quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Um relato sobre a CCXP 2015





Do mesmo jeito que a Cammy, esta foi a primeira Comic-Con Experience (CCXP) da qual eu participei. Devo admitir que estava com expectativas iniciais bastante altas e o meu veredicto final foi de que o evento atingiu bem as expectativas. Existem, claro, pontos na organização a serem melhorados para os próximos anos. Mas o saldo geral foi bastante positivo.

Como um enviado especial do site para fazer a cobertura do evento nos dois primeiros dias, eu tive a oportunidade de tirar as fotos dos estandes quando ainda vazios. Muitos desses, assim que os portões se abriram, automaticamente se tornaram lotados e intransitáveis, tamanha a quantidade de pessoas interessadas neles. O Artist's Alley foi um exemplo. Mas, também posso mencionar os estandes do Star Wars, Procurando Dolly, Netflix, Piziitoys, DC Comics, Panini Comics e Comix entre os mais disputados. Muitos com uma fila quase permanente para a entrada em suas atrações.


Artist's Alley antes dos quadrinhistas chegarem


Chegando cedo, eu encontrei muitos dos quadrinhistas nos momentos em que eles estavam chegando em suas mesas. Exemplos foram Esad Ribic, desenhista do clássico Ultimate Comics: The Ultimates (para sempre inacabado na edição 9, pois na minha cronologia pessoal Sam Humphries não existe) e Secret Wars, e Lu Caffagi, co-autora das Graphics MSP Laços e Lições. Eu não tive a mesma sorte com o Vitor Caffagi na quinta, pois a mesa deles era uma das mais disputadas e com a maior fila naquela parte do Artist's Alley. Mas, na sexta, chegando cedo, eu encontrei uma fila "menorzinha" na mesa e só levou uns 20-25 minutos.


Esad Ribic, Vítor Caffagi e Lu Caffagi


Embora relativamente pequeno, o Artist's Alley apresentou um espaço bem diversificado. Podíamos encontrar desde astros internacionais das HQ's (Mark Waid, Kevin Maguire), artistas brasileiros famosos por seus trabalhos na Marvel/DC (Mike Deodato, Ed Benes, os irmãos ) ou nas Graphics MSP (os Caffagi, Gustavo Duarte), artistas de tirinhas web (Fernanda Nia, Carlos Ruas), todos por lá. A organização teve o cuidado de organizar as mesas de formas que os artistas com maior hype ficassem em uma fileira menor e mais centralizada, de forma que as suas filas não eclipsassem os demais. Assim, podíamos ver uma fileira com Kevin Maguire, Mark Waid e Esad Ribic sentados lado a lado.

A Chiarousco Studio também apresentou um estande próprio localizado bem no centro do Artist's Alley em que os seus artistas se disponibilizavam para autógrafos e sketchs em horários pré-estabelecidos. Entre os artistas que se podia encontrar lá, estavam Ivan Reis,  Danilo Beyruth, Adriana Melo, Rod Reis e outros.


Mike Mckone e Danilo Beyruth


Enquanto a maioria dos visitantes estava com o objetivo de conseguir um autógrafo de Frank Miller ou Jim Lee, o meu objetivo principal no evento era outro e que dei uma sorte incrível em conseguir com relativa facilidade. Tratava-se de conseguir um autógrafo de Mark Waid, um dos meus maiores ídolos nos quadrinhos e um dos responsáveis por gostar de quadrinhos de super-heróis graças ao seu run no Flash na Distinta Concorrência, ainda nos tempos de formatinho da Abril e seus Novos Titãs e Super-Homem. Graças a ele, o Wally West é o único personagem não-Marvel no TOP 3 de personagens favoritos em HQs. Eu estava disposto a ficar o tempo que fosse necessário na fila, mas dei a sorte miserável de encontrá-lo chegando em sua mesa no início da quinta-feira, com apenas umas três ou quatro pessoas antes de mim. Foi um dos momentos mais especiais do evento para mim.

Nos dias seguintes, eu tive uma noção da sorte que eu tive na quinta. Logo no começo da sexta, a fila para encontrá-lo já era a maior da Ala, formando um verdadeiro caracol. E isso porque ele nem tinha chegado ainda. A maioria das pessoas permaneceu na fila até ele chegar no meio da tarde. No sábado e domingo, a fila para encontrá-lo também era gigante e disputadíssima. Mesmo assim, os relatos foram de que ele foi extremamente gente boa, atendendo a todos que o esperavam e, ocasionalmente, ainda podíamos esbarrar nele (ou no Timothy Zhan) andando pelo evento.


Encontrando o grande ídolo, Mark Waid

Falando em Timothy Zhan, o autor da Trilogia de Thrawn e criador da Mara Jade, Grande Almirante Thrawn e Coruscant estava dando autógrafos no estande da Aleph. Eu soube em cima da hora da sessão, mas dei sorte e consegui pegar uma fila razoavelmente pequena. O estande da Aleph foi um caso à parte. Projetado para parecer uma cantina em Tatooine com os funcionários devidamente caracterizados como personagens da franquia Star Wars, o estande era parada certa para quem curte ficção científica, com obras de Isaac Asimov, Arthur c Clarke, Philip K. Dick, William Gibson, Michael Crichton e outros. Sem mencionar os vários e vários livros de Star Wars.


Timothy Zhan, no estande da Aleph


A Fox também aproveitou e divulgou seus filmes da franquia mutante em seu estande. Enquanto o do Deadpool teve um pouco mais de capricho, a seção focada em X-Men Apocalypse foi bem mais tímida, com o capacete do Magneto, uma estátua da Mística reusada da divulgação do filme anterior e prints de artes conceituais do vindouro filme.

Estande do filme X-Men Apocalypse


Os estande da Marvel também estava bastante razoavelmente tímido. Eclipsado pela proximidade com o estande de Star Wars, Panini e Artist's Alley, ele exibia o trailer de Capitão América: Guerra Civil, uma réplica do escudo e estátuas em tamanho real do Capitão América e Homem de Ferro.


Estande da Marvel




No entanto, a estratégia da Disney foi perfeitamente compreensível. O foco principal deles não eram os heróis Marvel. Estamos em dezembro e dezembro significa "Star Wars". E a saga cósmica foi onipresente em todo o evento. Desde um estande próprio totalmente lotado, lojas de fantasias, painéis, letreiros fazendo a contagem regressiva para a estréia do Despertar da Força, para onde se olhasse se veria Star Wars no evento.


Star Wars onipresente por toda a CCXP


E, continuando em Star Wars, a Iron Studios aproveitou o evento para divulgar os protótipos de seus Art Scale de Star Wars e Batman vs Superman. Entre as peças (escala 1/10 em polystone) exibidas estavam protótipos da Princesa Léia, Mestre Yoda, Imperador Palpatine e Qui-Gon Jinn.


Art Scale de Star Wars


Outro estande bastante concorrido foi o da Netflix, com atrações próprias baseadas em suas séries e com ênfase nas duas que se passam no MCU, Jessica Jones e Demolidor.

Estande da Netflix

Outro estande bastante concorrido foi o da Tamashii Nations, com um mega diorama baseado na cena do penúltimo episódio de Saint Seiya: Soul of Gold apresentando os 12 Cloth Myth EX dos Cavaleiros de Ouro, as 12 variações divinas das armaduras de ouro e o deus Loki no centro. Eles ainda apresentaram muitas atrações para os fãs de Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball. Além de vários S.H. Figuarts que iam desde Vingadores até Sailor Moon, passando pelos heróis de tokusatsu, como Kamen Rider e Jaspion. 

Tamashii Nations, porque eu tinha que mencionar Cavaleiros do Zodíaco

Sendo sincero, eu vi poucos cosplays na sexta-feira (exceção feita a uma parada realizada com cosplayers por volta das 19 horas). No entanto, nos outros dias, a quantidade e a diversidade de cosplayers foi bem maior. Iam desde games (Link e Big Boss) até versões Ultimate de heróis Marvel, como a Lince Negra. Os cosplays mais encontrados foram da Supergirl (em franca evidência, devido à série), Arlequina (que contava com o apoio de um estande que maquiava as cosplayers que assim se vestissem), Deadpool (porque a zoeira never ends) e, claro, Star Wars. Em Sith e Jedis, a coisa mais fácil era se encontrar com pessoas trajando um sabre de luz.


Interagindo com cosplays (ou, na verdade, pedindo o sabre de luz emprestado)


Na sexta-feira, eu também tive a oportunidade de conhecer pessoalmente parte da galera do site, Coveiro, Cammy e Jefferson. Uma excelente oportunidade para encontrar eles e bater um papo enquanto passeávamos pelos estandes.


Conhecendo o pessoal do Marvel 616


Eu estava com eles quando soubemos que o David Tennant estava dando autógrafos de surpresa no evento. Teve toda a questão da polêmica do painel da Netflix na sexta, com diversas versões e fontes contando histórias diferentes. O único fato é que o painel, previsto para durar uns 50 minutos, durou apenas 15 minutos, pegando de surpresa os próprios atores. Nos dias que se seguiram, houve muitos dedos apontados na tentativa de se procurar um "culpado" pelo acontecido. Mas é provável que tenha sido uma conjunção de fatores que fez tudo dar errado. Pois até o público não se comportou "bem" naquela sexta. Conversando com algumas pessoas que entraram dentro do auditório, elas confessaram terem furado a fila perto das 18:00 ao verem uma oportunidade de entrarem pela porta da saída. Além de eu mesmo ter visto gente pulando a grade para furar a fila. Isso é um desrespeito completo com quem passou o dia inteiro na fila honestamente sem ir ao banheiro ou comer/beber nada.

Isso sem mencionar a questão da programação do auditório principal, que, buscando diversidade, alternou painéis de puro hype (John Rhys-Davies, Gerard Way, Frank Miller, Netflix) com painéis de interesse mais nichado/jornalístico (All New All Different Marvel, Fox, Universal). Isso resultou que os interessados nos painéis do segundo tipo não tivessem acesso ao auditório tamanha a concorrência e o volume de pessoas que estavam lá para os painéis de maior hype. Por mais que se diga que na SDCC é assim também, nada impediria de a CCXP fazer diferente, com distribuição de senhas específicas para cada painel logo pela manhã. Assim, quem está interessado nos painéis menos concorridos teria alguma chance contra o pessoal que chegou às 4 da manhã para ver uma atração às 18 da noite. Além disso, isso evitaria que as pessoas passem o dia inteiro na fila ou no auditório, podendo circular pelo evento até a hora do painel desejado.



O máximo que chegamos perto do Doct, digo, de David Tennant




Como mencionado, um dos grandes problemas da CCXP foram as filas, gigantescas até para ir ao banheiro. Muitos estandes precisando organizar filas para quem quisesse entrar neles. Isso atrapalhou bastante a circulação de pessoas no sábado e domingo. Filas sempre existirão e o povo parecia viciado nisso. Em dado momento, eu estava parado perto do estande da Chiarousco (esperando dar a hora para a sessão de autógrafos do Ivan Reis e Danilo Beyruth) e se formou uma fila atrás de mim de pessoas pensando que era fila para alguma coisa. No entanto, o evento poderia pensar em formas de mitigar esse problema para os próximos anos. Uma forma é distanciar/isolar os estandes mais hypados. Todo mundo sabe que estandes como Star Wars, Marvel e Netflix serão alguns dos mais concorridos do evento. Colocá-los mais afastados é uma forma de permitir que eles possam gerir as filas de forma mais adequadas, com grades, distinguindo quem está na fila de quem apenas quer dar uma olhada no estande por fora.

Outro problema que aconteceu foi o esgotamento rápido dos colecionáveis exclusivos, devido à política de venda de até 07 itens por pessoa. Isso levou muitas pessoas (e representantes de lojistas) a pegarem a fila para comprar o máximo de itens possível e revendê-los até quase o triplo do preço. O evento cuidou disso e limitou a venda para 01 item por pessoa a partir da sexta, mas o estrago já estava feito e muitos colecionadores passaram horas na fila apenas para descobrir que peças como o Aquaman e o Duende Verde estavam esgotadas, enquanto as mesmas eram revendidas por até 700 reais em outros estandes na própria CCXP.

O problema que mais deu dor de cabeça foi a completa ausência de Internet. Até existia Wi-Fi aberto no evento, mas era impossível de se conectar, tamanha a concorrência das pessoas. Eu sei que a infraestrutura para dar suporte ao acesso de Wi-Fi para dezenas de milhares de pessoas em um único espaço é colossal, mas estamos em uma era de informação e conectividade é tudo. Se as pessoas não conseguirem postar em redes sociais, o evento perde em hype. Se os jornalistas não conseguem publicar as fotos em tempo real, o evento perde em informação fresca. Eu mesmo tive sérios problemas para enviar poucas imagens para o Coveiro na quinta-feira, pois mesmo o sinal de 3G simplesmente inexistia no lado do Artist's Alley/Auditório. Eu precisei me deslocar até o outro lado, na praça de alimentação, para as imagens serem upadas e rezando para conseguir fazer isso sem que a TIM cortasse a conexão por ter usado toda a banda a que tinha direito. Ter notícias e imagens e não poder publicar é deveras frustrante. E nem mesmo na Sala de Imprensa, os relatos é que não havia Wi-Fi funcional.

Outro problema foi o calor, principalmente nos dias mais lotados. Mas aí, infelizmente não vejo muito como mitigar, os ar-condicionados estavam funcionando no máximo e isso era perceptível para quem esteve lá nas duas situações (pavilhão semi-vazio e pavilhão formigueiro humano).






Concluindo, o evento atingiu as expectativas e recomendado para quem tiver interesse, vontade ou curiosidade em ir na versão do ano que vem. Claro que ele teve vários problemas, mas é uma questão de aprendizado e adaptação.



Eu acho que esse dente está cariado...



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