terça-feira, 27 de setembro de 2016

Doutor Estranho: Sobre magia, multiverso e artefatos místicos no filme


Numa saraivada de matérias que o site ComicBook lançou hoje, muita coisa sobre o Doutor Estranho acabou sendo revelado. O ponto mais curioso talvez seja o quão esse mundo mágico estará ligado ao universo pré-existente. Assim, o presidente da Marvel Studios Kevin Feige e o diretor Scott Derrickson falaram sobre essa nova porta que eles abrem nos cinemas:

"Como perceberam, estamos introduzindo esse novo personagem no universo. E uma vez que você vai ver como a audiência compra esse novo conceito, vai ser divertido começar a brincar e recriar mais desse conceito no futuro que virá" - disse Feige. O site Comic Book acabou perguntando como será a interação deles com os demais personagens, já que sendo o único ligado a magia, ele soa meio destoante dos demais. "Ele não vai intervir no crimes de ruas ou algo assim. As coisas começam a ficar maiores, e suas ameaças são maiores. Ele pode servir a um grande propósito e isso fará sua presença ser reconhecida" - disse Feige,  mas deixando escapar que aparições em outros filmes ou certas visitas ao Sanctum Sanctorum "só o tempo poderá dizer se acontecerão". Em dado momento, Feige deixou claro que não irão explorar muitas conexões nesse primeiro filme e que o que Strange sabe dos Vingadores é o que todo cidadão de Nova York sabe. Na época, ele era apenas um neurocirurgião focado irrestritamente em seu trabalho até o dia em que sofreu o acidente. "Ele não perdia muito tempo falando ou pensando nos Vingadores" - resumiu.



"Há um monte de falas em Thor que dizem basicamente que Ciência e Magia tem um ponto em comum e qual seria a diferença entre elas. Eu acho que continuamos com isso" falou Feige. "A Anciã quando encontra o Strange, ele é um cientista, ele aprendeu medicina ocidental e ele acredita demais naquilo. Então, ela começa a usar seus ensinamentos orientais para descrever o mundo para ele e ele imediatamente quando começa a fazer suas anotações e para os olhos de repente como que se não acreditasse naquilo. Então, ela começa a falar em termos ocidentais para tentar fazer com que ele se sinta mais confortável e diz no fim que "é tudo igual". E é tudo a mesma coisa,  quando você estuda pra valer os ensinamentos antigos de acupuntura, pontos de pressão ou mesmo de ressonância magnética. Ela praticamente quer passar pra ele que são as mesmas coisas ali. Se você não está muito confortável com a palavra "feitiços", que use então o termo "programas". É tudo o mesmo" falou Kevin.

Kevin falou que apesar de não ser cientista, costuma ler bastante sobre o assunto porque gosta e que isso faz a imaginação dele viajar: "Por um longo tempo, houve um prólogo neste filme que não vamos mais usar. Talvez, façamos ele na parte dois e eu não deveria mencionar isso mas ele acontecia no CERN (Centro de Pesquisas Nuclear da Europa. O que tem o Acelerador de partículas, lembra?). Se você pensar no CERN, vai vir um monte de histórias de ficção científica porque aquilo mexe com nossa mente, e é mais ou menos isso que temos aqui. Pensamos muito nisso porque tinha a discussão de dimensões paralelas e múltiplas dimensões. Mas tudo isso ficou de lado para construímos mais da nossa realidade fictícia com o universo do Doutor Estranho".


Na mesma coletiva, Feige comentou ainda mais sobre as ligações possíveis com o Homem-Formiga e com os demais filmes da Marvel: "É difícil porque você não quer parecer mundano e também não quer que não seja fantástico ou mágico. Certamente, você já me ouviu falar do Reino Quântico em Homem-Formiga, que certamente foi construído para aquele filme e que era pra dar uma noção do que aconteceria com uma pessoa que fosse reduzida para um nível nunca imaginado antes". Kevin antecipou que muito foi conversado com conselheiros científicos e entendidos no assunto para criar essas ideias: "O Reino Quântico é uma outra dimensão. E isso meio que se tornou uma noção de que estávamos cutucando a superfície deste lugar ainda para então pularmos de cabeça nisto".

Kevin Feige também descreveu um paralelo entre Estranho e Wanda Maximoff: "Os poderes dela... ela nunca teve nenhum treinamento. Eu estou falando sobre a Feiticeira Escarlate. Ela está descobrindo-se ainda. Podemos argumentar que é por isso que os poderes dela são muito mais caóticos e muito mais irregulares da maneira em que nós mostramos os efeitos especiais. Em Doutor Estranho, de um jeito que você verá até mesmo na capa da Entertainment Weekly, eles são muito mais coesos. É tudo questão de foco. É sobre trazer as energias de outra dimensão e as organizá-las e dar propósito a elas, e é por isso que eles conseguem fazer muito mais do que ela consegue. Ao menos, eles conseguem fazer de um jeito mais preciso" - explicou o Presidente da Marvel Studios e deixando no ar assim até mesmo possíveis caminhos a se cruzar entre esses dois.

Feige também tirou um tempo para explicar que o conceito de universos paralelos aqui não necessariamente tem a ver com realidades alternativas com as mesmas pessoas: "Estamos mexendo com a noção de multiverso no sentido de dimensões alienígenas, na falta de um termo melhor. Não se trata de ir a lugares onde o Strange vai vestir uma armadura do Homem de Ferro ou coisas do tipo. Não estamos nisso ainda. Quando os fãs de quadrinhos ouvem sobre dimensões paralelas ou múltiplas dimensões, eles pensam na Terra 616, Terra 617 ou Terra 618. Isso tudo é uma possibilidade, mas o que estamos colocando neste mundo é que há outras dimensões. E essas outras dimensões não são realidades paralelas. Algumas delas são do tipo a dimensão negra, onde o Dormammu habita. Há dimensões que são inclusive tão distorcidas, que é até impossível a gente conceber elas. É daí que vem um monte das imagens do Ditko. Elas são dimensões que são apenas uma viagem mental, são coisas do tipo que a mente humana mal pode visualizar, e por isso é difícil de torná-las algo que possa ser mostrado para o público em novembro".



Dos artefatos místicos que são bastante comuns ao personagem, três deles já vimos amostras em fotos e videos: a capa da levitação, o Livro do Vishanti e o Olho de Agamotto. "Houve muita discussão sobre o quanto usar deles, porque você obviamente pode ficar saturado com essas coisas. Eu acho que os filmes do Harry Potter são a prova máxima de que as pessoas amam essas coisas. Elas adoram a ideia de ter objetos mágicos e elas querem saber as regras de mexer com esses objetos e o que eles fazem. Eu acho que tudo que fizemos, pensamos nos nomes de todas as coisas e pensamos em tudo que poderíamos usar no filme, foram retirados dos quadrinhos. Eu só acho que tem apenas um, pelo menos que eu lembre, que não saiu dos quadrinhos" disse o diretor. Quando perguntado do que se trata, Derrick disse que os "anéis estilingues" foram inventados. "Os portais, o jeito que os portais são usados e formados vem direto dos quadrinhos. Eu só precisava de um objeto para fazer com que eles fossem criados" relatou.

Curiosamente, a única questão que Feige pareceu resoluto em pouco comentar sobre o filme é quanto a presença das Joias do Infinito: "Se você estiver procurando por essas coisas, talvez encontre, mas não vamos falar delas neste filme". Com a insistência de que se teriam algo a ver com um certo olho, ele cortou mais uma vez falando que "está perto, mas pode ficar procurando o quanto quiser. Mas digo mais uma vez que tem muito o que se tirar desse filme. Temos novos conceitos, temos novos personagens, temos uma série de novas mitologias que não acho que valha a pena falar de outros MacGuffins* agora".

Coveiro


* MacGuffin é um termo comum nos cinemas que basicamente remete a pretextos em tramas que são aparentemente sem importância, mas que servem a algum outro caminho em outro momento da história.

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