Caso você não estivesse perdido em meio a uma
guerra espacial num sistema tão distante quanto o
Shiar nos últimos dias, deveria saber que o Hulk finalmente retornou do
mundo de Sakaar com uma fúria nunca antes vista. Com ele, vieram o
Pacto de Guerra e juntos decidiram fazer os culpados pelo exílio do seu “
Rei Verde” pagarem por suas decisões. Com isso, era de se esperar ninguém além de
Tony Stark,
Reed Richards,
Stephen Strange e o inumano
Blackagar Boltagon sofresse as conseqüências dessa equivocada decisão, correto?
O evento acontece justamente poucos dias depois da chegada de Charles do espaço. Ele mal saberia da questão “
Planeta Hulk”, se o próprio Stark não o tivesse relatado sobre a reunião emergencial que os outros cinco
illuminati tiveram durante sua ausência e que acabaram levando o verdão ao espaço. Curioso, Tony inclusive o questiona sobre qual decisão Charles tomaria caso estivesse presente.
Contudo, a pergunta de Stark fica no ar. Charles, na verdade, encontra-se enfrentando um problema bem maior desde o
Dia-M, quando a população mundial de mutantes simplesmente reduziu drasticamente. E desde então, o professor X mantém-se enclausurado no cérebro em busca de resposta para esse problema. Nada o tirava de sua incansável tarefa até o dia em que o Hulk chegou.
Primeiro, os
Sentinela da UNI partiram apressadamente sem nenhum explicação. Depois, viram a
mensagem pela TV. Por fim, o chão estremeceu e, então, todos puderam ver o Hulk nos jardins do Instituto. Fora Xavier e os mais jovens, apenas Hank McCoy, o adorado Fera, estava presente e pouco tempo havia para esconder os alunos da fúria do Monstro Verde.
E enquanto o pedido de socorro para os demais X-men seguia, a jovem equipe escolhida por Emma para compor os
novos X-men decidiram fazer uma linha de defesa contra o Hulk. Mesmo sem tanta experiência, eles já haviam lutado contra a morte certa mais de uma vez e certamente dariam algum trabalho ao monstro.
Guiados por McCoy, os meninos conseguem bolar uma boa estratégia. Hank faz com que Elixir use o seu “
Toque da Morte” e sobrecarregue o fator de cura do Golias para que os demais partissem com toda determinação que a juventude lhes permitiam. Isso apenas garantiu o tempo para a
surpreedente equipe de X-men liderada por
Ciclope chegue e
Wolverine mostre que está disposto a continuar velhas lutas.
Contudo, Xavier apareceu no jardim e ordenou para todos parassem. Como o Hulk pediu, ele veio para lidar pessoalmente suas questões. Em uma rápida leitura de mente, enxergou tudo o que o gigante sofreu em
Sakaar e entendeu sua fúria. Xavier lamenta as perdas sofridas, mas afirma que sequer estava na reunião dos
Illuminati que decidiu aquele destino ao Hulk.
O raivoso Hulk, no entanto, não tinha se dado por satisfeito em ter os quatro culpados diretos. Ele exigia saber inclusive o que teria decidido Xavier caso estivesse naquela votação dos Illuminati. E eis que o professor olha assustado tanto quanto nós, leitores, para a justificativa do Hulk em querer causar tanta confusão ali.
Coloque-se na situação. O
Hulk, aquele brutamontes verde e pavio-curto, bate em sua casa para dizer que seus amigos o sacanearam e que ele acabou de acertar a conta com todos eles (provavelmente de uma maneira nada cordial). Então, ele chega pra você e pergunta se você também ferraria ele como os outros se estivesse junto. Qual sua resposta?
Chega até a ser engraçado quando
Emma Frost dá uma dica mentalmente para Xavier, mas parece que o
velho professor resolveu aproveitar a situação para se redimir – ao menos, aparentemente – de algumas de suas velhas decisões ali mesmo.
Charles diz que não só no caso do Hulk, mas inúmeras vezes nas questões mutantes chegou a tomar decisões unilaterais e passando por cima de qualquer ética. Indiferente a decisão que tomaria, Xavier se diz culpado de bancar o Deus e aceita entregar-se ao castigo do Hulk.
Fica aqui um questionamento particular meu se neste momento, Xavier estava mais uma vez sendo sincero ou se aquele discurso se direcionava totalmente para ele avaliar a reação de seu adorado pupilo,
Scott Summers. Mesmo o roteirista Chris Cage não sendo claro, a dubiedade desta cena mostra-se o ponto mais curioso da revista.
Como era de se esperar, a decisão de Charles nada muda a determinação dos X-men em deter o Hulk. Eles não o deixaram levar Xavier sem uma boa luta. A equipe entra em ação e mesmo Ciclope dando o máximo de suas rajadas ópticas e
Kitty Pryde enterrando o gigante verde no chão, nada parece deter o Hulk por muito tempo.
Ao longe, os demais alunos observam seus professores prestes a cair. Sabendo que nada podem fazer diretamente contra o gigante esmeralda, as
irmãs cuco lançam um chamado mental a longa distância convocando os demais grupos mutantes. E com esse chamado, um ex-vilão dos X-men que é bem conhecido do Hulk acabou decidindo comprar a briga –
O Fanático.
Seja para salvar a vida de seu meio-irmão ou para acertar velhas contas com o verdão,
Cain Marko decide pedir auxílio ao
rubi de Cyttorak, que guardou na sua gaveta algumas missões passadas. E atendendo ao pedido do Fanático, a jóia cria um portal que instantaneamente o leva até Westchester.
Poucos X-men sobraram em pé. O Hulk acabara de entortar as mãos metálicas de
Colossus e socar a cabeça de
Wolverine até a inconsciência quando finalmente Cain chegou ao campo de batalha. Mesmo sem o poder total,
Cain encara o Hulk, mas não se mostra nenhuma grande resistência.
Com isso, o Hulk já deveria dar a luta por encerrada, mas para sua surpresa chegam os X-men liderados por
Noturno e a equipe de investigações mutantes
X-factor. Ao que parece, mesmo com o número reduzido, existem sempre um mutante a mais querendo se por em seu caminho.
O terceiro round começou, contando desta vez com mais mutantes e com poderes bem diversos. Todavia, a força bruta do Fortão e Monet, a agilidade do Apache, a capacidade adaptativa do Darwin e o grito sônico de Syrin são irrisórios ao poder do Hulk naquele estado de fúria. Nem mesmo a ótima estratégia articulada por Hepzibah e Noturno dão algum resultado contra o monstro.
Só que a maior das lutas ainda estava para acontecer. Ao retirar o rubi de Cyttorak de seu bolso, Cain reclama a totalidade de seus poderes. A voz do demônio da jóia barganha com o Fanático sobre suas verdadeiras intenções naquela luta e, por fim, lhe concede o poder ilimitado que o tornará “indetível”.
A luta entre os dois titãs praticamente coloca os alicerces da mansão a tremer. Provavelmente sabendo que aquele combate não definiria nenhum fácil vencedor, o Hulk aproveita-se de uma distração do
Fanático e maliciosamente o empurra para fora dos limites da escola ganhando tempo suficiente para resolver suas questões ali.
Naquele instante, não havia mais ninguém entre ele e Xavier. Finalmente, o Hulk estaria a um passo de levá-lo, mas uma vez mais um de seus fiéis alunos se interpõe.
Mercury, que pouco tempo atrás tanto sofreu nas mãos de cientistas tiranos do “
Programa” , se lança contra o gigante.
Para o Hulk, nada mais que um golpe é suficiente para afastá-la. O
Professor X corre em seu auxílio e a garota aos prantos ainda tenta defendê-lo. Desta vez, no entanto, ela usa palavras:
“
Você quer falar de sofrimento? Olhe a sua volta!” diz ela mostrando as
tumbas de velhos companheiros mutantes “
Não vem me dizer que a gente não sofreu. E muito menos falar para não lutar pelo pouco que sobrou?”
Destemida, a garota acaba cuspindo na cara do Hulk a imaturidade de suas recentes ações, que acaba sendo nada mais que um reflexo da mesmas cometidas por aqueles que ele declara como inimigos. As palavras de Mercury têm peso. O Hulk parece refletir e para.
Assim como o Hulk, os mutantes sempre foram perseguidos e incompreendidos. Muito mais que o Hulk, eles viveram desde o começo grandes perdas, sempre tendo que encarar a morte de seus iguais. E muito diferente do Hulk, eles aprenderam que a resposta contra a ignorância da humanidade nunca foi uma reação violenta e estúpida. Afinal, eles são X-men e, por mais que os outros o chamem de monstros, eles lutam para realização de um sonho, e não para tornar o mundo um pesadelo.
Após o combate, a vida continua na Mansão X. Os feridos se erguem e as crianças voltam a sorrir. Até mesmo recentes desavenças parecem deixadas para trás. Das ruínas, certamente eles vão se reconstruir... mais uma vez.
Já o “Rei Verde” volta de mãos vazia para seu trono. Mais uma vez, opta por ficar sozinho, deixando seus leais súditos ao longe e cheio de questionamentos. Cabisbaixo, o Hulk resmunga impaciente querendo logo o fim dessa sua incoerente Guerra.
Coveiro