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domingo, 19 de outubro de 2025

Marvel e DC revelam suas políticas sobre uso de I.A. em artes e narrativas nos quadrinhos

Durante a Nova York Comic Com de 2025, uma discussão em peculiar e bastante oportuna foi tocada pelas duas maiores editoras de quadrinhos atuais dos EUA, a Marvel e a DC Comics. Trata-se do uso das atuais tecnologias de Inteligência Artificial Regenerativa ligada a trabalhos artísticos. Em dias subsequentes vimos os dois principais chefes editoriais falarem a respeito. Segue seus respectivos depoimentos:

No painel do Homem-Aranha e seus Amigos Venenosos na Comic Con de Nova York, o editor-chefe da Marvel, C.B. Cebulski, foi questionado diretamente por um membro do público sobre a posição da Marvel em relação à IA. C.B. Cebulski confirmou que a Marvel Comics nunca usou IA, que eles se esforçam para detectá-la e cortaram laços com artistas flagrados usando IA. Embora ele tenha especificado que isso se aplicava apenas à divisão da Marvel Comics.

"Sim, nunca usamos IA", disse Cebulski. "Eles realmente se esforçaram muito para detectar IA... Nunca a usamos, não a usaremos e não a toleramos na divisão de quadrinhos da Marvel."

Essa postura foi mais incisiva que a informada por um dos editores de revistas, Tom Brevoort, que no passado passou a "brincar" com a ferramenta e deixou a seguinte opinião em seu substack:

"Obviamente, há muita preocupação com o impacto que os programas de IA terão nas artes criativas e como tais programas remixam e reaproveitam as obras de outros artistas sem crédito ou recompensa. E todos esses são argumentos e questões muito sólidos que precisam ser trabalhados. Da mesma forma, a história da inovação humana prova de forma bastante conclusiva que, uma vez que algo é descoberto, todos os esforços para impedir seu uso futuro provavelmente serão em vão. A tecnologia muda o mundo, queiramos ou não. Portanto, cabe a nós garantir que essas mudanças sejam adequadas, justas e equitativas."

Já o presidente, editor e diretor de comunicações da DC Comics, Jim Lee, deixou bem clara a política da DC Comics em relação ao uso de inteligência artificial na geração de histórias e artes em quadrinhos.

"A DC Comics não apoiará narrativas ou artes geradas por IA. Nem agora, nem nunca enquanto eu e Ann DePies estivermos no comando. Porque o que fazemos e por que fazemos está enraizado em nossa humanidade. É essa conexão frágil e bela entre imaginação e emoção que alimenta nossa mídia, o que dá vida ao nosso universo. É a mente imperfeita, o risco criativo, o gesto desenhado à mão que nenhum algoritmo consegue replicar. E quando desenho, cometo erros, muitos deles. Mas esse é o ponto. A mancha, a linha áspera, a hesitação. Sou eu na obra. Essa é a minha jornada. É isso que a torna viva. É o produto de verdadeiro esforço, de inspiração e transpiração. Os fãs sabem disso. Eles sentem isso. Eles conseguem sentir quando algo foi feito com cuidado, quando custou tempo, energia, coração e esforço do artista. As pessoas têm uma reação instintiva ao que parece autêntico. Recuamos diante do que parece falso. É por isso que a criatividade humana Importa. A IA não sonha. Ela não sente. Ela não cria arte. Ela a agrega. Nosso trabalho como criadores, contadores de histórias e editores é fazer as pessoas sentirem algo real. É por isso que criamos e é por isso que ainda estamos aqui.

Observa-se, no entanto, que tanto a DC Comics quanto a Marvel Comics parecem que ao invés de ter uma postura moral ou ética, tem mais a ver com propriedade. A DC e a Marvel Comics gostam de possuir a obra que publicam e, se for possível provar que a obra publicada é de I.A., então a DC e a Marvel não a possuirão mais; ela se tornará de domínio público.

Coveiro