terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

RESENHA 616: Monstros à Solta



Já faz um tempo que não soltamos alguma resenha de material nacional aqui no site e temos uma razão para isso que explicamos já aqui. Mas eis que estamos tentando retomar as coisas, aproveitando reforma da identidade visual do site e eis que resolvemos retomar o comentário sobre essas histórias de novo. Minha escolha de cara foi a minissérie Monstros à Solta. Aproveitando todo o clima que se prepara pra um novo filme de Godzilla e aproveitando que os Monstros foram uma parte importante desses 80 anos da Marvel achei que seria uma boa pedida.

A minissérie no Brasil começou a ser publicada no ano passado, mas o terceiro volume e conclusão final só cheguei a encontrar em bancas no mês de Janeiro. Saiu aqui em três partes, misturando a minissérie principal de cinco volumes e os oito tie ins embaralhados numa narrativa que confesso é até difícil de acompanhar. O roteiro é duplamente assinado por Cullen Bunn e Jim Zub, mas a arte praticamente fico pra um artista diferente em cada edição. Isso sem contar as outras equipes criativas diferentes dos tie ins.

Confesso que inicialmente, quando a Marvel promoveu isso quando saiu lá fora, a expectativa foi grande de que veríamos uma nova linha de Terror da editora. Calhou pra virar uma história de Monstros, mas que até que teria seu apelo se resgatasse algum apelo aos clássicos. O que ocorreu foi algo bem distante disso, infelizmente.

A narrativa começa já bem confusa, colocando o leitor no meio de uma série de ataques mundiais em que os heróis parecem ser só formigas tentando se defender. Ninguém sabe direito porque estão ocorrendo esse ataque, porque tem monstros caindo dos céus e quão a motivação deles, se há alguma. Um sinal do que pode ser a trama acontece apenas no final quando um garotinho que parece ter o hobby de desenhar monstros é abordado por algumas criaturas clássicas do anos 50 e 60 da Marvel e se dizem convocadas por ele.

É preciso avançar mais nas edições 2 e 3 para termos alguma noção a mais da confusa trama. Duas personagens entram em narrativas paralelas para isso. Uma é Elsa Bloodstone, a filha do lendário Ulysses, o caçador de Monstros, que aqui está buscando pistas através de cidades atacadas recentementes, desenhos e simbolos esquisitos até concluir que apenas o nome de um garotinho chamado Kei Kawade parece ter relação. Já o outro nome é praticamente "NOVO" ao leitor brasileiro que nunca teve acesso a edições traduzidas das histórias da Garota da Lua e o Dinossauro-Demônio. Praticamente temos que deduzir que a menina Lunella Lafayette é uma superdotada e que é a primeira a destacar que a chegada desses 'monstros do céu' é apenas o começo de algo maior.



Somente lá pra terceira edição da minissérie é que se damos conta de que há dois grupos diferentes de Monstros. Tem aqueles que estão vindo do espaço, que ouvimos falar pela primeira vez no tie-in do Hulk que sãos Leviatãs, e o outro que parece funcionar como uma espécie de avatares de Kawade pra proteger a Terra. Literalmente, é como se os roteiristas dessem a Fin Fang Foom, Goom e seu filho Googam, Xemnu, Sporr, Monstrom e tantos outros clássicos o status de 'forças protetoras' da Terra como o Godzilla em seus filmes.

A história então passa a colocar Ken Kawade ou Kid Kaiju (Como é batizado depois por Miles Morales) como o centro da história, fruto de uma profecia não só dos Inumanos da Terra, mas dos Inumanos Universais, que é capaz de comandar as criaturas com sua 'marca'. Em contrapartida, isso atraiu para ele um inimigo da mesma profecia, a Mãe Leviatã, que assim como fez em outros mundos, vem a terra para desafiar o Convocador como também arrasar este planeta.

A história que deveria ser a maior forte nas cinco edições acaba bem abaixo do esperado. Tem uma baita crise de identidade em se firmar ora como uma narrativa de desastre apocalíptico e ora como uma história acerebrada de briga de monstros. Os oito Tie-ins praticamente não agregam nada, aproveitando apenas a temática de monstros para fazer sua própria história. Apenas metade do tie-in do Hulk com a irmã do Amadeus Cho parece se preocupar em contruir algo pra trama principal. E de todos, o único recomendado por mim seria o do Doutor Estranho no qual o roteirista Chip Zdarsky tem talento pra criar algo interessante bem a parte ao desenvolver a dinâmica entre o Mago Supremo e o monstrdo Googam. Em segundo, fica o tie in do Guardiões da Galáxia onde Chad Bowers e Chris Sims se preocupam em desenvolver algo pros personagens.



Na última edição, vemos que para vencer a Mãe Leviatã, Kid Kaiju tem que ir além dos seus conhecidos poderes de Convocador. Então, ele não só cria novos monstros com seu desenho como também é capaz de uní-los como robôs de um sentai e liderá-los em batalha. Só assim a Mãe Leviatã é morta, seu exército é afungentado e a Terra está bem outra vez. Os monstros clássicos da Marvel são dispensados, mas agora não se comprometem em ser os caras bons. Afinal, eles mesmos tem seus planos de dominar o planeta um dia.

Ken Kawade ganha então o status de novo personagem inumano da Marvel, morando agora com seus pais e os monstros criados na afastada Ilha Mu e meio que sendo tutoriado pela Elsa Bloodstone. A editora chegou a dar a ele uma curta revista mensal de 12 edições e aparece ainda na minissérie inédita no Brasil 'Venomizado' e também nas novas histórias dos Campeões lá fora.



Minha avaliação final é que é uma ideia jogada na vala. Poderia ser bem melhor, retrabalhar os monstros clássicos, dar um ar mais tenso ou de suspense a trama e ser menos rocambulesca. De qualquer modo, confesso que se a ideia no final era contar uma versão marvel do "círculo de fogo", eu não sou bem o público alvo. Mas vamos ver como o Kid Kaiju se densenvolve em futuras histórias daqui pra frente.

Coveiro

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