quinta-feira, 24 de julho de 2014

X-Men Legado: Julgamento Preventivo


David Haller, ou Legião, continua tentando fazer com que o mundo seja mais seguro para os mutantes e se tornar digno do legado do pai, o falecido Charles Xavier, ao mesmo tempo em que lida com suas múltiplas personalidades. Inesperadamente, ele se afeiçoou à jovem Ruth Aldine, a Olhos-Vendados dos X-Men, de comportamento quase tão errático como o dele. David tem sempre se queixado da postura "reativa" da equipe mutante e defende o oposto mas será que dessa vez ele foi longe demais? É o que tenta responder o roteirista Simon Spurrier e o desenhista Tan Eng Huat na história "Julgamento Preventivo", publicada nos EUA em X-Men Legacy #9 e aqui em X-Men Extra #5 pela Panini.

Tudo começa de maneira aparentemente inocente, com mais um encontro entre esse improvável casal. David teleportou ambos para a Lua, não apenas para criar um clima romântico mas também para que ela ouvisse o que ele tem a dizer. Como a jovem logo percebe, a escolha do local não foi aleatória. Nas proximidades, encontra-se a moradia de um alienígena poderosíssimo chamado Aarkus. Há muitos anos atrás, ele foi um herói na Terra mas ele ainda tem aparecido por lá atrás de conhecimento e montou uma enorme biblioteca aonde vive atualmente. Talvez pela idade elevada ou pelo isolamento prolongado, ele perdeu a sanidade e a capacidade de filtrar as informações que lê. Assim, ao ler um livro anti-mutante chamado "O Gene Tóxico", ele se convenceu de que deve salvar a humanidade eliminando todos os mutantes do planeta.

Ruth fica assustada ao acompanhar a narrativa de David através de suas imagens mentais, com todos os mutantes da Terra sendo assassinados pelo pretenso herói. O rapaz indaga o que devem fazer e Ruth responde que eles deveriam chamar os X-Men. David fica desapontado com a resposta dela e mostra o desenrolar da situação, com a equipe chegando à Lua e sendo fragorosamente derrotada por Aarkus. Ruth fica muito abalada por achar que tudo aquilo já aconteceu e David diz que ainda não mas que é algo iminente.

David acrescenta que a "entidade amarela" (que tem a forma de seu pai, mas esse detalhe ele omite) que o salvou naquela última vez em que se encontraram no plano psíquico lhe permitiu que ele visse esse futuro trágico para toda a espécie mutante. A grande dúvida do rapaz é se ele deve "desligar" a mente de Aarkus para evitar o mal que ele é capaz de causar. Ruth é veementemente contra e é a vez dela de se decepcionar com David. "Você queria minha permissão", ela diz, "para ganhar a força mental que viria do meu sim, mas não". Uma lágrima cai pelo rosto do rapaz, que replica: "não precisava da sua permissão, mas de sua aprovação" e arremata: "na verdade, já bastou acreditar que eu a teria e agi cinco horas atrás".
Ruth fica muito aborrecida com aquilo tudo e ordena que David a mande de volta para casa. O rapaz parece consternado com a reação dela e admite que a ama mas antes que ela possa responder, a jovem já se encontra aos portões da Mansão X com o corpo adormecido de Aarkus para que os X-Men possam "mudar o futuro dele". E assim David, isolado e com o livro com as profecias do irmão da jovem, Luca Aldine, nas mãos, parece estar percorrendo o mesmo caminho do ser alienígena que lobotomizou.

Temos aí mais uma história excelente de Simon Spurrier para X-Men Legado, em que o relacionamento de David e Ruth começa a levá-los em campos opostos. A própria história leva a um questionamento ainda atual: deve-se tomar uma atitude tão radical para prevenir um mal maior? Isso não causará adiante o genocídio mutante que o irmão de Ruth previu, com David como principal responsável e que apenas Olhos-Vendados é capaz de impedir? De qualquer forma, a escolha de David foi feita e ele terá que arcar com as suas consequências. Colocar em risco o seu relacionamento com Ruth parece a primeira delas, pois ele se tornou vital para que o rapaz tivesse autoconfiança para controlar os poderes de suas múltiplas personalidades e um possível rompimento pode trazer consequências imprevisíveis.

Os desenhos de Tan Eng Huat continuam com todos aqueles aspectos que não gosto: pobreza nos cenários, falta de capricho no traço e frieza nas expressões faciais. Tive uma primeira impressão de que Aarkus se parecia demais com o Snhor Sinistro, mas talvez essa semelhança tenha sido algo intencional ou entao foi falta de criatividade do desenhista mesmo. Só mais adiante saberemos alguma coisa de fato, se soubermos. Felizmente, como de hábito, a história é tão boa que dá para relativizar esses aspectos e cada vez fica mais claro que esse é o melhor título mutante publicado pela Panini atualmente.

C@rlos








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