quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Magneto: Fim do Mundo


Já faz algum tempo que todo o multiverso sofre com uma terrível onda de incursões que aniquilaram diversas realidades. A nossa é uma das últimas remanescentes, mas agora uma incursão derradeira se aproxima da Terra e Magneto fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir que o mesmo aconteça conosco. Acompanhe o arco "Os Últimos Dias de Magneto", narrados pelo escritor Cullen Bunn e os desenhistas Paul Davidson e Gabriel Hernandez Walta em Magneto #18 a #21, publicado em X-Men Extra #29 pela Panini.

Magneto se encontra em Nova York enfrentando sua batalha contra o fim do mundo. Do seu lado se encontra Lorna Dane, sua filha, também conhecida como Polaris e dotada de poderes magnéticos. Ele também recebe o apoio de sua guarda de elite, os Carrascos, que tentam proteger os inocentes ao redor. 




Neste momento decisivo, Magneto relembra diversos momentos marcantes de sua atribulada existência. Ele se lembra de quando tentou cooptar Namor, o Príncipe Submarino, para participar de sua Irmandade de Mutantes. O atlante recusou a oferta, obviamente. Anos depois eles se reencontrariam em Utopia, a antiga base insular dos X-Men, associados à equipe mutante e mais recentemente em Genosha. Nesta última ocasião, Namor entregou a Magneto todas as informações que tinha sobre as incursões para que ele possa agir se necessário. "Se eu falhar, diz o atlante, a tarefa caberá a você. Talvez essa horrenda missão fique mais palatável se você enxergar essa terra paralela como adversária dos mutantes."

Magneto está drenando toda a energia magnética da Terra e pretende fazer o mesmo com o mundo paralelo que se aproxima cada vez mais. Mas este também não pretende se entregar sem luta e manda ao ataque a sua própria versão dos Sentinelas, os robôs caçadores de mutantes. 



A raça humana, que tantas vezes foi ameaçada por Magneto, agora o reconhece como seu salvador e deposita nele suas últimas esperanças de sobrevivência. Um fato assustador que não passa despercebido por Lorna Dane. 

Para que Magneto consiga manter esse nível altíssimo de poder, ele tem recorrido constantemente a doses de MGH, o hormônio de crescimento de poderes mutantes, fabricado por um químico  a serviço dele. Magneto foi novamente a seu encontro para pressioná-lo para que seu poder aumente ainda mais, mas a única solução que o homem apresenta é capaz de matá-lo em poucos segundos. Briar Raleigh, com quem o mutante tem um relacionamento controverso, tenta acalmar a situação e o alerta de que ampliar seus poderes artificialmente o tempo todo pode levá-lo a seu fim. Magneto concorda com ela, mas mesmo assim está disposto a correr o risco. 

Eles acabam recorrendo ao infame Homem-Doce, um cientista disforme que se exilou no nosso planeta ao fugir da Era de Apocalipse. A criatura apresenta a eles os planos de um dispositivo capaz de reunir e amplificar energias magnéticas. Magneto os aceita, satisfeito, e assassina o cientista por considerá-lo "um cancro que ameaçava a espécie mutante".

Magneto estuda os planos para montar o dispositivo amplificador. Em seguida, ele se dirige a Briar para esclarecer uma questão ainda em aberto. Ele reconhece que ela tem sido bastante útil ao lhe fornecer informações convenientes e pistas para seguir, mas ele exige saber de uma coisa: "quem você realmente é, Briar?"

Briar finalmente lhe conta que foi vítima de um ataque dele em Seattle, quando estava lá para visitar um namorado. Ela acrescenta que seus pais eram "podres de ricos" e que tinha tudo que queria, mas era uma vida muito tediosa. Nos meses de fisioterapia que se seguiram após o incidente, ela não parava de pensar no mutante e com o tempo compreendeu suas razões. Ela achou que poderia ajudá-lo de alguma forma, direcionando suas ações com maior precisão e evitando novos danos colaterais em pessoas inocentes. 

Magneto não acredita em sua explicação e agride a moça com seu poder. Ela diz que gosta "deste lado" dele e acrescenta que "é a dor que nos mantêm vivos". Magneto a liberta e diz que vai realizar o desejo dela de estar "face a face com a morte" e que seguirão juntos até o fim.



Briar se retira para se encontrar com a Agente Rodriguez, da SHIELD, simpatizante da causa mutante, para lhe entregar informações sobre o "projeto secreto" que Magneto está trabalhando. A agente revela que sua superior, Haines, convenceu a agência a efetuar um ataque a Genosha e sugere a evacuação da ilha antes da ofensiva. Briar pede a Rodriguez que ajude Magneto a ganhar tempo e, quem sabe, "convencer a SHIELD a dar uma forcinha". Felizmente, no calor da batalha, isso realmente acontece quando os Carrascos soltam os amplificadores com a cobertura do aeroporta-aviões comandando por Haines. 

O nível de poder de Magneto não para de crescer, mas ainda não é o suficiente. Ele pede perdão a Lorna pelo que está prestes a fazer e rouba os poderes de sua filha. Em seguida, vemos como Briar se encontrou com Lorna anteriormente para pedir ajuda, já que Magneto está montado um ataque suicida e que ele certamente gostaria de ter a filha do lado, mas não às custas da vida dela. O mutante se pergunta se não haveria uma contraparte dele neste mundo paralelo tentando fazer o mesmo que ele. Na verdade, ele ignora que o Magneto deste mundo morreu por causa das consequências do maremoto Ultimatum, lançado por ele na cidade de Nova York do Universo Ultimate.
Nesta hora definitiva, Magneto se recorda de quando enfrentou os X-Men originais pela primeira vez no Cabo Cidadela, o que revelou ao mundo a existência do "homo superior". Em seguida, ele se lembra de quando afundou o submarino soviético Leningrado como retaliação a um ataque que sofreu. Ele também se lembra de quando se tornou soberano de Genosha pela primeira vez, mas a ilha sofreria um ataque devastador de Sentinelas causado por Cassandra Nova, a irmã gêmea de Charles Xavier. Outra lembrança que lhe chega é de quando removeu o adamantium dos ossos de Wolverine e do ataque em Seattle que vitimou Briar. 

Magneto, nos últimos instantes de sua existência, reconhece que ódio, fúria e medo dirigiram suas ações e que isso sufocou as vozes das pessoas que jurou defender e de outras que até poderiam ajudá-lo em sua causa: "Ah, Charles, por que não enxerguei?" Em seguida, seu corpo é consumido pela enorme quantidade de poder e seu capacete cai ao solo.



Briar e Lorna percebem que Magneto morreu e que não há mais o que fazer a não ser aceitar o inevitável. Cabe a Lorna uma reflexão que não deixa de mostrar a trágica ironia da situação, antes da incursão consumir a Terra por completo: "Meu pai sempre odiou este mundo e estas pessoas mas, ainda assim, ele tentou defendê-los."

Que final espetacular para aquele que se revelou como o melhor título mutante da atualidade. Como é bom ver um escritor que compreende a essência de seu protagonista, que era fazer o que achava certo sem medir esforços e consequências. Foi um final digno para um grande personagem. O escritor ainda teve o mérito de manter a consistência de seu trabalho sem ser afetado pelos diversos eventos da "Casa das Ideias" e soube tirar um bom partido deles. 

Sobre Briar Raleigh, pareceu-me que ela era mais aliada a seus próprios interesses doentios do que propriamente ser uma aliada de Magneto ou uma agente dupla de SHIELD. Acho que o encerramento do título por causa de Guerra Secretas talvez tenha prejudicado um maior desenvolvimento das motivações de uma personagem interessante, que soube manipular Magneto muito bem. 



O desenhista Paul Davidson foi o responsável pelas edições de #18 a #20. Ele fez um trabalho interessante, porém mais convencional, mas ele manteve uma característica da série que era utilizar traços de estilos diferentes em passagens em "flashback", respeitando o visual dos personagens na época. Na edição #21, que encerrou o título, tivemos o desenhista Gabriel Hernandez Walta, que desenhou a maioria das edições. Uma pena que ele não desenhou esse último arco todo. Como sempre, ele foi muito bem acompanhado pela colorista Jordie Bellaire, que já elogiei aqui anteriormente e que merecidamente ganhou o Eisner Awards pelo seu trabalho nesta série. 

Ouso dizer que Magneto, apesar de seus inúmeros pecados e contradições, foi mais heroico do que os diversos heróis que abandonaram a Terra para escapar da última incursão. Gostaria de que os leitores falassem sobre isso nos comentários, concordando ou não comigo. 


C@rlos

comments powered by Disqus