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domingo, 12 de maio de 2024

Grandes Histórias Marvel no Brasil: As 55 editoras Brasileiras da Marvel

Em 84 anos de Marvel no Brasil, a Casa das Ideias passou por 55 editoras entre 1940 a 2024. Acredito que o Brasil é recordista mundial nesse quesito com a Marvel. Nessa lista temos editoras pioneiras, editoras tradicionais, editoras importantes, editoras que publicaram apenas uma revista e editoras que você nunca ouviu falar. Nessa trajetória, estamos considerando as histórias desde a era Timely até o presente. 

1 O Globo

Fundada pelo empresário Roberto Marinho, o jornal O Globo também investiu no segmento de quadrinhos a partir de 1937. Foi nessa nova triagem que surgiu Alfredo Machado, um dos profissionais do meio editorial, atuante em diversas editoras do período. Foi Alfredo Machado que descobriu a existência dos personagens da Timely. O interesse pelos novos personagens foi tanto que o próprio escreveu uma carta para a Timely, perguntado “como licenciar o Tocha-Humana e outros personagens no Brasil”. Algumas semanas depois, receberia uma caixa cheia de revistas originais e o contrato. Logo os personagens da futura Marvel estariam no Brasil. Com tantas novas publicações chegando, títulos como: “Gibi Mensal”, “O Globo Juvenil” e “Biriba Mensal”, apresentaram as primeiras histórias de “Namor”, “Tocha Humana”, “Marvel Boy”, “Ciclone”, entre outros. O Globo editou quadrinhos entre 1937 a 1952.


2 Grande Consórcio Suplementos Nacionais

Antes da Ebal, Adolfo Aizen, responsável por trazer os suplementos americanos ao Brasil. Aizen trabalhou com diversas editoras e jornais na década de 1920, entre elas a revista O Malho, no jornal A Nação e na revista O Tico-Tico. Algum tempo depois, com ajuda de amigos, Aizen criou o “Grande Consórcio Suplementos Nacionais” trazendo diversos personagens para suas publicações. Com a era Timely, foram publicados os personagens “O Cavaleiro Mascarado”, “Anjo” e “Mulher Pantera” nas edições de “Mirim” e também no “Suplemento Juvenil”. A editora operou entre 1934 a 1949.


3 Diário da Noite

Assis Chateaubriand, comandava um grande conglomerado de rádio, revistas e TV e com o crescente sucesso dos quadrinhos, acabou investindo também nesse segmento. Chatô fundou a revista “O Guri”, um sucesso de vendas que passava dos 100 mil exemplares por edição. O Diário da Noite foi a terceira editora com a fase Timely no Brasil. A revista O Guri foi a primeira revista em quadrinhos colorida publicada no Brasil, um avanço para a época. Foi pelo Diário da Noite que o “Capitão América” fez sua estreia no Brasil. As publicações do Diário da Noite saíram entre 1941 a 1953.


4 Vida Doméstica

 Fundada em 1920, a “Sociedade Gráfica Vida Doméstica” passou a publicar quadrinhos somente em 1947. Sua principal publicação era com a revista de variedades Vida Doméstica, direcionada para donas de casa. Com a Timely, a Vida Doméstica publicou a revista “Vida Infantil”, com o personagem “Super Rabbit”, uma paródia inspirada nos super-heróis do momento. O personagem antropomórfico foi um dos primeiros do gênero a figurar pela Timely. No Brasil, o personagem foi chamado de Super-Coelho e Coelho Valente. A editora publicou também o fantasminha infantil, “Homer”. A editora ficou no mercado com quadrinhos até 1954.


5 Fon-Fon

A Fon-Fon era uma revista famosa que não era propriamente de quadrinhos, mas sim de  humor e crítica social que saiu durante os anos 1907 a 1958. O slogan da revista era: Para os graves problemas da vida, para a mascarada Política, para a sisudez conselheira das Finanças e da intrincada complicação dos Princípios Sociais, cá temos a resposta própria: aperta-se a sirene, e... Fon-Fon! Fon-Fon! O nome Fon-Fon era a onomatopeia do som de uma buzina, daí o nome da revista. A Fon-Fon publicava quadrinhos eventualmente. Em um desses raros momentos, a Fon-Fon publicou em 1949 a história do “Ricardo-Coração de Leão” com roteiros de Stan Lee, baseado na figura do Rei Ricardo da Inglaterra.


6 A Noite

A editora do Jornal “A Noite” funcionou entre 1911 e 1957 e nesse período publicou Histórias em Quadrinhos. Uma de suas publicações foi com a revista “Club dos Amores”, uma revista semanal composta por fotonovelas e histórias de romance. Uma das publicações contou com as histórias da fase Atlas, período pré-Marvel. As histórias foram extraídas da revista My Own Romance que já tinha Stan Lee como editor chefe. 


7 O Cruzeiro

O Diário da Noite encerrou a revista O Guri na edição 354 em dezembro de 1953. No ano seguinte começou uma nova coleção de O Guri, desta vez pela editora “O Cruzeiro”. Assis Chateaubriand, aproveitando o sucesso de uma de suas revistas chamada O Cruzeiro, decide criar uma editora com o mesmo nome. O Cruzeiro foi uma revista semanal de variedades de muito sucesso publicada desde o final dos anos 1920. Com a Cruzeiro, Assis Chateaubriand lançaria outras revistas além de O Guri, direcionando ainda mais sua linha de produção. Com a segunda série de O Guri, poucas histórias dessa fase da Marvel foram publicadas. O Capitão América por exemplo foi um que saiu em poucas edições de O Guri. A editora funcionou até 1974.


8 Última Hora

O suplemento “Última Hora” foi uma publicação do jornal carioca Última Hora, fundado pelo jornalista Samuel Wainer em 1951. Assim como o Consórcio, o jornal Última Hora criou seu próprio suplemento. A publicação durou até 1952 com 211 edições lançadas. O personagem “Kid Colt” e “Meco-Meco, o Pato” (Buck Duck), foram publicados em algumas dessas edições.


9 RGE (Rio Gráfica Editora)

Em 1952, Roberto Marinho resolveu criar uma empresa específica para editar os seus quadrinhos. O nome Editora Globo foi pensado, porém não poderia ser usado. Tudo porque já existia uma livraria e editora no Rio Grande do Sul, que possuía o registro com esse nome. Por isso, Marinho criou em 1952 a RGE (Rio Gráfica e Editora). A nova editora retoma os títulos Gibi Mensal a partir da edição 138 e O Globo Juvenil Mensal, a partir do 140. A editora teve duas fases com a Marvel: a primeira, com o final da era Timely passando pela Atlas com o “Cavaleiro Negro”, algumas com o Capitão América e com Namor em “Biriba-Shazam” e “Shazam”, publicadas na dévada de 1950. Anos depois, a RGE retornava à era Marvel, com o Homem-Aranha, Hulk e X-Men entre 1979 a 1983. A RGE durou até 1987. 


10 La Selva

Fundada em 1950 pelo imigrante italiano Vito La Selva, a “Editora La Selva”foi a primeira editora de São Paulo. Uma das primeiras publicações foi a revista “Cômico Colegial”, A revista era um mix de vários personagens e histórias diversas. Muitas histórias dos mais diferentes gêneros foram publicadas pela La Selva, inclusive material da fase Atlas nas revistas: “O Terror Negro”, “Seleçõs Juvenis”, “Seleções em Quadrinhos” entre muitas outras. A La Selva atuou até 1970.


11 Edições Júpiter

A Júpiter era uma pequena editora que publicava material nacional, administrada por Auro Teixeira com Gedeone Malagola como editor. A editora, devido a diversos problemas, durou apenas alguns anos. A única revista da Júpiter com material da Atlas foi a “Sepulcro”, em apenas uma edição com histórias de Stan Lee, Joe Maneely e Dick Ayers.


12 Chiodi,Oliveira e Cia Ltda.

Antes da Gráfica Novo Mundo, havia a “Chiodi, Oliveira e Cia Ltda” que pode ser considerada o início da Gráfica Novo Mundo. Fundada por Victor Chiodi, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado,a Chiodi, foi publicada uma coleção chamada “Corações”. Com seis edições lançadas, Corações trouxe histórias extraídas de Loves Romances, My Own Romance e Secret Story Romances, todos da fase Atlas. A editora funcionou entre 1954 a 1956.


13 Gráfica Novo Mundo

A Gráfica Novo Mundo foi comandada pelo imigrante italiano, Victor Chiodi. Depois de fazer alguns trabalhos pela La Selva, Chiodi se interessou por publicar suas próprias revistas. 

A editora lançou a série para "Seleções em Quadrinhos", com o título de "Conquistadores do Espaço", com algumas histórias de Strange Tales, Journey, Into Mystery e Tales to Astonish. Dentro da coleção Seleções, fugindo um pouco das histórias de terror e de ficção, a Novo Mundo publicou a personagem Lili, a Garôta Atômica (Millie the Model, no original). Lili, a Garôta Atômica foi uma das poucas personagens que foram criadas no período Timely e que manteve as suas publicações durante a fase Atlas, até chegar à Marvel.

A Novo Mundo lançou também a revista chamada "Gato Preto" - focada no gênero terror. Algumas edições de "Gato Preto" apresentavam histórias de Journey Into Mystery e Adventures Into Weird Worlds. Ainda nesse gênero, a editora publicou mais uma revista, com o lançamento do "Mundo de Sombras", em 1955. "Mundo de Sombras" seria mais uma publicação com diversas tramas de terror e com mais algumas histórias do período Atlas. A editora ficou na atividade até 1967.


14 Garimar S/A

A Garimar S/A ficava localizada no Rio de Janeiro. No seu período de publicações, editou quadrinhos entre 1957 a 1968. Em seu catálogo consta a publicação da revista “Valor”, com histórias de “Jane das Selvas” de Don Rico e Jay Scott Pike.


15 Regiart

O editor, José Sidekerskis foi sócio minoritário da Continental, juntamente com Jayme Cortez e Miguel Penteado. Depois que ambos saíram da sociedade, José, mais conhecido como Zelão no meio editorial, continuou durante mais algum tempo na editora. Mas logo criaria a sua própria: a Regiart. Uma das suas publicações com a Atlas na Regiart, foi com essa publicação de "Fantásticas Aventuras". A Regiart editou quadrinhos entre 1966 a 1974.


16 Dado

Waldomiro Barbosa da Silva foi um jornaleiro do Rio de Janeiro que comandava uma rede de publicações no Largo da Lapa. Waldomiro comprou alguns títulos de encalhes da APLA, como: As Grande Batalhas e Batalhas Sangrentas, com histórias de guerra da Atlas entre outros títulos. Pela editora Dado, publicou uma revista chamada “Maldição”. A publicação apresentava histórias de Journey, Into Mystery, Tales To Astonish e Amazing Adventures. A Dado existiu entre 1965 a 1968.


17 Jotaesse

José Sidekerskis também é responsável pela Jotaesse (J.S. eram as iniciais de José Sidekerskis). A editora era localizada em São Paulo e um dos seus principais títulos foi a revista “O Vampiro”. Focado no gênero, Zelão apostou em Mirza, a Mulher Vampiro de Eugênio Colonnese, a personagem principal nessa revista. E entre uma edição e outra, a Jotaesse publicou algumas das Atlas retiradas de Tales To Astonish, Uncanny Tales e Journey Into Mystery. A Jotaesse funcionou até 1971.

 

18 EBAL (Editora Brasil América Ltda)

A editora que trouxe a Marvel ao Brasil. Homem de Ferro, Hulk, Thor, Homem-Aranha, Demolidor, Quarteto Fantástico, fizeram suas estreias. A Ebal editou a Marvel entre 1967 a 1975.


19 GEP (Gráfica Editora Penteado) 

A GEP de Miguel Penteado publicou o que a Ebal não quiz, entre as publicações, estavam os X-Men, Surfisa Prateado e o Capitão Marvel. A editora publicou suas revistas entre 1969 e 1970.


20 Trieste

A Trieste, administrada por Estevão La Selva, foi uma editora pequena de São Paulo. A La Selva publicou o inédito Nick Fury de Jim Steranko. A editora publicou também a mensal da Lili, a Garota Modelo. 


21 O Livreiro

A editora O Livreiro foi uma empresa situada em São Paulo e comandada por Horley Chiodi, filho de Victor Chiodi, dono da Gráfica Novo Mundo. O Livreiro publicou alguns materiais da Atlas na revista “Fantastic”. A revista durou pouco, assim como a editora.


22 Paladino

A Editora Paladino era uma gráfica localizada em São Paulo comandada por Savério Fittipaldi e sua família. Savério acabou criando o formato “livro”, uma tática para poder licenciar alguns personagens que estavam em posse de outras editoras. Pela Paladino saiu Sargento Fury e Kazar.


23 Minami & Cunha

Depois de passar pelas editoras Pan Juvenil e Edrel, Minami Keizi fundou a Minami & Cunha Editores, ao lado do empresário Carlos Cunha. A M&C, trouxe as histórias solos do Dr Estranho, com o nome de Dr. Mistério. A editora, infelizmente durou pouco, e logo seria encerrada.


24 GEA (Grupo de Editores Associados)

A GEA (Grupo de Editores Associados), administrada por Ernesto S. Carneiro, foi uma editora que ficava localizada no centro do Rio de Janeiro. Em 1972, a Ebal tinha descartado alguns personagens, com isso, muitos heróis foram parar na GEA. Suas publicações tinham uma excelente apresentação, bem próximo do material americano. Foram apenas 14 edições publicadas pela GEA: três edições do Quarteto Fantástico, três do O Invencível Homem de Ferro, três do Defensor Destemido (o nosso querido Demolidor), duas do Príncipe Submarino (Namor), duas de O Poderoso Thor e uma de O Incrível Hulk. Por problemas com o distribuidor, a GEA durou apenas um ano.


25 Interpolar

Outra editora da família Fittipaldi. Pela Interpolar, foi lançada uma edição de Ringo Kid, personagem do período Atlas, criado pelo artista Joe Maneely. As edições em formato livro da editora acabaram não tendo resultados positivos. 

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26 Taika

A Editora Continental, fundada em 1959, alterou a razão social para Outubro em 1961, devido a mudanças e conflitos entre os sócios. Até que, em 1966, mudou mais uma vez, agora para Taika. Essa mudança ocorreu devido à Editora Abril ter registrado todos os nomes dos meses do ano e entrado na justiça para evitar que fosse usado por outras editoras. Os novos sócios da Taika eram Eli Lacerda e Manoel César Cassoli. O nome da empresa era uma homenagem à filha de Lacerda. Algumas das poucas histórias da Marvel foram lançadas pela Taika nesta edição de “Fantásticas Aventuras”, Detalhe da revista que teve apenas um número com histórias da fase Atlas.


27 Saber S/A

Mais uma da família Fittipaldi. A Editora Saber teve como grande mérito ter sido a primeira a publicar as histórias de Drácula no Brasil. A publicação foi batizada como “O Túmulo do Conde Drácula”, com apenas um número.  


28 Graúna

A Editora Graúna foi uma empresa paulistana, fundada em 1967 por Ulisses Alves de Sousa e pelo experiente Reinaldo de Oliveira, um dos pioneiros no ramo de publicações no Brasil, tendo passado por diversas editoras durante sua carreira. A Graúna publicou uma edição de Conan com o nome Hartan, o Selvagem. A editora publicou também em apenas uma edição, a revista "História de Amor", extraída do título original “Our Love Story". A editora deixou de publicar quadrinhos nesse mesmo ano de 1973.


29 Roval

A Editora Roval foi fundada em 1971  por Salvador Bentivegna, um dos profissionais mais atuantes do mercado editorial brasileiro, tendo trabalhado em várias editoras como a Pan Juvenil, Um dos primeiros trabalhos feitos pela editora foi "O Monstro de Frankenstein",em três edições.  Outro personagem que retornaria às bancas seria Conan. Dessa vez, como "Conan, o Selvagem", em três edições. Histórias publicadas dos títulos originais Conan The Barbarian.


30 Gorrion

Fundada em 1973 por Walter Andrade, Victor Simões e Dino Mengozi, a Gorrion foi uma editora picareta que enganava o distribuidor. Publicou o inédito Luke Cage, A Enfermeira da Noite e Kull com o nome Koll. A editora, por problemas de capacidade, fechou logo após alguns anos.


31 Kultus

Após alguns problemas em certas publicações, e outros envolvendo a Editora Roval com a Gorrion, Salvador Bentivegna ainda abriria uma nova editora, a Editora Kultus. Na Kultus, publicou a edição “Estórias de Terror” n° 08  com uma aventura do personagem Ka-Zar, a história de Astonishing Tales nº16, produzida por Mike Friedrich e Rich Buckler. Logo a editora deixaria de existir.


32 Bloch

A única editora que fez um contrato de exclusividade com a Marvel no Brasil. Fundada por Adolpho Bloch, os gibis ultra coloridos acabaram não pegando muito. Editou material da Marvel entre 1975 a 1979.


33  Signo

Depois da Dado, Waldomiro lançou em 1977 outra revista chamada Maldição com histórias da era Atlas. E foi só.


34 Editora Abril

Uma das maiores editoras desse país. Editou o Universo Marvel de 1979 a 2001, formando uma geração de leitores. Superaventuras Marvel, Grande Heróis Marvel, A Espada Selvagem de Conan, e mais uma infinidade de maravilhas!


35 Fittipaldi Ltda

A Editora Fittipaldi publicou em 1981 apenas quatro edições da revista Crazy (a revista que ousa ser estúpida), uma das publicações cômicas produzidas pela Marvel. Esse material não tem influência direta com o Universo Marvel. 


36 A Tribuna

A Marvel criou em 1984 um selo chamado Star Comics, destinado ao gênero infantil. A editora fez adaptações para os quadrinhos com vários desenhos animados, brinquedos e programas infantis. Entre eles os Flintstones, que foi publicado no Brasil pela “Tribuna Editora” do jornal A Tribuna de Santos, fundada em 1894 por M. Nascimento Jr, Giusfredo Santini e Roberto Mário Santini. A Tribuna publicou a série “Os Flintstones Nos Anos Dourados", baseado nos personagens de Hanna-Barbera. 


37 Toviassú Produções Artísticas

O Casseta & Planeta, famoso programa de TV da Rede Globo, ficou no ar por mais de 20 anos. O que pouca gente sabe é que publicam quadrinhos no Brasil. Conectados por tudo que pudesse gerar diversão e bons negócios, os integrantes criaram a editora Toviassú Produções Artísticas, que significava Todo Viado é Surdo Produções. E o gimmick era uma simpática velhinha (transexual?) com um cone para ouvir melhor. A Toviassú publicou duas edições de A Hora do Pesadelo com histórias inspiradas na clássica franquia dos cinemas com as horripilantes histórias de Freddy Krueger.


38 Editora Globo

Roberto Marinho fecha a RGE, e abre a Editora Globo. A nova editora, sob o comando do editor Leandro Luigi, recém saído da Abril, assumiu diversos títulos importantes. Entre eles a linha Epic com o personagem cósmico Dreadstar de Jim Starlin. Depois vieram, Excalibur, Motoqueiro Fantasma, Esquadrão Supremo. Devido a crise econômica, a Marvel durou pouco na Editora Globo.


39 Maceca

A Editora Maceca, era administrada por Manoel César Cassoli, um dos fundadores da Editora Taika, que tinha como colaboradores o artista português radicado no Brasil Jayme Cortez e Nico Rosso. Em um curto espaço de tempo, a Maceca (nome que era derivado das iniciais de Manoel César Cassoli) publicou apenas quatro revistas em seu catálogo. Dessas quatro revistas, apenas uma com material do período Atlas, na edição Seleções de Terror 1, em 1993 com a primeira aparição do personagem Groot, dos Guardiões da Galáxia, por Stan Lee & Jack Kirby.


40 Escala

A Escala, editora de São Paulo, foi fundada por Hercílio de Lourenzi em 1992. Ela publicou a série Beavis and Butt-Head, baseada na animação exibida pela MTV. Licenciado pela Marvel, os estranhos personagens ganharam no Brasil, além de uma edição especial, uma série mensal entre 1996 e 1997 em 17 edições. Essas revistas contam com aparições de alguns heróis, como: Namor, Hulk, Máquina de Combate, entre outros, dentro das confusões dos dois personagens.


41 Mythos

Depois da criação do Estúdio Art & Comics, a agência criada por Hélcio de Carvalho se transformou numa editora. O estúdio administrado por Hélcio e Dorival Lopes iria se tornar a Mythos Editora, em 1996. A Abril tinha a primeira opção de escolha em todo o material Marvel e como Hélcio conhecia Marco Lupoi, diretor de licenciamento da Panini (Itália), que negociava as licenças da Marvel em todo o mundo, passou a licenciar alguns da Marvel. A primeira foi com o mais misterioso dos X-Men, com o mutante Gambit em uma minissérie produzida por Howard Mackie e Lee Weeks. Com o fim da Ica Press, a Panini Itália licenciou o material fora dos Estados Unidos. A partir daqui, algumas outras editoras publicaram alguns títulos da Marvel, além da Abril.


42 Metal Pesado

Com sede em São Paulo, a editora Metal Pesado foi fundada por Leão Azulay, em 1997, e tinha como editor das revistas Eloyr Pacheco. A editora publicou diversos títulos da DC Comics, especialmente da linha Vertigo. Pela Marvel, foram apenas três títulos publicados. Duas edições especiais, com os encontros entre os personagens da Marvel e da Image com Gen 13 e Geração X, a série Clã Destino de Alan Davis e essa edição especial com o Doutor Estranho em uma história de P. Craig Russell.


43 Tudo em Quadrinhos

A Metal Pesado, por razões fiscais, acabou mudando de nome, durante sua permanência no mercado nacional, para Tudo em Quadrinhos e posteriormente, para Atitude. Constantes mudanças e má administração fizeram com que ela encerrasse suas atividades em 1999. A série Clã Destino, com personagens da desconhecida família Destino, que agia secretamente, foi publicada pela Metal Pesado em formato de minissérie, e compilada pela Tudo em Quadrinhos, como sua única publicação da Marvel.


44 Pandora Books

A editora Pandora Books, tinha como administradores os editores Leandro Luigi Del Manto (que já tinha deixado a Editora Globo), Maurício Muniz e Ricardo Giassetti.  A Panini acabou cedendo algumas revistas da Marvel para serem publicadas pela Pandora, porém, foram poucas as publicações, destaque para a série do Capitão Bretanha de Alan Moore e Alan Davis. A Pandora publicou Almanaque Marvel e mais alguns especiais, apenas.


45 Panini

A Toda poderosa. A marca Panini é a marca responsável pela Marvel fora dos Estados Unidos. Neste ano de 2024, a Panini será a editora que mais tempo ficou com a Marvel no Brasil.


46 Opera Graphica

A Opera Graphica foi inaugurada como um selo pelo proprietário da loja Comix Book Shop, de São Paulo, Carlos Mann, em parceria com o grande editor Franco de Rosa. A Opera Graphica investiu em diversos álbuns de luxo, de vários licenciadores. Com a Marvel, a Opera Graphica publicou apenas a revista Stripmania com as clássicas tiras do Homem-Aranha por Lee & Romita. Stripmania foi publicada entre 2001 e 2003, com apenas três edições.


47 A&C Editores

Em 2003, surgiu nas bancas uma nova editora, chamada A & C Editores. Essa nova empresa publicou apenas dois títulos: Batman e Deathblow da DC e um da Marvel, com um crossover entre Batman & Demolidor. Posteriormente aos lançamentos, foi descoberto que A & C Editores fazia parte de um braço editorial experimental, criado pela Mythos por questões estratégicas e de avaliação do mercado. A & C Editores deriva de Art & Comics, o estúdio criado por Hélcio e seu sócio, Dorival Vitor Lopes. A A & C ficou apenas nessas duas publicações.


48 Brainstore

Eloyr Pacheco fundou em 1999 a Brainstore Editora. A nova empresa daria sequência nos títulos da DC, continuando de onde a Tudo em Quadrinhos havia parado. Com a Marvel, a Brainstore publicou, em 2003, uma edição especial da série Hellraiser, de Clive Barker e a série Legião Alien de Alan Zelenetz e Carl Potts, em cinco edições das nove que estavam programadas. Ambas as publicações são da linha Epic da Marvel. Em 2005, a editora teve a sua sede invadida, tendo todos os equipamentos roubados, e muitos dos trabalhos em produção foram perdidos, pois vários deles ainda não tinham backup. Após os prejuízos, a editora, infelizmente, fechou as portas.


49 On Line Editora

A Editora Online, fundada em 1995, tem uma vasta experiência no mercado de publicações. Especializada nos segmentos de beleza, moda, culinária entre outros, acabou também publicando em seu catálogo, alguns quadrinhos. Com a Marvel, a Online publicou em 2007 quatro edições, focadas no terceiro filme do Homem-Aranha, com o ator Tobey Maguire no papel de Peter Parker, e uma edição com o primeiro filme do Homem de Ferro, todas em formatinho e focadas no público infantil. 


50 Salvat

A Editora Salvat foi fundada em Barcelona, em 1869, e faz parte da multinacional francesa Hachette Livre, que está presente em países de língua espanhola e portuguesa. Somente em 2013 a Salvat entrou no mercado de histórias em quadrinhos, dando início com a série de Graphic Novels chamada “A Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel”. Uma coleção fechada, composta, a princípio, por 60 edições, desenvolvida em 2013 pela editora britânica Hachette Partworks, subsidiária da multinacional Hachette Livre. A nova coleção começou no Brasil como um teste de mercado, com as quatro primeiras edições setorizadas em apenas algumas cidades. Sempre em capa dura, papel especial, recheadas com vários extras, galeria de imagens, dados técnicos dos personagens, indicações de leitura complementares, mini biografias dos artistas presentes em cada volume e por fim, talvez o maior de todos esses atrativos, e que acabou criando um novo tipo de colecionismo: o das lombadas, que no caso dessa coleção ao serem organizadas lateralmente formam uma imagem. 


51 Planeta do Brasil

Dexter, o psicopata criado por Jeff Lindsay, ganhou uma adaptação pela Marvel com arte de Dalibor Talajic. No Brasil, a série ganhou essa edição especial pela Planeta do Brasil, empresa que faz parte do Grupo Planeta, editora espanhola, fundada em 1949. Esse foi o único material da editora Planeta do Brasil com a Marvel.


52 Darkside Books

A Darkside Books, uma das editoras mais interessantes do mercado, tem em seu catálogo uma publicação da Marvel. Bem, não é sobre o Universo Marvel propriamente dito, mas uma adaptação da obra de Stephen King chamada N, publicada pela Marvel. A série adaptada para os quadrinhos por Marc Guggenheim, escritor do Homem-Aranha e Alex Maleev, artista do Demolidor, apresenta um pequeno conto de terror do aclamado escritor do gênero. N é o nome do paciente que sofre de T.O.C (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), em uma história angustiante e bem contada, guiada pela psique humana.


53 Planeta DeAgostini

Após a Salvat encerrar as coleções da Marvel, eis que a editora Planeta DeAgostini, sem anunciar e sem fazer nenhuma propaganda, dava início a uma fase de teste, com a nova coleção chamada, A Coleção Definitiva Marvel: Os Vingadores. A Planeta DeAgostini, criada na Espanha em 1949, iniciou suas operações no Brasil em 1995, comercializando coleções culturais, de hobby e lazer nas bancas de todo o país e por meio de assinaturas. A nova coleção com Leandro Luigi como editor, faz parte de uma parceria entre a editora e a Panini Itália. Programada para 60 edições, a editora publicou apenas as quatro primeiras, em mais uma coleção incompleta no Brasil.


54 Culturama

Uma das editoras mais legais do momento, a Culturama, com sede no Rio Grande do Sul, foi criada em 2003 e tem como referência a publicação de livros infantis e a exclusividade com o material da Disney. A editora, em seu catálogo, licencia também material de Star Wars, Turma da Mônica e da Marvel. Os primeiros lançamentos com o Universo Marvel foram com esta edição luxuosa em capa dura da Viúva Negra e Os Eternos, com detalhes sobre a produção dos filmes e uma história em quadrinhos.


55 Excelsior

A Editora Excelsior, vem editando alguns livros com os contos literários da Marvel. E pela primeira vez, a editora apresenta uma história em quadrinhos, com a edição de “Vingadores do Futuro” no estilo Mangá em uma divertida história produzida pelo artista Teruaki Mizuno 


 Estão aí, todas as editoras no Brasil. Me conta, quais você não conhecia!


Alexandre Morgado.

Alexandre Morgado é cartorário do 15° Tabelionato de São Paulo. É também autor do livro Marvel Comics - A Trajetória da Casa das Ideias do Brasil, livro que narra a história da Marvel em nosso país, relançado em 2021. Em 2023, participou do livro “Olhares Sobre os X-Men”, ao lado de outros autores, sobre a mitologia dos mutantes. O autor possui um acervo gigante de HQs, principalmente com material da Marvel Comics


domingo, 18 de setembro de 2022

Grandes histórias Marvel no Brasil: O motivo dos cortes e mudanças nas revistas da Editora Abril


 POR QUE EU ENTENDO E ACEITO OS CORTES FEITOS PELA EDITORA ABRIL?

Por Alexandre Morgado

O ano era 1967, a Ebal tinha acabado de trazer o Universo Marvel ao Brasil. Eram os “Super-heróis Shell” com a incrível propaganda de divulgação entre a editora e os postos de gasolina. As novidades com os leitores brasileiros eram: Hulk, Homem de Ferro e Thor. Namor e o Capitão América já eram mais populares entre os leitores, pois já haviam sido publicados no passado. Esses seriam os cinco primeiros com a era Marvel no Brasil. Depois a Ebal trouxe o Quarteto Fantástico, Demolidor e o Homem-Aranha. Esse último o campeão de vendas da Ebal. Como vocês sabem, a Ebal não tinha exclusividade com toda a Marvel. Os personagens que a editora não quis publicar, ficaram disponíveis para outras editoras. E foi isso que aconteceu. A “GEP” de Miguel Penteado publicou os X-Men, Capitão Marvel e o Surfista Prateado. A “Trieste” trouxe o agente, Nick Fury. A “Miname & Cunha” publicou; Conan, o Bárbaro e o Dr. Estranho com o nome de Dr. Mistério. A “Paladino” por sua vez atacou com Ka-Zar, a “Saber” com o Túmulo do Drácula, a “Gorrion” publicou Shanna e Luke Cage e a “Roval” trouxe; Kull, o Conquistador com o nome Koll. E no meio disso tudo a “GEA” em 1972, pegou alguns personagens que estavam com a Ebal, publicando novas revistas que duraram pouco tempo. Pois bem, tudo isso aconteceu entre 1967 a 1973, ou seja, em apenas cinco anos, a era Marvel estava nas mãos de todas essas editoras. Nessa lista podemos incluir ainda a “Kultus” que publicou uma edição de Ka-Zar e a “Graúna” que publicou Conan com o nome de Hartan. 

Foi aí, que em 1975, diretores da Bloch foram até ao escritório da Marvel com um contrato. Em 1975, a Bloch tornou-se a única editora até hoje, a ter um contrato exclusivo no Brasil entre 1975 a 1979. Infelizmente, a Bloch acabou fazendo um trabalho ruim por aqui. E o contrato exclusivo acabou sendo cancelado. E foi quando surgiu a “RGE” de Roberto Marinho. Após a Bloch, a RGE publicou o Homem-Aranha, Hulk, X-Men, Quarteto Fantástico e mais alguns, como Mulher-Aranha, Mulher-Hulk, Nova e Rom. Os demais, ficariam esquecido por alguns meses. E foi nesse contexto que a Editora Abril, enfim, acabaria publicando a outra parte do Universo Marvel. A princípio o que sobrou para a Abril foram os personagens: Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Surfista Prateado, Punho de Ferro, Mestre do Kung Fu e Drácula.

Entre 1979 e 1982, a Marvel ficou dividida entre essas duas editoras. E é aqui que as coisas começam a entrar no contexto do título dessa matéria. A RGE bem que tentou, mas faltou foco no que seria a complexa cronologia do Universo Marvel.  Analisando pelo lado do empreendedorismo, a RGE cometeu o mesmo erro da Ebal em não ficar com todos os personagens. “A RGE não teve visão editorial para perceber a dimensão do Universo Marvel. Raciocinou sempre em termos de vendas, com foco no produto. Errou sim, ao não ficar com todos os personagens”, lamenta o editor do período da RGE, Felipe Ferreira que ainda comenta:

 “Naquela época, as revistas eram tratadas isoladamente, cada uma em sua sequência. Não havia preocupação de ajustar as cronologias dos personagens entre si. A ideia do ‘Universo Marvel’ ainda era incipiente”, comenta. Felipe Ferreira, prestava os seus serviços como arte-finalista para a RGE desde o início da década de 1970. Depois se tornou editor de quadrinhos e mais tarde, diretor da divisão Infantojuvenil da Editora. Mesmo com toda a experiência dentro da editora, Felipe não conhecia os personagens que viria a editar. “Quando subeditor, a RGE negociou a publicação dos personagens Marvel. Publicamos o que havia sido decidido na negociação. Eu não tinha nenhum conhecimento prévio dos personagens Marvel, a não ser pelas animações da televisão. Eu não lia as edições na Ebal e na Bloch”, revela.



Na Abril, o responsável por iniciar o comando da linha editorial da Marvel foi o editor Hélcio de Carvalho, que já era leitor e grande fã dos personagens. “Quando a Abril pegou parte dos personagens Marvel, eu fui convidado a editar aquelas revistas (que ninguém ali conhecia) e me tornei editor. Antes da RGE, a Bloch estava publicando a Marvel e fazendo um PÉSSIMO trabalho. Decepcionada, a Marvel decidiu não renovar o contrato e encontrar outra editora no Brasil. A Abril não sabia exatamente como publicá-los e me convidou para organizar as coisas, sabendo do meu interesse e conhecimento sobre aquela linha de quadrinhos”, comenta. Hélcio de Carvalho.

Desde a Ebal, com exceção de Ota Assunção, ninguém que havia trabalhado com a Marvel no Brasil, sabia ou entendia as conexões entre os personagens. E é quando um jovem chamado; João Paulo Lian Branco Martins, mais conhecido em todo universo como “Jotapê”, surgiu para interromper esse obscuro legado. Aos 19 anos, Jotapê, chegava à Divisão de Quadrinhos Infantojuvenis da Editora Abril em 1979. O próprio Jotapê recorda sobre aquele período. “Eu leio gibis desde os sete anos. E comecei a colecioná-los aos 13. Em 1979, aos 19 anos, eu tinha todas as revistas Marvel publicadas no Brasil. Comprava todos os gibis americanos que a Livraria Siciliano importava quinzenalmente e mesmo sendo uma fração do que a DC Comics e a Marvel publicaram nos Estados Unidos, eu tinha uma noção plena do histórico das duas editoras. Para tanto, eu colhia informações das notas dos editores nas páginas das aventuras, lia seções de cartas, editoriais do Stan Lee, expedientes e as relações de títulos mensais publicados. Em suma, até aquele momento, eu tinha um vasto e completo conhecimento.

 Certo dia da primeira semana de julho de 1979, eu apareci na recepção da Divisão Infantojuvenil, na Rua Bela Cintra, bem cedo, oferecendo-me para traduzir histórias da Marvel. Por fim, arranjaram uma pessoa para falar comigo, outro moleque mais velho que eu, Hélcio de Carvalho. O Hélcio tinha sido incumbido de ser o redator das três revistas Marvel da Editora: 'Capitão América', 'Heróis da TV' e 'Tumba de Drácula. Naquele tempo, ninguém da editora botava fé nos gibis da Marvel que a Abril estava publicando. Na Redação de Quadrinhos Nacionais e Estrangeiros (RQNE), não passavam de mais três títulos insignificantes entre mais de 30. Os diretores da Divisão Infantojuvenil da Editora Abril na Rua Bela Cintra não achavam que a Marvel faria sucesso. Muito pelo contrário. Afinal, nos doze anos anteriores, o histórico da Marvel no Brasil tinha sido muito ruim. A crença era a de que os gibis durariam muito pouco. Tinha até um espírito de porco da diretoria, de patente não muito alta, que vinha à redação afirmar, zombeteiro, que aquelas revistinhas não resistiriam nem seis meses. A editora só estava querendo aproveitar o que todos julgavam ser uma moda passageira, um interesse pouco duradouro nos super-heróis, fomentado pela presença na televisão de Homem-Aranha e Hulk, naqueles anos que encerravam a década de 1970”, afirma Jotapê.

Hélcio de Carvalho, além de seus dotes como editor e ‘faz-tudo’, foi contratado como redator das três revistas Marvel, porque, na época, era o único, na editora inteira, que sabia alguma coisa daqueles personagens. Mesmo assim, o que ele sabia era quase nada perto do que Jotapê entendia. Assim, Hélcio acabou passando um teste de tradução. O que ele queria era a colaboração de alguém que entendesse do assunto e soubesse da continuidade dos personagens. O teste era uma história do Capitão América contra o Escorpião, que acabou sendo publicada em "Capitão América" n° 08. Jotapê acabou passando no teste, e a partir daí os dois seriam os nomes por trás da Marvel no Brasil. Entre 1967 até 1979, quando a Abril assumiu, o Universo Marvel passou pelas mãos de quatorze editoras. Achou pouco ou quer mais? Da Ebal até a Abril, foram quatorze editoras, com o Universo Marvel em apenas doze anos da era Marvel no Brasil. Se acrescentarmos as editoras; “O Livreiro”, “Dado”, “Signo” e “Gráfica Novo Mundo”, que publicaram histórias da fase Atlas em 1967, esse número sobe para 18 editoras. Enfim, de qualquer modo, uma salada editorial havia sido criada no Brasil com os heróis de Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko.  

Hélcio e Jotapê formaram uma boa dupla. Os dois eram a “Redação Marvel Abril”. Todas as decisões sobre as revistas Marvel eram de inteira responsabilidade de ambos os editores. Jotapê começaria primeiramente a escolher somente histórias completas, até começar o sincronismo com todo o Universo Marvel. O fato de pegarem “o bonde andando” foi muito complicado para a jovem dupla da Abril. Isso porque era difícil que todos os personagens estivessem com boas histórias simultaneamente. Se o Capitão América, por exemplo, estivesse em uma boa fase, e o Homem de Ferro não, como fazer para publicar suas histórias, se eram do mesmo período? Se a Abril publicasse por publicar, a linha de super-heróis seguiria na mesma linha das editoras anteriores. Pela Ebal nem tanto, mas a Bloch e a RGE falharam com a execução dos personagens Marvel. Se a Abril também falhasse, provavelmente esse seria o fim da Marvel no Brasil!

Após o acordo firmado com a Marvel, a Abril tinha adquirido, sem muito critério, cerca de 1.500 páginas de histórias em quadrinhos na forma de bromuros. As histórias foram incluídas sem preocupação com ordem ou continuidade. Afinal, quem programou as edições não sabia da cronologia dos personagens e nem de sua história editorial. Por exemplo, os novos leitores foram brindados, em HTV 01, com uma história já começada do Punho de Ferro. Ocorre que a revista “Iron Fist 01” não trazia a primeira história do herói, e sim a nona, uma vez que ele havia sido apresentado, antes de ganhar título próprio, meses antes no gibi 'Marvel Premiere', cujas páginas não tinham sido compradas pela Abril. Esse tipo de conhecimento vinha de Jotapê, que acabaria colocando ordem na casa. 

A Abril tinha um bocado de páginas compradas sem critério algum e a incumbência de selecionar, entre elas, o maior número possível de histórias fechadas. A decisão editorial fazia sentido. Afinal, eram publicações novas na Abril, voltadas para um público que ainda deveria ser formado. Nada mais lógico do que iniciar com histórias que tivessem começo, meio e fim, como ditava a tradição da publicação de super-heróis no Brasil. As experiências de 1967 em diante com histórias continuadas da Marvel na Ebal até a RGE não tinham sido suficientes para criar o gosto por capítulos entre os leitores tradicionais. Se por um lado a unificação do Universo Marvel tinha virado uma prioridade dentro da editora, por outro, a Abril tomaria algumas atitudes que, para alguns leitores, seriam uma afronta. Por isso, foi criada a famigerada “Cronologia Marvel-Abril”. Uma dessas atitudes feitas pela editora, principalmente para alinhar a cronologia, foi a edição com cortes e mudanças nas histórias originais.

A Abril resolveu que, para unificar o Universo Marvel, a melhor solução seria “cortar e editar” pequenos trechos das histórias. Uma das explicações dadas por Jotapê sobre os cortes e mudanças nas histórias originais foi a seguinte: uma revista Marvel produzida nos Estados Unidos possui 22 páginas por edição. Isso sabendo que lá, cada personagem tem a sua própria revista. No Brasil, seria inviável publicar dessa forma, uma edição para cada um dos personagens. A Bloch até tentou. Publicou uma revista para cada personagem. Mas eram outros tempos. A ideia na Abril era deixar as revistas diversificadas, com o máximo de histórias possíveis por edição. Para aproveitar as 84 páginas das revistas, que eram as 80 do miolo e mais as 4 das capas, a editora, caso optasse por apenas três histórias, ficaria com uma sobra de 14 páginas por revista. Nesse caso, seria necessário usar esse espaço com intermináveis seções de cartas, desenhos dos leitores e outros diversos tapa-buracos. Caso fossem publicadas quatro histórias, como acabou sendo feito, o número subiria para 88 páginas. 

Por isso, para oferecer mais, e para poder ter quatro, ao invés de três histórias por edição e ficar dentro do limite de páginas, a dupla Hélcio e Jotapê entenderam que seria melhor cortar alguns pequenos trechos das histórias originais. A princípio, esses cortes não foram percebidos pelos leitores. Em uma época sem internet e com o acesso aos originais americanos de forma escassa, levaria muito tempo até que os leitores e colecionadores percebessem as histórias editadas. Somente algum tempo depois, com as edições originais chegando em maior escala ao Brasil, no final dos anos 1980, que seria possível saber quais partes das histórias foram cortadas. Mas de qualquer forma, a Abril conseguiu o que queria: organizar as histórias e trazer de volta o interesse dos leitores para os gibis de super-heróis.

 “Na época, algo tinha de ser feito para que uma cronologia coesa pudesse ser estabelecida no Brasil, e a única forma que encontrei foi escolher um ponto de partida e ir eliminando histórias menos importantes ou ruins, ou então modificar páginas, para não estragar surpresas ou atrapalhar a sequência lógica de eventos em curso. Estávamos vivendo um período de grandes crises econômicas no país, e o dinheiro estava extremamente curto no bolso de todos. O leitor estava muito seletivo. Por isso, era vital sempre oferecer o melhor material possível, para que ele continuasse comprando as publicações. Assim, selecionamos, e muito, o material a ser publicado. Sequências ruins, sem relevância, com roteiro e arte pobres, eram cortadas sem dó. Dava um trabalho imenso fazer isso, mas conseguimos realizar o que muitos julgavam impossível – estabelecer a cronologia brasileira, publicando os personagens de forma ordenada -, os mesmos que tinham sido publicados sem qualquer critério, ao longo de tantos anos”, comenta o editor Hélcio de Carvalho. “Com isso, a gente racionalizou a compra de material. Desde 1980, a editora só comprava o que queria publicar. E assim, as revistas estavam sendo planejadas com mais de um ano de antecedência”, comenta Jotapê. 

Vale ressaltar que as vendas com a Marvel foram as maiores até momento. Títulos como; Homem-Aranha, Superaventuras Marvel e A Espada Selvagem de Conan, passavam dos 100 mil exemplares ao mês. Um verdadeiro fenômeno, um verdadeiro sucesso. Durante os anos em que a Abril publicou os personagens Marvel nos formatinhos, a maioria das histórias sofreram cortes e alterações em suas estruturas. Os cortes feitos pela Abril eram práticas comuns, e durariam até o final dos formatinhos, antes de mudarem para a linha Premium, em 2000. 



Os cortes eram muito bem feitos. Ninguém percebia. Quando me dei conta disso, fique surpreso – no sentido de, por que essa imagem não estava na história publicada anteriormente? Depois de pesquisar a história da Marvel no Brasil, e analisar o motivo de tantas editoras, eu consigo entender todo o “malabarismo” criado por Hélcio e Jotapê. Ambos salvaram a marca, criaram e formaram uma geração de leitores e ajudaram a estabelecer uma nova ordem editorial. Não à toa que a Abril ainda é a recordista com a Marvel no Brasil. Desse ponto polêmico, eu faço apenas uma ressalva negativa, com a série “Guerras Secretas”, assunto que já comentei aqui. Todo sacrifício tem um preço, e o trabalho da Abril com a Marvel fez com que a editora estabelecesse a marca em nosso país. Caso a Abril não tivesse dado certo, uma frase surge em minha mente: o que aconteceria se a Abril tivesse falhado com a Marvel? Provavelmente eu não estaria aqui para escrever essa matéria. Isso com toda a certeza.


Alexandre Morgado

Alexandre Morgado é cartorário do 15° Tabelionato de São Paulo. É também autor do livro Marvel Comics - A Trajetória da Casa das Ideias do Brasil, livro que narra a história da Marvel em nosso país, relançado em 2021. O autor possui um acervo gigante de HQs, principalmente com material da Marvel Comics.