaço, onde Sublime acredita por suas observações recentes que ela tenha evoluído a ponto de controlar tecnologia. Ele testemunhou o retorno de sua irmã à Terra, e teme que ela queira se vingar dele e, em seguida, assumir controle do mundo. Assim, o vilão pede para as duas mutantes ajudarem-no a impedir a chegada “do bebê” ao local.

Mas o aviso veio tarde demais: momentos antes, Jubileu havia chegado à escola e, enquanto dormia, o bebê tocou em seu telefone; momentos depois, uma descarga elétrica chega ao laboratório do Fera e se espalha até a câmara de estase onde se encontra a atualmente inerte Karima Shapandar, ou Sentinela Ômega. O corpo de Karima desperta, mas sua fala deixa claro: é Arkea quem está no comando agora...



Essa é a história da primeira edição. Notaram algo peculiar nela? Pois é, todos os integrantes dos X-Men que participam da edição são mulheres (tirando a pequena participação do Fera). O fato do roteirista Brian Wood ter escolhido escrever uma equipe feminina rendeu reações fortes, tanto a favor – defendendo a necessidade de dar mais visibilidade às super-heroínas e retratá-las como figuras independentes, não objetos sexuais vinculados aos super-heróis – como contra – argumentando que é um absurdo um grupo só de mulheres, e que isso seria um truque barato para chamar atenção (o curioso é que, em sua passagem anterior pelos X-Men, o roteirista já mostrava uma equipe em que Colossus era o único representante masculino, mas ninguém achava isso ruim).

Seja como for, na época Wood destacou o fato de que há outros vínculos entre as personagens além de seu gênero: todas elas se conhecem há muito tempo (mesmo Rachel e Jubileu já interagiram no crossover Dias de um Futuro Presente) e têm fortes vínculos de amizade entre si. Todas também são figuras constantes nas escalações dos X-Men – nesse sentido, faz mais sentido vê-las como um grupo só de mulheres ou como um grupo só de integrantes clássicas dos X-Men? Ele também disse que não pretende usar a revista para pregar o feminismo, apenas mostrar figuras super-heroicas carismáticas e capazes de enfrentar vilões e salvar o mundo quando necessário.

Nesse aspecto, a primeira edição cumpre a tarefa com louvor. É gratificante, em tempos de cismas ideológicos entre Ciclope e Wolverine, ver uma revista em que X-Men salvam inocentes e agem... bem, como X-Men. A arte de Coipel ajuda bastante nisso, belíssima como sempre (salvo um quadrinho em que ele parece ter esquecido de desenhar o nariz da Psylocke), mostrando as heroínas sem focar em suas curvas e já tornando o pequeno bebê de Jubileu extremamente adorável e carismático – e essa é a primeira edição em que ele aparece!

Mas quais serão os planos de Arkea, e como detê-la – sem danificar ou matar Karima no processo? Qual a ligação entre ela e o bebê trazido por Jubileu? E será que Sublime, que já foi responsável por verdadeiros massacres mutantes no passado, é digno de confiança ou o vilão tem seus próprios planos malignos? Saberemos nas próximas edições. E, se elas forem como essa primeira, torço para que elas não demorem para chegar às bancas!

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