Não há como se negar, mesmo tendo despontado nos cinemas há mais de 15 anos, começo deste século, com os X-Men, somente quando o "papai biologico", os Estúdios Marvel, entraram na dança é que vimos um novo levante na qualidade e complexidade de filmes de super-herói nos cinemas. Somando isso a compra da empresa pela Disney, é notório que dentro do mercado de heróis nos cinemas que a Marvel dite as regras do jogo. E boa parte dessa qualidade vem com o protecionismo e cuidado que sua empresa tem com suas marcas (as que ainda detém nas mãos). Mas o quão isso pode passar dos limites do bom senso e começar a ser desagradável?
O caso de ontem, surpreendendo a todos com a saida repentina de Edgar Wright da direção do Homem-Formiga é o maior exemplo dessa questão. O anúncio foi simples, direto e abrupto. Os sites de imprensa especializados já correram atrás da verdadeira questão. O site Latino Review, que não tem sido lá muito confiável, tentou explicar tudo (mas sem base oficial alguma):
A preparação para este filme tem sido constante e era impossível de ser atrasada porque toda a produção estava posta em hiato pela Marvel , que pretendia ainda reescrever o script. Famílias deixaram casas para trabalhar no filme em Atlanta e foram colocadas de repente no limbo. Então, sobre a reescrita ... Cerca de 3 meses atrás , a Marvel fez notas. O cerne das notas era sobre a moralidade do núcleo da história, deveria incluir caracteres de franquia, etc... Essas notas vieram dos quatro grandes na Marvel . Joe Cornish e Edgar Wright fizeram duas propostas para tentar responder as notas sem comprometer a sua visão. Seis semanas atrás Marvel assumiu o script sem eles e deu a redação a dois escritores de pouco crédito. Um dos escritores eram de dentro da casa da Marvel. Edgar ficou de boa, concordou em ficar no projeto, e ler o rascunho. O roteiro chegou nesta semana e foi completamente desfeito o que ele propôs. Era mais pobre, homogeneizado , e não tinha nada da visão de Edgar. Edgar se reuniu com a Marvel na sexta-feira para sair formalmente e o anúncio saiu logo depois. Edgar & Joe ficaram chateado com a repentina falta de fé em si como cineastas. Fiege sempre apoio eles, mas este decisão veio dos superiores. Onde é que isto deixa o elenco? Bem , acredita-se que eles não têm a opção de sair como Edgar fez...
É cedo para saber se isso é de fato o real fato, ou mais uma das invencionices do Latino Review. Todavia, é certo que boa parte da Marvel não deve estar feliz internamente. Kevin Feige não se pronunciou até então, provavelmente abalado com tudo. Mas singelamente Joss Whedon deixou seu apoio discreto a Edgar Wright com apenas uma foto publicada em seu Twitter. Quem não entendeu a referência por realmente desconhecer os trabalhos do diretor, clique apenas aqui.
A Marvel , desta vez a editora, também mostrou que não está pra brincadeira. Ao divulgar uma capa oficial dos 75 anos da Marvel com arte de Greg Land mostrou personagens diretamente ligados aos seus estúdios e esqueceu simplesmente de duas franquias poderosas e significativas - Quarteto Fantastico e X-Men. Homem-Aranha está lá, mas todos sabemos que as relações entre a emrpesa e a Sony são otimas.
Quando questionado essa semana, o editor Tom Brevoort apenas fez uma brincadeira sobre as pessoas estarem lendo mentes, mas concluiu que "as vezes, uma capa é apenas uma capa". Mas talvez a parte mais curiosa desse encontro foi sobre o fato do editor negar qualquer reboot nos quadrinhos da Marvel dizendo que "Rich (johnston, do Bleeding Cool) e os donos de loja podem fazer o reboot que eles quiserem com eles mesmo". Ou seja, nenhum boato procede, fiquem tranquilos.
Bom, estamos apenas no meio do fim de semana e eu acho que essa história com o Edgar Wright ainda vai dar o que falar. A saida do mesmo foi repentina até mesmo pro estúdio e não sei se dá para as coisas esfriarem e uma nova conversa entre os lados acontecerem. O fato é que a Marvel realmente protege sua marca e essa proteção vai sim acima de qualquer visão e peculiaridade do diretor. Isso tem seu lado positivo, mas também como vimos agora, nem sempre.
Aguardando o Kevin Feige ainda se pronunciar...
Coveiro
