quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Com Deadpool, nem o diabo pode...


É uma fase nova para o falastrão mercenário mais querido da Marvel, com nova dupla de roteiristas, novo estilo de humor e nova “casa” nas publicações da Panini. Agora, Deadpool que foi parar na X-Men Extra desde Janeiro com Nova Marvel está com uma pegada muito mais negra e desmedida (isso claro, não impediu de sua revista especial sem periodicidade continuar a sair por aí). E se o primeiro arco já assustou muita gente ao tocar num delicado tema com ex-presidentes zumbis, imagina agora que ele vai tratar diretamente com um diabo em pessoa?

Tudo começa num flashback absurdo lá pro meio dos anos 80, a era de bronze dos quadrinhos. Você nunca leu nada sobre o Deadpool neste tempo, então não estranhe com algumas peculiaridades que só a narrativa oitentista pode dar. Com participação rápida dão Quarteto Futuro, Peter Parker e Flash Thompson, o grande destaque da história é Tony Stark. O pobre homem esta vivendo a pior fase da sua vida quando foi traído por seu sócio Obdiah Stane e tornou-se um alcoólatra (já leu o Demônio na Garrafa? Não? Corra atrás disso já). O que podia piorar? Que tal uma tentação dos diabos? E é isso mesmo que acontece.

O demônio Vetis se encontra com o Deadpool e fecha um contrato com o mesmo. Em troca de ser o rei da nova mídia videolaser (aquela que nunca deu certo), ele precisa fazer com que o Homem de Ferro beba e use sua armadura por um dia. Fechado o contrato, Deadpool vai até a mansão de Stark e encontra já um Tony bem deprimido. Wade decide não seguir o seu plano a risca, acaba animando o astral de Tony e quando uma emergência surge, ele o noucateia com uma garrafa. Assim, o próprio Wilson veste a armadura, chapa o coco de bebida e sai para salvar o dia (não de um jeito muito esperado, mas serve!). E é assim que ele acaba enganando Vetis, quando cumpriu o acordo ao pé da letra e ele foi o homem de ferro bêbado daquele dia.



E no final deste prólogo, descobrimos porque mal ouvimos falar de Deadpool nesta época. O amigão Cable levou para uma longa viagem no tempo que só o fez surgir de novo nos anos 90, ta falado?
Então, nossa história retoma o tempo atual, com Deadpool vivendo um problemão. Depois dos eventos dos zumbis presidentes, a agente Preston ficou presa em seu corpo (é, mais uma vozinha pra acompanhar). A coisa tem ficado complicada já que uma visita a família da Agente da SHIELD não saiu lá muito bem como era de se esperar. Pra piorar, Vetis aparece depois de anos e faz a revelação de quem ele era o diabo que fez o pacto com o aspirante a necromante Michael. E ele vai requisitar a alma do sujeito agora, e isso pode acabar com a única chance de tirar a agente Preston do corpo do Deadpool.

Todavia, Vetis tem uma nova proposta que pode interessar ao mercenário. Em troca de livrar a alma de Michael, Deadpool terá que matar outros quatro humanos que tiveram seus desejos atendidos em troca da alma. São agora seres com superpoderes que Vetis sabiamente concedeu já esperando tê-los de volta quando morressem. E como ele não poderia mata-los, seria Deadpool a bola da vez. E porque não?

A primeira vítima é um bandido mequetrefe que pediu para ser invulnerável. E se tiros e explosões não adiantam, não tem problema – Deadpool cimenta a cara do sujeito o sufocando sem ar. O segundo da lista é um salva-vidas capaz de respirar debaixo d’água e falar com a vida marinha. É um poder muito bucha? Então, reclame com a concorrência. Já Deadpool dá cabo dele e ainda o usa como isca para acalmar os tubarões que o mesmo resolveu convocar.

E em meio a isso tudo, alguns fatos vale a pena tomar nota. Uma ruiva acompanhada de uma gangue misteriosa ataca Wade Wilson sem muitas explicações para roubar seu sangue e parte dos órgãos (como o rim) sabe-se lá pra quê. Já em outro momento, Wilson resolveu se antecipar aos planos de Vetis e matou ele mesmo Michael. Você pergunta pra que? Bom, qual o jeito mais fácil de avisar a Mephisto, o grandão do inferno, que tem um outro diabinho com o olho bem gordo na Terra?

O terceiro da lista de Vetis é um empresário mafioso com capacidade de prever o futuro próximo. Sendo assim, ele contratou uma série de outros mercenários para se defender do Deadpool. Mas com uma parceria não calculada com o Homem-Aranha Superior, o pobre homem não teve muita chance. Pra fechar a encomenda, um transmorfo é a bola da vez. O sujeitinho safado andava até se fingindo de Luke Cage para traçar a Jessica Jones (e olha que o herói de aluguel nem desconfiava da intromissão do Pool porque senão...). Quando descoberto, o transmorfo saiu pelas ruas se passando por outros heróis e pedestres até que encontrou a sua sina fatídica. E quem faz uma aparição breve aqui é o Demolidor (que está longe da Cozinha do Inferno, só para confundir o mercenário tagarela).

Agora só faltava mais um pra lista do Vetis, mas Deadpool já tinha dado cabo dele antes. O demônio não gostou nadinha de ser mais uma vez trapaceado, então decidiu que ia contar apenas com os quatro poderes que adquiriu para chutar a bunda de Wade Wilson de uma vez por todas. E parece que o Mercenário se deu mal mesmo nessa. Vetis podia se passar por qualquer herói ou vilão, prever os futuros ataques de Deadpool, era invulnerável e até podia respirar debaixo d’água (não que esse ultimo faça diferença!).


E quem salvou o Deadpool dessa foi a chegada providencial de Michael (agora de vestes brancas e nova atitude) na batalha. Junto a ele estava Mephisto, que devolveu a alma para o necromante e resolveu dar uma liçãozinha no diabrete.  Assim, Vetis foi derrotado, as almas dos quatro liberadas e o roomba limpou as cinzas demoníacas da cidade.

No fim, algumas repercussões acabaram surgindo diretamente na vida de Deadpool. A presença da Agente Preston na sua cabeça esta fazendo com que ele tenha acesso a memorias que antes nunca ousara se lembrar. Já Michael envelheceu anos no Inferno, o que o deixou fulo da vida com o Deadpool, mas garantiu um aprendizado maior de seus poderes místicos.  E o fantasma de Benjamin Franklin... bem, ele continua por aí se divertindo com o mundo moderno.

Vou lhes ser sincero. Quando ouvi uma ou outra coisa sobre essa nova fase do Deadpool, tremi nas bases. Muita gente reclamou do que vinha depois do primeiro arco e como eu o achei meramente razoável, temi que mais uma vez passaríamos por uma fase ruim (ou pior) como a do Daniel Way ou Victor Gishler. Mas eu tenho me surpreendido positivamente. Apesar de não ser mais aquele humor inteligente do Nicieza ou Kelly, há uma pegada esdruxula e bem baixa que remete ao comix original, o antigo quadrinho independente. E isso até que combina bem com o personagem. Se você notar, aos poucos, a metalinguagem vai ficando mais e mais oprimida em prol de um sarcasmo cru com aquelas velhas referencias da cultura POP. Longe ainda dos áureos tempos, não posso dizer que fiquei curioso pra ler mais dessa nova pegada com o Mercenário Tagarela.

Essas edições equivalem aos números 5 a 7 de X-Men Extra. Posehn e Duggan estão acompanhados agora da arte de Mike Hawthorne. Na parte do passado, quem assina é Scott Koblish.

Coveiro

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