quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Guerras Secretas: A Era do Apocalipse

Sim, as novas Guerras Secretas já começaram: o multiverso como conhecíamos foi destruído, e em seu lugar sobrou apenas o Mundo Bélico, uma colcha de retalhos das diferentes realidades. Victor von Doom pode ser o soberano do Mundo Bélico, mas grande parte dele está sob os domínios de En Sabah Nur, o Apocalipse. E essa região talvez seja a pior do mundo para viver – ou sobreviver.



Como vocês sabem, cada área do Mundo Bélico representa uma história icônica da Marvel, e os domínios do Apocalipse representam – adivinhem! – a Era do Apocalipse. Essa saga agora é revisitada na primeira edição de Guerras Secretas: X-Men, e logo de cara chama atenção a fidelidade na recriação dela: as artes de Gerardo Sandoval e Iban Coello se encaixam perfeitamente com o estilo dos desenhistas dos anos 90, enquanto o roteiro ficou a cargo de Fabian Nicieza, um dos roteiristas originais da Era do Apocalipse.

Mas não se enganem: essa não é a mesma realidade alternativa que conhecemos. Para começar, todos nesse território estão cientes da existência de outras nações e da supremacia de Destino, como se o mundo sempre tivesse sido assim. Carol Danvers e Peter Corbeau lideram o distrito humano, e não pretendem deixar seu grupo oprimido por mais tempo. E se Magneto continua liderando os X-Men, sua esposa dessa vez não é Vampira (que continua na equipe mesmo assim), e sim Emma Frost (que pouco participou da saga original).

Doug Ramsey, o Cifra, é o narrador da história, sendo disputado entre os X-Men e os Cavaleiros do Apocalipse. Nessa disputa, várias mortes acontecem dos dois lados, então fica um conselho: não se apegue aos personagens, porque dá pra contar nos dedos quantos deles (de ambos os lados) continuam vivos até o fim...


(estão vendo as figuras acima? Só dois deles sobrevivem a essa batalha - e só um continua vivo até o final da revista...)

Ironicamente, quase ninguém sabe por que Doug é importante; um dos poucos a saber a verdade é o Prelado Scott Summers. A verdade é que, fora o posto de narrador, Cifra não contribui muito para a história; seu grande momento é quando ele descobre, nas entrelinhas de uma conversa entre Summers e os líderes humanos, que eles pretendem destruir o reinado de Apocalipse ameaçando-o com o recentemente desenvolvido Vírus Legado... o problema é que isso também mataria os demais mutantes, e nenhum deles gostaria disso, certo?

Errado: num dos momentos mais surpreendentes da história, Apocalipse entra em cena, revela que sabia da existência do Vírus Legado e quer que ele se espalhe! O motivo? O mesmo que sempre orienta Apocalipse: apenas os mais fortes devem sobreviver. Isso leva os X-Men a se unirem aos guerreiros de En Sabah Nur para combatê-lo - o que termina de forma irônica, quando Apocalipse descobre da pior maneira que ele mesmo não era forte o suficiente para resistir ao vírus...



E como pouca reviravolta é bobagem, descobrimos que ele não era a principal ameaça em seu território: Doutor Bradley - ou Nêmesis -, um subalterno nos laboratórios do Fera Negro, vinha realizando seus próprios experimentos às escondidas e foi o criador do Vírus Legado, entregue aos humanos (que, ao contrário de Apocalipse e Nêmesis, não pretendiam realmente liberá-lo). Mas não é só isso: ele absorveu geneticamente os poderes de centenas de mutantes e a cura do Vírus Legado, para se proclamar (se necessário, à força) o novo Barão dos territórios de Apocalipse, curar todos os mutantes que aceitarem servi-lo e destronar Destino como soberano do Mundo Bélico.

Assim como fizeram contra Apocalipse, heróis e vilões novamente se unem, percebendo a loucura nos planos de Nêmesis. Mas se vencer En Sabah Nur já era difícil, vencer alguém com o poder de praticamente todos os mutantes de seu território (e com parte dos X-Men e Cavaleiros já morta ou enfraquecida na batalha anterior) mostra-se uma tarefa impossível...



Felizmente, o plano de Emma Frost e do Senhor Sinistro teve êxito, ao encontrar uma jovem dada como morta e capturada por Bradley para seus experimentos? Seu nome? Jean Grey. Ao despertar o poder da Fênix, Jean conseguiu destruir Nêmesis, mas o preço a pagar foi alto: o gene mutante foi destruído, e todos os mutantes tornaram-se humanos normais dentro dos territórios de Apocalipse... bem, se isso levar à paz entre todos, talvez tenha sido para a melhor.



A Era do Apocalipse, como dito no começo, recria muito bem a atmosfera de violência e ação desenfreada da saga de mesmo nome dos anos 90, ao mesmo tempo em que apresenta elementos novos e não esquece que todos esses personagens e lugares são só uma parte do Mundo Bélico. Os leitores que esperavam literalmente pelo universo dessa saga inserido no Mundo Bélico podem se decepcionar com algumas mudanças, como o romance entre Magneto e Emma ou a presença do Incinerador (vulgo Adam X) nos X-Men enquanto Dentes-de-Sabre aparece ao lado de Apocalipse, mas em geral as caracterizações são bem semelhantes ao que já conhecíamos - com direito à rivalidade entre Logan e Scott e os sentimentos de ambos por Jean.

No saldo final, temos uma releitura bastante interessante da Era do Apocalipse, e percebemos (se é que isso já não tivesse acontecido nos outros tie-ins) que o Mundo Bélico carrega muito mais tramas do que a minissérie principal de Guerras Secretas nos mostra. Fiquem atentos, porque muitas outras delas serão mostradas aqui nos próximos meses!

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