quinta-feira, 19 de julho de 2018

Miss Marvel: Guerra Civil II

A Panini finalmente colocou quase em dia a série de histórias da Khamala Khan, a nossa querida Miss Marvel, após os últimos lançamentos no começo deste ano. E em Ms. Marvel: Guerra Civil II veremos a novata heróina em um baita conflito interno ao ter que decidir entre agradar a sua ídolo e fazer o que acredita o que é realmente certo nessa questão de Justiça Premonitória. E já adianto uma coisa - G. Willow Wilson mandou muito melhor na argumentação do assunto do que o Bendis fez durante toda a série principal.



Antes de começar dentro do polêmico assunto, a primeira história da Ms. Marvel neste volume pega um pouco mais leve. Traz um memorável conflito entre os colégios de Nova Jersey e de Nova York na Ultramegafeira de Ciências Tri-Estadual. Basicamente, o que vemos aqui é Khamala, Bruno e seus amigos contra Miles Morales, Ganke e seus colegas. Numa narrativa divertida, a competição fica ultra acirrada, levando os dois heróis que não tinham suas identidades secretas apresentadas formalmente a usar até mesmo seus poderes para bisbilhotar os planos de um e dos outros na briga pela vitória na competição entre os colégios. No fim, uma invenção maluca do Bruno dá muito errado, tudo explode e Ms Marvel e o jovem Homem-Aranha vestes seus trajes para ajudar os feridos (contando ainda com a presença providencial do Nova que chega a tempo). Animosidades resolvidas e civis salvos, Miles e Kamala fazem trégua e deixam a competição mal fadada de lado.

Então, temos a história pra valer ligada a minissérie a seguir. A primeira coisa que deve-se notar é que Adrian Alphona, responsável pela história anterior, somente participará da arte das cenas de flashback daqui pra frente. Em prólogos e interlúdios, o artista conta a história da família Khan, que desde a cisão da India e Paquistão em 1947 viveu eternamente migrando. O que parece unir as gerações ano a ano é um bracelete antigo da bisavó materna da Khamala, que ela usa até hoje em seu traje de Ms Marvel. Essas pequenas cenas são pra lá de importantes para o desenrolar do futuro deste mesmo arco.

Já a história principal, passada no presente, é assinada por Takeshi Miyazawa. A autora já supõe que você esteja bem familiarizado com o que o Bendis propôs na minissérie e te coloca já direto na cena em que vemos Khamala subindo até a estação espacial e ganhando uma missão pra lá de importante da heróina que a inspirou, Carol Danvers. A Capitã Marvel a incube de liderar um grupo de quatro jovens cadetes voluntários - Becky, Jonah, Heather e Marco - que irão cuidar de missões para impedir as previsões de Ulysses. Apesar das dúvidas iniciais de que o sistema de previsão de Ulysses lembrava um pouco o que era feito em 'perfilhamento criminal', a jovem aceito a missão e estava destinada a não decepcionar sua ídolo. Khamala mal tinha ideia de como isso não seria simples.


A primeira missão foi tranquila, tinham que impedir Traquinas, líder da gangue de ninjas canadenses (é isso mesmo, não me pergunte mais nada) e parar seu tanque de causar nas ruas. Contudo, as ações do grupo de ação premonitória no lugar começou a atrair desconfianças das pessoas nas ruas e Kamala teve que ouvir até mesmo em sua casa a sua cunhada Tyesha ter ressalvas com o que estava sendo feito. Kamala tentou defender o outro lado pra moça, mas pagaria pela língua algumas horas depois. A próxima ação do grupo invadiu a casa de Josh, colega da escola de Khan, que ninguém suspeitaria que fosse capaz de explodir a escola como se especulava.



Só que Josh realmente pensou em realmente causar um incidente pequeno lá, sem ter ideias das consequências, só para chamar a atenção da sua ex-namorada Zoe. Khamala tentou de todas as maneiras impedir a prisão de Josh alegando que seria algo desnecessário, acabou criando uma indisposição com a cadete Becky St. Jude e seu pedido foi negado pela própria Carol Danvers. Segundo Capitã Marvel, a justiça não deveria ser atenuada quando amigos eram envolvidos. Acabou que Bruno, Nakya e a própria Zoe forçaram a entrada do lugar onde os detentos da milícia premonitória estavam presos e tentaram tirar Josh, mas foi tudo em vão.

Insatisfeito, Bruno tentou sozinho arrombar o lugar onde Josh estava preso a noite usando uma de suas geringonças e acabou ferido. Khamala o encontrou após a explosão muito ferido e o levou correndo pro hospital num estado muito grave. No hospital, o diagnóstico era grave, se sobrevivesse teria por tempo indefinido parte do seu corpo paralisado. Aquilo foi a gota d'água para Khan. Ela foi até os cadetes anunciar o fim da intervenção em Nova Jersey e isso a levou em confronto direto com Becky, que usou uma armadura reluzente para a atacar.



O confronto das duas se estendeu por algumas páginas até que a Capitã Marvel em pessoa chegou para pará-las. Danvers chamou Khan a parte e contou sobre suas perdas e como era importante pra ela que o sistema de previsão de Ulysses funcionasse. Khan, no entanto, já não estava mais tão vendida aquela idea. Decidiu então fazer uma encenação para testar o sistema. Para tal, Kamala convocou Traquinas, o líder dos Ninjas Canadenses de Nova Jersey que foi recém liberado, a fingir um ataque com bombas na cidade e ver se Ulysses perceberia ou não armação.

Como era de se esperar, Ulysses previu a ação de Traquinas, mas não que era armação (apesar de que no fim  havia bombas, mas as intenções ainda eram outras). O lugar virou então um novo campo de batalhas entre ela e Becky e não demorou para a Capitã Marvel chegar mais uma vez. Carol estava muito brava com tudo, ouviu toda a questão da Ms Marvel que ressaltou como a situação poderia estar criando novas vítimas ao invés das previstas e como apesar do sistema de predição ser eficiente, isso não queria dizer que a Justiça estava sendo aplicada corretamente. Foi quando Carol percebeu que as duas iam se distanciar realmente pelas convicções e decidiu afastar Kamala do comando dos cadetes ao mesmo tempo que levaria a Becky a corte marcial pelos seus excessos. Contudo, o último "prego" foi dado na relação entra a Capitã e Kamala quando o Homem de Ferro chegou e Khan oficialmente se colocou do lado dele.



No hospital, após uma cirurgia as pressas, Bruno voltou a seu quarto e Kamala finalmente pode visita-lo. A relação dos dois, no entanto, estava abalada pra valer. Bruno não conseguia andar, braço esquerdo imobilizado, sem a maioria das bolsas de estudo que as universidades lhe ofertavam, decidiu que se mudaria pra Wakanda e estudaria lá, único lugar que o aceitou. Culpou a amiga pelos últimos eventos, que ficou tão cega por agradar a sua ídolo que não enxergava mais as necessidades dos amigos. A cena é bem comovente e só piora quando algumas páginas antes temos um flashback de como Kamala e Bruno se tornaram amigos íntimos desde cedo no colégio.

O encadernado então segue para uma história mais reflexiva. No mesmo dia que Bruno foi para Wakanda, a jovem Khan viajou sozinha para a casa dos Avós maternos em Karachi. Lá, a jovem Kamala se aproxima mais das suas raízes ao mesmo tempo que se sente alguém de dois mundos. Como imigrante, ela parece paquistanesa demais nos EUA, e no Paquistão ela é vista como americana demais. Os conflitos culturais são bem legais de se ver e a história é muito bem desenhada por Mirka Andolfo.

Lá no Paquistão, Khan acabou conhecendo e fazendo amizade com Kareem, um estudante cujos pais são amigos da sua família e eles moram no mesmo prédio. Apesar de todas as coisas boas que uma "turista" pode ter ali, Kamala se deparou com as mesmas injustiças que corroem todo o mundo, um grupo de malfeitores locais depredava encanamentos da cidade só para mais tarde galões de água serem vendidos mais caros. Para melar esse esquema, Khan decidiu deixar suas férias, vestiu um novo uniforme e colocou a Ms Marvel para atacar. Sua ação, no entanto, sem conhecer as regras locais, foi quase um desastre. Por sorte, um vigilante local autodenominado Adaga Vermelha, apareceu para resolver melhor a situação. Afinal, ele era o protetor do seu lar. E se você terminar essa leitura achando que Kareem é o Adaga Vermelha, saiba que não é o único.



Depois disso, já era hora da Ms Marvel voltar para proteger o SEU LAR.

Como sempre, as histórias da Miss Marvel tem sido o ponto alto dessa nova geração de heróis. Tem uma discussão pertinente como sempre, mas que deixa mais mastigado para o público-alvo mais jovem. Além disso, o cerco familiar e de amizades da protagonista é muito cativante. Quando chega a última página, sempre é muito doído ter que esperar pelo próximo lançamento. O único problem que tenho a ressaltar é que, assim como Agentes da SHIELD, a Panini também limitou as publicações da Ms. Marvel apenas a capa dura agora. O produto acabou saindo ainda mais caro do que costumava ser. A qualidade do conteúdo, no entanto, é inquestionável.

Coveiro

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