segunda-feira, 31 de julho de 2017

40 anos da Mulher-Aranha!

A maioria não deve saber, mas neste ano Jessica Drew, a Mulher-Aranha original, faz 40 anos de história. Para não deixar passar em branco trago aqui um breve artigo cobrindo os marcos mais importantes da personagem.



A Mulher-Aranha apareceu pela primeira vez em Marvel Spotlight (1971) #32, de fevereiro de 1977, com roteiro de Archie Goodwin e arte de Sal Buscema e Jim Mooney. Essa edição trouxe parte da sua origem, mostrando que era uma agente da HIDRA cuja missão era matar Nick Fury. Porém, quando Fury mostra a verdade sobre a HIDRA, a Mulher-Aranha se volta contra a organização terrorista e vai atrás Otto Vermis, o líder da HIDRA que a havia recrutado e enganado. Ele a chantageia para escapar da SHIELD em troca de revelar os segredos de seu passado. Ele diz que ela havia saído de um acelerador genético, no qual havia sido selada há anos pelo Alto Evolucionário. Wundagore era o lugar onde ela estava e do qual escapou. Ela foi viver em uma vila e algum tempo depois foi recrutada pela HIDRA. Vermis então vai embora no jato, mas Jessica (seu nome ainda não é revelado nessa edição) consegue alcançar o jato, fazendo com que seja abatido.
Sabendo agora sua origem ela segue caminho sem rumo.

Esse seu primeiro plot na verdade seria estendido no arco que ocorreu em Marvel Two in One #30-33, o título do Coisa no qual cada edição era com um outro personagem da casa das ideias. Mas não vou entrar em detalhes neste artigo. O leitor pode saber mais sobre a origem da Mulher-Aranha aqui.



Já no ano seguinte, em 1978, a Mulher-Aranha teve seu primeiro título solo, inicialmente com roteiros de Marv Wolfman e arte de Carmine Infantino. A série durou 50 edições e por ela passaram nomes como Mark GruenwaldMichael Fleisher, Chris ClaremontAnn Nocenti. Os plots mais importantes a serem destacados são os seguintes:

- Fase Marv Wolfman e Mark Gruenwald

Jessica tem de se readaptar à vida pois foi selada desde a infância e não possui experiência de vida pessoal ou professional. Também tem de descobrir como equilibrar sua vida de civil com a de Mulher-Aranha. Os coadjuvantes mais importantes são o seu namorado Jerry Hunt, um agente da SHIELD; Magnus, um mago que acabou sendo uma espécie de mentor para Jessica (e que veio a ser importante no final do título); e Lindsay McCabe, uma atriz que acabou se tornando a sua melhor amiga. Vale mencionar aqui que a maior vilã dessa fase foi a Morgan Le Fey.

Também se destaca nessa fase a descoberta da verdade sobre a origem da Mulher-Aranha e sobre seu pai, a qual ela obteve com a ajuda de Magnus e Hunt. Jonathan Drew era um cientista que estava fazendo pesquisas  com urânio ao lado de Herbert Wyndham. A exposição ao urânio deixou Jessica (na época ainda criança) com risco de morte. Seu pai injetou-lhe um soro feito com sangue de várias espécies de aranha que tinham capacidades regenerativas. Ela foi selada em um acelerador genético criado por Wyndham para acelerar o processo, mas não teve efeito. Depois que Wyndham se tornou o Alto Evolucionário deixou Jessica (que havia ficado em estase desde então) num lugar chamado Wundagore. Também é revelado que Mirian Drew, mãe de Jessica, morreu pouco tempo depois de ela ter sido selada. Na edição 7 é revelado que Jonathan foi obrigado a trabalhar para a empresa Pyrotechnics, por um deputado chamado Wyatt, que a comandava. E Jonathan acabou sendo morto por ele. Wyatt foi morto durante uma perseguição pela SHIELD nessa edição.

Além disso, vale mencionar que Lindsay foi um elemento importante para ajudar Jessica a se readaptar. Mas inicialmente ela não sabia que sua amiga era a Mulher-Aranha. Em determinado momento dessa fase, as duas acabam morando juntas em Los Angeles. Essa amizade veio a ser desenvolvida durante todo o título.



- Fase Michael Fleisher

O que mais se destaca aqui, além do desenvolvimento da amizade com Lindsay, é a nova fase de Jessica Drew e um amadurecimento da personagem. Ela estava trabalhando em parceira com Scotty McDowel, um ex-policial investigativo que perdeu o movimento das pernas em uma missão. Ele identificava as oportunidades de casos, investigava usando os seus recursos e sua experiência, e a Mulher-Aranha ficava com a parte da ação. Além disso, Scott também sabe a identidade secreta da Mulher-Aranha. A relação entre os dois é carismática e bem trabalhada durante a fase.



- Fase Chris Claremont

Claremont já começa mostrando um desentendimento entre Jessica e Scott, fazendo com que os dois deixem de trabalhar juntos. Lindsay vai morar em São Francisco e Jessica acompanha sua amiga. É nessa fase que uma das características mais importantes da personagem foi introduzida: Jessica Drew torna-se uma investigadora particular. Característica essa que veio até a influenciar na criação da Jessica Jones, por Brian Michael Bendis. Além disso, temos arcos com os X-Men e com os Vingadores (em Avengers Annual #10, no qual Jessica veio a conhecer Carol Danvers, a Capitã Marvel, que viria a se tornar uma grande amiga), os quais Claremont escrevia na época. Há também um arco com a HIDRA, mais especificamente a Madame HIDRA. Nele Lindsay foi gravemente ferida e quando estava se recuperando revela que sabia que Jessica era a Mulher-Aranha desde que foram morar juntas em Los Angeles. Por sorte ela consegue se recuperar bem e Jessica pôde continuar com sua grande amizade.



- Fase Ann Nocenti

As últimas edições mostraram a volta de Magnus e de diversos outros coadjuvantes que fizeram presença no título. O arco trouxe também de volta a Morgan Le Fey e só veio a ser finalizado em The Mighty Avengers #240-241, de Roger Stern, com consultoria de Nocenti. Foi aí que Jessica Drew perdeu seus poderes e passou a atuar apenas como investigadora particular.

Após o cancelamento do seu título a Mulher-Aranha voltaria a aparecer regularmente no título solo do Wolverine de Chris Claremont do final dos anos 1980, como coadjuvante (apenas como Jessica Drew), também com a presença de Lindsay McCabe. Ela também participou do Spider-Woman (1999), um título com a Mattie Franklim, e de um arco de Alias, com a Jessica Jones, no início dos anos 2000.



Para ver outros detalhes do título clique aqui.

Porém, como a maior parte dos leitores deve saber, a Mulher-Aranha voltou a ter destaque na editora a partir de 2005, em Novos Vingadores de Brian Michael Bendis.

Não vou entrar em detalhes aqui. Caso o leitor queira saber mais sobre essa época é só ler este artigo. O que é importante mencionar é que foi através desse título que a Mulher-Aranha passou a ser plenamente desenvolvida depois de duas décadas quase sem aparecer. O leitor deve saber que aquela Jessica Drew no início do título era na verdade a Rainha Skrull e a verdade só viria à tona em Invasão Secreta. O título trabalhou novamente a ligação passada dela com a HIDRA, deixou Jessica novamente numa situação complicada de ter de se adaptar e adquirir confiança em si mesma depois de tanto tempo afastada (devido aos Skrulls). E foi o Wolverine quem a convidou para integrar os Novos Vingadores depois da Invasão Secreta. Ela também veio a fazer parte da equipe principal dos Vingadores após a queda de Norman Osborn em O Cerco e dos Vingadores Secretos da fase de Alex Kot. E na época da Marvel Now foi membro da enorme equipe dos Vingadores da fase de Jonathan Hickman.





Já em 2006, Bendis escreveu uma minissérie trazendo uma nova origem para a Mulher-Aranha. Diferente da origem antiga, Jessica estava com risco de morte quando ainda estava em gestação. Mas, semelhante à outra origem, seu pai usa um soro de aranha com capacidades regenerativas e a salva. Outro fator alterado foi o fato de que seu pai, Jonathan Drew  trabalhava para a HIDRA e era um pai violento. Para descobrir mais sobre o DNA de Jessica e suas capacidades, ele tinha de retirar amostras de sangue da criança constantemente. Mas em determinando momento ela já não queria mais tirar o sangue e sua mãe, Mirian, tenta impedir que ele insista. É aí que Jonathan agride Mirian gravemente e isso faz com que Jessica manifeste seus poderes bioelétricos pela primeira vez, parando o seu pai. Ela desmaia e só vem a acordar anos depois, em meados de sua adolescência, numa base da HIDRA.
O resto é semelhante, com pequenas diferenças em relação à origem anterior. Ela é treinada e enganada pela HIDRA e só vem descobrir a verdade na sua grande missão de matar Nick Fury. No final da mini, Jessica reencontra seu pai e descobre que ele estava trabalhando mesmo para a HIDRA de livre e espontânea vontade. A série se encerra em São Francisco, com Nick Fury convidando Jessica para ser uma agente da SHIELD. Naquele momento ela não aceita pois queria ser investigadora particular e a única super-heroína de São Francisco, a Mulher-Aranha. Para saber mais detalhes dessa origem veja o artigo do link acima.



Pouco tempo depois da Invasão Secreta, em 2009, Bendis escreveu um título solo da Mulher-Aranha. A série mostrou como Jessica fez para se readaptar depois do tempo em que esteve afastada. Ela é contratada por Abigail Brand para ser uma agente da SWORD e caçar um determinado Skrull que ainda estava na Terra. Com isso, o título trabalha também sua faceta de investigadora. Não posso me alongar muito por aqui, mas deixo claro que acho que esse foi o melhor título da Mulher-Aranha até hoje (embora muito curto), sendo a narrativa mais adequada à personagem e a melhor maneira de desenvolvê-la. Para saber por que e ver os detalhes, é só conferir aqui.



Os leitores de Aranhaverso devem estar acompanhando o seu mais recente título solo, com roteiros de Dennis Hopeless. Essa série começa com um tie-in de Spider-Verse, mas logo traz um novo status quo e até mesmo uma narrativa completamente diferente (bastante descontraída e descompromissada), nunca antes usada com a personagem. Além disso, a Mulher-Aranha também ganha um novo uniforme. O título acaba sendo muito divertido, mas também tendo seus momentos mais profundos. Esse volume - Spider-Woman (2015) durou 10 edições. 


Apesar de reconhecer que é um bom título e de gostar dos roteiros do Dennis Hopeless em geral, ainda prefiro o estilo de narrativa utilizado por Bendis no título de 2009. Mas caso o leitor queira saber os detalhes do título de Hopeless é só clicar aqui e aqui.

O título foi renumerado após as Guerras Secretas de Jonathan Hickman e durou 17 edições, também com roteiros de Hopeless. Você pode conferir uma resenha sobre uma edição desse volume aqui no site, a respeito de seu novo status-quo como mãe. Minha opinião sobre o volume é semelhante a do anterior e acho que essa decisão tomada nele foi precipitada, mas também não deixou de ser interessante e promissor. Porém, só vou falar sobre ele em detalhes em outra ocasião.


Em relação aos poderes dela, as únicas diferenças em relação aos do Homem-Aranha é que ela é capaz de gerar uma energia bioelétrica; possui um metabolismo que a permite ficar imune a qualquer gás, veneno ou radiação a qual seja exposta; e depois que recuperou seus poderes ganhou a capacidade de voar (antes só podia planar, com a ajuda de seu uniforme). Vale mencionar que ela não tem sentido de aranha. Para ver mais detalhes sobre seus poderes clique aqui.


E pra quem não sabe a Mulher-Aranha também teve uma série animada, em 1979. É muito diferente dos quadrinhos e descompromissada. Não recomendo para quem desconhece a personagem e quer conhecê-la por esse meio. Mas é boa para quem quer apenas se divertir um pouco. Caso o leitor queira saber detalhes é só ver aqui.


Para finalizar, podemos mencionar a curiosidade das semelhanças entre a Mulher-Aranha e a Jessica Jones. Mesmos nomes? Vai um pouco além disso. Os leitores que pesquisaram um pouco a repeito da Jessica Jones devido ao seu seriado na Netflix talvez tenham visto que ela surgiu a partir de uma ideia que seria usada para uma revista da Mulher-Aranha. Para saber essa e outras curiosidades é só ver este artigo, que já referenciei acima.


A Mulher-Aranha está há 40 anos na editora e, como já mencionei, voltou a ter mais destaque a partir dos Novos Vigadores de Bendis em 2005. O leitor pode não gostar do Bendis (eu mesmo tenho críticas negativas a ele também), mas sem ele a Jessica Drew não teria voltado a ter esse destaque. E os plots envolvendo ela em Novos Vingadores foram muito bem planejados. Com o anúncio de que os Skrulls estão no MCU e que eles estarão na trama do filme da Capitã Marvel em 2019 (lembrando que ela e a Mulher-Aranha são grandes amigas nos quadrinhos), com a HIDRA já fazendo parte do MCU desde o início, e com mais gente querendo ver filmes de super-heroínas, espero que a Marvel Studios já esteja planejando um filme da Mulher-Aranha para a fase 4. E espero que ela continue tendo o destaque que tem tido nos quadrinhos nesses últimos 12 anos.

Caso o leitor queira ver todos os artigos da série que fiz marcando essa data é só clicar aqui e seguir a ordem de publicação. Também fiz em inglês aqui, na mesma ordem.

Parabéns a todos os que trabalharam a personagem e, claro, à Mulher-Aranha. Que venham mais e mais anos de Jessica Drew por aí. 

André Marques - The Amazing Spider-BlogAracnofã

Colaborador do site Marvel 616

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