segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Um giro marvete pela segunda edição da CCXP


Tudo começou em 2014, quando não mais que de repente, um anúncio foi feito logo no começo do ano sobre a Comic Con Experience, a ousada iniciativa entre o site de quadrinhos especializados Omelete e a Chiaroscuro. Neste primeiro ano, a estimativa de público divulgada pela organização do evento foi de 97 mil pessoas. Foi certamente um marco épico na história nerd e geek do país. Em 2015, com todos os anúncios, a expectativa era chegar muito além.

Nós do Marvel616 acompanhamos o evento pelos três primeiros dias e com uma equipe bem maior para realizar uma cobertura, nos espalhamos em diversas áreas que seriam foco de cada um. Sendo o responsável pelas matéria do ano passado, fica meio que mais evidente pra mim as mudanças que a CCXP teve pra este ano.

Se já era um evento de grande público em seu primeiro ano, este ela demonstrou que pode ir muito mais além. Diferente do ano passado, quando a quinta e sexta-feira se demonstravam dias mais livres e fáceis de transitar, este ano tivemos uma imensa fila antes mesmo dos portões se abrirem. E já de cara para a entrada principal, você percebia que esse seria certamente um evento muito concorrido para o público aproveitar suas atrações e todos os stands.

Uma das minhas áreas preferidas em qualquer evento do tipo é a Artist's Alley, sempre uma ótima oportunidade de chegar perto do seu desenhista favorito, pedir um autógrafo e até mesmo conseguir um arte original do mesmo. Com muito gosto, fico impressionado de ver que o interesse pelo espaço cresceu e muito. Era possível ver desde a quinta-feira filas extensas para David e Meredith Finch, Esad Ribic, Kevin Maguire e Mike McKone. Entre eles, estava o mestre Mark Waid, com uma fila gigante fazendo "caracol" pelos corredores e todos ansiosos por encontrar por alguns segundos o atual célebre escritor do Demolidor.


Fora dali, dois nomes eram o alvo principal de muitos dos leitores que compraram seu ingresso pro evento. Frank Miller e Jim Lee tinham sessões limitadas de autógrafos por dia e desde a abertura dos portões haviam aqueles aguardando ansiosamente por uma chance para obter um autógrafo. Mais detalhes sobre isso, você verá na postagem da Cammy. Ainda assim, para quem estava ali por causa do Sr. Lee, não era nada impossível encontrá-lo durante o evento. Sendo convidado da Panini Comics, o artista sempre estava presente na sala de vidro no stand da editora e foi possível até mesmo presenciar um encontro inusitado entre o mesmo e Maurício de Sousa.


E já que paramos no stand da Panini, vale destacar que a editora estava com alguns lançamentos (e relançamentos) exclusivos pro evento. Pra começar, edições com capas mais que especiais dos Guardiões da Galáxia (por Gustavo Duarte) e do Deadpool (por Danilo Beyruth). Lá também estava o volume 2 do encadernado do Demolidor do Frank Miller com o relançamento do volume 1 para acompanhar. Também foram relançadas as edições Deluxe da Guerra Civil assim como do Demolidor do Bendis e Alex Maleev.

Agora, vou aproveitar o gancho da citada Guerra Civil para falar do que encontramos nos stands por aí. No ano passado, era inegável que a Disney chamou a atenção ao colocar uma mega exposição de Vingadores: Era de Ultron logo na entrada. Infelizmente, este ano, não podemos ficar tão maravilhados assim com o que foi levado para Capitão America: Guerra Civil. Num local mais estratégico e próximo as filas que levavam aos auditórios, a parte da Marvel figuravam com um grande telão reproduzindo o trailer do vindouro filme, duas estátuas e uma replica do escudo do bandeiroso. Como parte interativa com os fãs, artistas foram convidados para pintar livremente réplicas de um escudo em gesso branco.


Em parte, é compreensível que a Disney tenha feito assim. Seu foco para este final de ano estava em Star Wars, onde um estande a parte com loja especializada e várias áreas interativas estavam a disposição dos fãs. Incluíam-se ali uma exposição de réplicas e cabines onde era possível bater uma foto com o lado da força que você escolhesse. Outras partes dos stands da Disney incluíam também uma divertida piscina de bolinhas azuis do filme Procurando a Dory e áreas mais infantis com temas do Bom dinossauro e Zootopia.


A FOX também tinha um stand no evento, com painéis interativos de seus próximos filmes. O do Deadpool se destacava com um carro completamente virado como o que vimos no trailer onde fãs podiam tirar foto em cima e até mesmo interagir com um ator contratado com a roupa do Deadpool do filme. Ao lado, os fãs dos X-Men tinham uma representação do famoso cérebro e uma exposição modesta de fotos do filme X-Men: Apocalipse, um capacete do Magneto e uma estátua da Mística.


Nesse ponto, quem deu um banho foi a Warner. A Distinta Concorrência trouxe as estátuas do Batman, Mulher-Maravilha e Superman que foram usadas na exposição da San Diego esse ano para o Brasil. Num espaço amplo, havia uma pequena exposição de itens do arsenal do Batman, uma "jaula" para tirar fotos que era relacionada ao filme do Esquadrão Suicida e vitrines com as roupas dos protagonistas do seriado Arrow.

Mas quem sentiu falta de algo mais chamativo da Marvel por ali, certamente encontrou algo gigantesco no stand da Piziitoys. A empresa especializada em vendas, representação e até confecção de Action Figures simplesmente colocou um imenso Hulk e uma armadura Caça-Hulk se digladiando logo em sua entrada e no seu interior era possível encontrar muitas peças únicas de personagens da Marvel e até mesmo protótipos de futuras peças da Iron Studios. Como prometido, houve a venda de itens exclusivos que o Paulo Artur irá retratar com mais minuciosidade em sua matéria.


Passemos então para o mundo cinematográfico e certamente interesse da grande maioria ali. Com o sucesso do seriado da Jessica Jones e a vinda certa de Kristen Ritter e David Tennant para o Brasil, a sexta-feira se tornou um dia tão ou mais visado que qualquer um dos outros. Mesmo com o auditório imenso com capacidade para mais de 2.000 pessoas, era impossível garantir seu lugar se não madrugasse na fila naquele dia. Em contrapartida, a organização do evento foi estupenda ao colocar do lado de fora um telão onde parte das palestras era transmitida ao vivo pra quem não conseguiu entrar. Nesse mesmo espaço, uma espécie de tapete vermelho foi montado para quem as pessoas fora do auditório tivessem como ver nem que fosse por um curto período de tempo os dois atores.

Veja uma filmagem da entrada dos dois no auditório (créditos no vídeo):




Mas essa não foi a única oportunidade de se aproximar de Ritter e Tennant no evento. Meio que pegos de surpresa, fomos avisados de supetão que os dois estariam autografando um número limitado de posters da série na sessão de autógrafos. Foi um momento único onde separados por uma grade e alguns metros os fãs puderam ver os atores. Tennant e Ritter ainda se aproximaram das grandes para distribuir posters e garantir muita euforia dos fãs. Para alguns, foi até mais recompensador do que ter enfrentado o dia todo no auditório para um painel que foi bruscamente interrompido no meio, segundo relatos de outros sites.




Mas talvez, a principal atração para os fãs da Marvel nos cinemas estava com a editora Aleph. Para quem não sabe, Evangeline Lilly, a Hope Van Dyne do Homem-Formiga, é autora de um livro infantil lançado no evento com o título de Molambolengos. Com stand próprio para autógrafos e separada pelos fãs apenas por uma parede de vidro, a atriz manteve-se simpática, sorridente e atendeu por três dias seguidos em horários diferentes seus fãs. Por uma estimativa rápida, Lilly deve ter autografado e atendido cerca de 1.500 de seus fãs. Certamente, foi uma das que mais esteve próxima de seu público e fez o ingresso valer a pena.

Nesse ponto, merece todo o destaque a organização da Editora Aleph. Diferente de muitos outros casos observados no evento, eles foram a todo momento polidos e bem organizados com o público e conseguiram dar ao seu público o aproveitamento máximo. Seu outro stand era totalmente focado em Star Wars, emulando a famosa cantina de Mos Eisley de Tatooine, e contava com sessões de autógrafos de Timothy Zhan (Trilogia dos Herdeiros do Império) e Chris Taylor (Como Star Wars Conquistou o Universo). Em intervalos regulares, tocava uma bandinha no melhor estilo de "blues espacial" chamada Figrin D'an and the Modal Nodes.


E é claro que fora do universo Marvel haviam muito, muitos outros stands para apreciação do público. A Comix ocupou uma área muito maior do que do ano passado com espaço para autógrafos de seus convidados e até mesmo sebos como o Comic Hunter tinham espaço generosos. Muitas outras lojas especializadas em actions figures ou itens colecionáveis estavam presentes e se destacou desta vez a presença de fabricantes de board games e/ou RPG como a Galápagos, Devir e Jambô. A parte de games mudou um pouco, ficou mais centrada na área de vendas e abdicou de um telão e disputas ao vivo (o que considero louvável). Destaco a presença de um demonstrativo do jogo baseado em lendas brasileiras chamado Guerreiros Folclóricos por lá também.


Convidei a cosplayer Tia "Lillian" Orochi para falar um pouco do que ela achou da parte que cabe a eles no evento (em futura matéria a ser aqui vinculada). Mas já destaco de antemão que fiquei impressionado com a qualidade do que mostraram. De uma criatividade ímpar e a presença até inusitada de personagens um tanto desconhecidos, posso dizer que não fizeram nada feio a qualquer convenção norte-americana. E esse é um momento de diversão em particular para tirar muitas fotos divertidas.


Não há o que discutir sobre o quanto o evento cresceu, tendo potencial para muito mais. E isso é algo que é muito importante para estabelecer o Brasil como um polo consumidor desta cultura. A CCXP foi alvo de vários sites americanos por questões diferentes pelo conteúdo inédito e diferenciado que gerou - como evidenciado no painel da Marvel Studios e da Marvel Comics.




Todavia, é importante que a estrutura do evento acompanhe também esse crescimento. Com nomes cada vez mais internacionais e diferenciados no Artist's Alley é mais que necessário um apoio logístico de um staff mais preparado ou até mesmo reservar mais opções de salas diferenciadas para autógrafos para os nomes de peso como foi o caso de Waid, sempre com filas inesgotáveis e fãs ávidos todos os dias. Vale lembrar que para o público brasileiro esse momento é ainda muito único e a vinda de qualquer um desses artistas deve superar em muito o interesse comum em relação ao que se vê nos EUA. Um sistema de senhas para esses casos, servindo assim também para o caso do Jim Lee e Frank Miller, se torna mais que crucial e já vem sendo usado em outros eventos com sucesso. É bom pra o artista, pro fã e pro público transeunte que encontra corredores mais livres.

Os estandistas também devem começar a serem orientados para ter um espaço que possa captar a oferta de público. Em dias mais cheios, haviam filas para entrar inclusive em lojas e, com isso, corredores com área de circulação comprometidas. Isso tudo, é claro, provavelmente deve se corrigir naturalmente com a ampliação do São Paulo Expo. A estrutura do pavilhão parcialmente em reforma, apesar de inevitável, também acaba comprometendo um pouco, principalmente na organização da entrada como também nos pontos eventuais de alagamento após as chuvas de verão.

Por fim, acho que cabe uma reavaliação de como organizar os painéis. Em muitas situações, era impossível acompanhar um painel mais cedo de interesse do nosso veículo quando era anterior ao de um painel mais chamativo como foi o do Netflix. O mesmo vale para a entrada de imprensa nos mesmos, que fosse facilitada nem que seja por tempo limitado para registro de imagens ou afins.

Assim, com esses questões mexidas e o já sucesso que a organização vem executando no evento, acredito que a Comic Con Experience atinja com mais velocidade e força esse patamar de evento referência a nível internacional. E desta forma seja considerado por todo seu público um evento ainda mais épico.

Coveiro

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