sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Guerras Secretas: Esquadrão Sinistro



Antes mesmo de se encontrar a tal famigerada arca da Cabala da Terra 616 por lá, o domínio de Utópolis já era por demais complicado. Aquela era a terra da realidade em que o dito Esquadrão Sinistro prevaleceu não só como heróis do seu povo mas também como regentes do mesmo. Mark Milton, mais conhecido como Hipérion, era o Rei do lugar e foi o responsável por aumentar os pedaços de seu domínio aos poucos com invasões e pequenas disputas em territórios menores de outros domínios que sequer as vezes são importantes o suficiente para aparecer no mapa de Latvérion.



A província de Suprêmia foi o último lugar forçadamente anexado a Utópolis, quando o Esquadrão Sinistro eliminou cruelmente seus protetores e equivalentes daquele lugar, o Esquadrão Supremo. Era o oitavo terreno anexado naquela semana e todos eles acabavam pagando um tributo a Utópolis com porcentagem de comida e taxas. Essa nova aquisição acabou chamando a atenção mais uma vez do Thor de Ferro responsável pelo local e colocando cada vez mais a posição de Hipérion em terreno delicado. O super-herói radiativo afirmou categoricamente que depois de pacificado, só havia paz nas províncias anexadas. Suprêmia também não se entregará passivamente a esse último ataque também. Mesmo sem seus guardiões, há outros heróis a lutar ali.

O Reinado de Hipérion é regido na base do terror. Um exemplo claro de como funciona acontece na breve narrativa em que o Homem do Amanhã faz justiça a um ladrão de ração arrancando-lhe os braços. Em regimes controlados pelo medo, muitas vezes a lealdade é apenas fugaz e percebe-se no decorrer desta trama que entre os demais membros do Esquadrão, há provavelmente conspiradores. E é assim, que no começo de uma noite fogosa com Zarda, a Mulher Guerreira, Hipérion se vê em apuros ao encontrar o Thor de Ferro morto em seu quarto. Para não cair na ira de Destino, o Esquadrão Sinistro deve descobrir juntos quem matou aquele membro da Tropa Thor.

Paralelamente a esse problema, os Sinistros realizam um outro ataque a outra terra a ser anexada, lugar governado pelo Doutor Zero, a Província Sombria. Tudo na verdade foi uma bela desculpa para roubar do lugar uma arma perigosa para Hipérion alimentada por Aragonita, sua única fraqueza. O Falcão Noturno foi o membro da equipe que se infiltrou primeiro no lugar e ao final de tudo entregou a arma para o líder como prova de sua lealdade. Curiosamente, vemos aqui a falta de confiança entre os membros do grupo ao ver que nem Hipérion acreditou muito no gesto como também Kyle Richmond revelou-se como um verdadeiro manipulador dentro do Esquadrão e já exausto dos desmandos do líder da equipe. Mas ele não está só nessa conspiração já que Zarda está se aliando com rebeldes da província de Neotopia.



Enquanto o tempo corre contra Hipérion, as peças desse jogo de Xadrez vão ficando cada vez mais complicadas. Falcão Noturno tenta convencer outro membro do Esquadrão Sinistro, o Tufão, a também trair Hipérion. Já num lugar neutro, nos Domínios dos Desertos, Hipérion e os demais discutem com uma versão diferente do Quarteto Terrível que também vem criando instabilidade nas províncias ao redor de Utópolis e atacava constantemente a província de Europix.

Ao lado disso, vemos mais conspirações se formando sem conhecimento do Rei de Utópolis. Zarda tem encontros em segredo com Mark Hazzard, que é uma clara referência ao personagem desconhecido Merc criado nos anos 80. Ele se junta a outros poderosos em sua província para criar uma resistência - Jennifer Swenson também conhecida como Spitire e cujo pai é criador das armaduras MAX, Jack Magniconte cujo codinome é Torpedos e Kennetch Connell, o Estigma. Para reforçar o lado deles, Estigma daria uma porcentagem de seu poder infinitesimal para outros rebeldes também lutarem lado a lado. Todos esses personagens referem-se ao Novo Universo, selo criado e descontinuado da Marvel naquela década.



Como era de se esperar, o Mago ignora completamente os avisos de Mark Milton e faz com que o Quarteto Terrível ataque o território em guerra de Europix. Daí, se desenrolam nas páginas da revista uma mega batalha entre os dois lados. No fim, após a derrota e morte de alguns dos vilões, Hipérion usa mais uma vez seu braço de ferro (e rajadas ópticas) para impor a anexação deste terreno a Utópolis. O único levado com vida ali foi Pete Pote de Pasta que serviria bem ao joguete de Richmond.

De volta a base, o Esquadrão descobre que alguém invadiu o lugar deles e roubou a arma de aragonita de lá. As evidência apontadas por Kyle Richmond levam a crer que tenha sido o Homem-Areia que escapuliu durante a briga. Mais tarde, descobrimos que de fato foi William Baker quem roubou a arma, mas a pedido do próprio Falcão Noturno. Depois, Richmond resolve confrontar o prisioneiro Pete Pote de Pasta, e o vilão aponta que foi Tufão quem roubou a arma. Tudo não passava de mais uma manipulação do Falcão Noturno, que viu a fúria de Hipérion desintegrar o colega velocista da equipe no ato.



O próximo alvo da lista seria o próprio Doutor Espectro, que o Falcão Noturno deu um jeito de enganá-lo ao ponto de fazer com que ele não só aposentasse seu manto de herói e escondesse seus rastros de Destino, como o fez entregar para ele o cristal que lhe conferia os poderes. Assim, o Esquadrão Sinistro estava praticamente esfacelado quando houve o ataque da resistência de Neópolis. Mesmo desfalcado, Hipérion estava irritado o suficiente para acabar com todos os seus opositores, dizimando seus heróis um a um.

 Não restou outra alternativa para a Mulher Guerreira fingir ter sido abatida pelos colegas de Neópolis e dar uma chance de eles escaparem pra lutar outro dia. Falcão Noturno aproveitou-se da situação para explicar que a ausência do Doutor Espectro só poderia ser justificada por ele ser o acusado de matar o Thor de Ferro. Já ao se encontrar sozinho com Zarda, orientou-a a deixar Utópolis. No dia seguinte, Mark acordaria de extremo mau humor e era bom que somente Kyle estivesse ali para lhe desejar o "bom dia".



A luta final acontece entre Mark e Richmond num descarado plágio, homenagem o paródia (chame do que quiser) a Cavaleiro das Trevas. De cara, Hipérion é enfraquecido graças a um tiro da arma de aragonita. Depois, de posse da pedra do Doutor Espectro, o Falcão Noturno recriou uma armadura energética de combate e começa a espancar o déspota de Utópolis. Sem qualquer chance na luta, Hammond decide matar Mark Milton de mãos vazias, sem poderes, quebrando seu pescoço na frente de todos. Era o fim daquele Reinado de medo no Domínio, mas não acabou para o Falcão. Ao virar-se, topou com uma Tropa de Thors e a traidora Zarda. Kyle Richmond agora iria arcar com as consequências de suas violações diretamente com Destino.



Na defesa contra as acusações de Destino, Richmond conseguiu se safar bem das acusações de ter matado o Thor de Ferro, já que para tal havia usado uma joia de um espectro morto em outro universo para tal. Contudo, seus jogos para destronar um Barão sem o consentimento de Destino não passariam impunes. Sua punição, como a de muitos outros ali, seria o Escudo.Já Utópolis e Neopólis conheciam naquele dia uma nova definição de liberdade.

Já fazia um tempo que Marc Guggenheim não escrevia pra Marvel e seu retorno, mesmo que breve por aqui, mostra que ele ainda tem muito o que contar com seus roteiros afiados. Apesar de ser uma história tradicional em torno da mesma trama comum ao Esquadrão Sinistro (de heróis autoritários), não deixa de ser fascinante ver como ele elaborada os encaixes do plano do Falcão Noturno na trama. Carlos Pacheco está na arte e é uma lenda contemporânea que dispensa até os elogios que possa fazer a sua arte aqui.

A história que acompanha esse encadernado é ideal para fãs de combates "versus". Aqui, o Maestro do domínio de Distopia vai encarar o Surfista Prateado que quer sua prancha de volta. Quem vai se dar bem nessa?

Coveiro

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