quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

As influências do Brasil no filme do Pantera Negra



Com ótimos relatos de quem assistiu o filme e com um recorde de pré-venda de ingressos de todos os filmes da Marvel Studios, Pantera Negra tem tudo pra ser um sucesso mundial. No Brasil, pode ser ainda mais já que a produção falou em recente entrevista que tem muita coisa do Brasil naquele filme, mais do que imaginámos a respeito:

“Muitos dos meus filmes preferidos são feitos a partir de uma perspectiva da qual o cineasta faz parte. Acho que muito bom o cinema internacional, filmes como 'Cidade de Deus', que eu amo, trazem uma perspectiva muito interna a um lugar, surgem a partir do amor por um lugar ou grupo de pessoas, em vez de ser alguém de fora olhando para aquilo. Gosto muito de filmes que parecem feitos a partir de dentro, que parecem que o cineasta tem uma um amor, umas perspectivas pessoais. Fiquei animado deles [a Marvel] estarem procurando cineastas afrodescendentes para o filme. Acho que era a melhor coisa a se fazer” contou o diretor Ryan Coogler numa entrevista feita pelo Uol.

Ryan nascido em Oakland, São Francisco nunca tinha saído dos EUA até seu filme FruitVale Station: Ultima Parada ser selecionado ao Cannes na França. “Através dos filmes, eu sentia que estava viajando para o Brasil, para o Reino Unido, para a França. A coisa mais incrível de ‘Cidade de Deus’ é que parecia o meu bairro. Eu ouvi histórias como aquelas, conheci pessoas parecidas com o Zé Pequeno. Aquilo me fez pensar: 'Uau, o Brasil é igual a aqui'. Isso é incrível, as pessoas falam outra língua, mas parecia Oakland.Se eu posso assistir a um filme que é 100% em português e acompanhá-lo, vibrar com ele, sentir que estou lá e me reconhecer naqueles personagens, isso te dá um clique e você percebe que existe uma ligação universal” falou

Coogler também acredita que acima de tudo "Pantera Negra" terá essa ligação. “[Essa identificação] é o que nós fazemos todos os dias quando assistimos a filmes sobre brancos, quando assistimos a 'Game of Thrones', O Senhor dos Anéis', 'Homem-Aranha', todos os 'Batman'... E não tem como argumentar que não funciona na direção contrária também. Acho que pode funcionar [para o público branco de ‘Pantera Negra’] do mesmo jeito que funcionou para mim quando estava vendo todos aqueles filmes” colocou.

Já o ator Chadwick Boseman comentou outra coisa particular do filme com o Brasil. "Focamos no máximo de estilos de luta que pudemos, porque eu senti que o Pantera precisava ter um grau de versatilidade. Ele precisava poder lutar de perto e de longe, de pé e sentado, voando e se agarrando. E precisava ter uma nfluência africana. Então, focamos em dambe (boxe tradicional da Nigéria), luta de bastões zulu, luta livre senegalesa, capoeira de Angola e regional [baiana]”, explicou Boseman também ao Uol.

“Ele é um estrategista. Ele faz certas coisas porque tem a habilidade física para isso, mas também porque pensa na estratégia, então ele precisa poder lutar de maneiras diferentes, a distâncias diferentes, níveis diferentes. Falando especificamente sobre capoeira, ela tem um elemento trapaceiro, de artimanhas, e de ritual, que eu acho que faz parte do estilo de luta dele” lembrou o ator.

Sobre os estilos de luta, Ryan Coogler já havia comentado em outras entrevistas que teria um diferencial em Pantera Negra. "Nunca houve um filme sobre um personagem como T'Challa antes. Já fizeram um monte de filmes de superheróis, e como fã de quadrinhos e filmes de superheróis, eu sinto que já vimos muito até este ponto. E eu acho que o elemento cultural aqui e como as especificidades culturais tem função nesse filme vão fazer dele algo único" disse ao Fandango.

Já ao CNET, o diretor falou que era "Algo especial" e disse que "é uma tremenda oportunidade. Não apenas para mim mas para todos nós saírmos da caixa. Não é só para os negros saírem das caixas. Todo mundo está animado com a oportunidade de fazer algo que já deveríamos ter feito. As pessoas estão animadas de ver coisas novas, mas eu acho que eles estão mais animados de verem coisas que já deveriam ter sido feitas antes" falou.

Além de Boseman, o filme conta Michael B. Jordan como o grande antagonista Erik Killmonger, considerado pelos primeiros críticos como um vilão grandioso como não víamos desde Loki. Também estão no filme Lupita Nyong’o, Danai Gurira, Angela Basset, Forrest Whitaker, Daniel Kaluuya, Martin Freeman, Ulysses Klaue e Letitia Wright.

Coveiro

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