Com a publicação da Essência do Medo, tudo o que conhecíamos sobre a mitologia nórdica dentro da Marvel foi virada do avesso. Em meio ao conflito, é revelado a verdadeira origem da Serpente, como sendo Cul, o irmão mais velho e esquecido do Pai de Todos. Mas qual é então a verdadeira história deste deus? Qual sua relação com a profecia do fim de Thor? E quais os segredos escusos de Odin nisto tudo? As respostas para isso estão na edição 32 de Homem de Ferro & Thor (originalmente publicada em The Mighty Thor 7). Confira!
O que não foi explicado na saga principal, Matt Fraction finalmente tenta resolver na mensal do Deus do Trovão. Tudo começa com a morte de Bor, em Aesheim, num tempo em que Asgard sequer sonhava nascer. Cul, sendo primogênito, afirma que assumirá o lugar, mas seus outros irmãos também devem se fazer presentes – Odin, Vili e Vi.
Tempos depois,os três mais novos filhos de Bor estão tentando impedir que a fúria do cavalo de seis patas, Sleipnir, massacre inocentes mortais no seu caminho. Contudo, com a chegada de Cul, as desventuras de Odin são interrompidas e o jovem “rei” permite que o cavalo siga livre em sua destruição, causando medo. Isso diverte Cul, assim como as versões originais de seus Dignos, sempre o acompanhando.
E assim começa as primeiras divergências entre os irmãos. Cul mostrando-se um sádico, divertindo-se com o medo dos mortais. Odin querendo poupá-los, afeiçoando-se a eles. Assim, Odin procura o conhecimento da Árvore da Vida, Yggdrasil, para impedir a loucura de seu irmão. Ao sacrifício de seu olho, ele enxerga o caminho que deve tomar. E daí descobre que para impedir seu irmão, perderá outra coisa também, seu filho.
Apoiado por Vili e Vi, Odin avança até a fortaleza de Cul, massacrando guardas pela frente. Pressentindo que o irmão mais novo tem um plano audacioso, mesmo que ainda não entenda, Cul dispersas seus dignos magicamente, na intenção de convocá-los no futuro. E quando finalmente depara-se com Odin, ele é expulso magicamente de sua fortaleza, e é lançado às águas profundas (onde ficou até os atuais eventos da Essencia do Medo).
Assim, tudo se findou. Aesheim foi abandonada. E, como sabemos, Odin trilhou um outro caminho para Asgard. Tempos depois, Thor, seu primogênito, nasceu e ele passou todo o tempo em que via seu filho crescer imaginando como fugirida da maldita profecia.
Apesar de todas as discrepâncias que esta minissérie causou na cronologia do Deus do Trovão, esse tie in em particular mostra-se bem interessante de ler. Ele complementa muitas questões sobre A Serpente que foram deixadas não só abertas, mas bem confusas na Essência do Medo. Aqui, Cul deixa de ser meramente um mero vilão raso e passa a ter um significado. Finalmente, entendemos a relação dele com o “medo”.Ainda assim, vale notar discrepâncias com passagens anteriores de outros roteiristas, mudando a "morte de Bor" e colocando Vili e Vi como caçulas.
Os desenhos também ajudam, com Pasqual Ferry mostrando uma arte diferente do que estamos acostumados, mas ainda assim bonita, bem própria pra um universo de fantasias como nas histórias de Asgard. Só houve uma falha, mas que eu culparia muito mais os editores responsáveis, que não orientaram direito o desenhista tentar criar interpretações visuais diferentes dos dignos. Angrir é simplesmente igual ao Coisa.
E essa não é a única história da revista com a dupla. Temos o começo do arco envolvendo o deus Tanarus na mesma edição, mas deixaremos pra falar disto em outra oportunidade.
Coveiro