quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Homem-Aranha Millennium: (Just Like) Starting Over*

* Artigo escrito por nosso colaborador, Léo Florentino

Adeus BAGLEY

Brian Michael Bendis é conceituado por seu grande talento em construir diálogos. Então, quando ele assina uma história entitulada “A Conversa”, na qual Peter Parker e sua tia May param pela primeira vez para falar da vida do jovem como super-herói, é possível sair uma história de baixa qualidade? Bom, toda regra tem suas exceções, mas sem dúvidas, este não é o caso. Em uma história com clima de transições, Marvel Millennium 80 marca a despedida do desenhista Mark Bagley, depois de 111 edições que lhe renderam, juntamente a Bendis, o recorde de maior número de edições ininterruptas com a mesma equipe criativa, antes pertecente a Stan Lee e Jack Kirby em sua fase clássica no Quarteto Fantástico, e nos dá uma prévia do que vem por aí sob o traço do grande Stuart Immonen.


Logo após ter alta no hospital em que estava internada pelo ataque cardíaco que sofreu, May Parker, aparentando boa saúde, chega em sua casa recém reconstruída, trazida pelo sobrinho Peter. Os dois checam o resultado do trabalho de reforma da SHIELD, mas a senhora Parker não pretende adiar, ela e o sobrinho precisam mesmo conversar.

Adeus BAGLEY

Começar a falar sobre o assunto é mais difícil do que pensavam, mas não impossível. Peter começa a explicar em detalhes sua trajetória. A aranha geneticamente alterada, o envolvimento de Norman Osborn nesta alteração... Agora May entende a obsessão do lunático para com os Parker. Ela se preocupa com a violência na vida do Homem-Aranha, e com o futuro acadêmico do sobrinho, para o qual este demonstra ter planos concretos, mas sem deixar a vida de herói. A tia questiona o que o obriga a manter a vida dupla, e obtém a resposta: Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades.

Ela reconhece a frase de seu falecido marido, Ben. Peter confessa sentir culpa pela morte do amado tio, assassinado por um bandido que, um pouco antes, o jovem havia tido a chance de parar, mas nada fez, por julgar não ser seu problema. Por isso ele é o Homem-Aranha. Tia May não hesita em afirmar que o sobrinho não é culpado, pois ela própria já havia se sentido de forma similar. Ele diz sentir-se assim do mesmo jeito, e acha que Ben adoraria o que ele faz. A tia concorda, ele adoraria, sim.

Adeus BAGLEY

Conhecer a identidade do Homem-Aranha significa correr riscos. Peter teve receio de cometer com a tia o mesmo erro que cometeu ao se revelar para Mary Jane Watson. Mais detalhes sobre a vida do herói deixam May tonta, mas ela quer continuar a ouvir, pois agora sente que consegue entender o ocorrido em sua vida desde a morte de Ben, que agora consegue ligar os pontos.

Sua tia quer entender como Peter decide, durante o dia-a-dia, quando se “tornar” o Aranha. O rapaz responde narrando o ocorrido naquele mesmo dia, mais cedo, em uma seqüência ilustrada pelo novo artista da série, Stuart Immonen, a assumir definitivamente na próxima edição.

Adeus BAGLEY

De seu emprego no Clarim Diário, o herói vai checar um caso de desordem nas Indústrias Roxxon, empresa que sempre cruza seu caminho. Um super humano destrói um laboratório, onde aparentemente ganhou seus poderes por acidente, o que lhe enfurece. Peter “salva a pátria”, deixando o “vilão” nocauteado e fugindo das armas dos policiais, das quais May se espanta ao tomar conhecimento. Ela também demonstra repetidamente não gostar do fato do sobrinho sempre usar a força física como arma.

Adeus BAGLEY

Refletindo sobre toda a situação super humana, em um mundo onde todo dia um novo superser aparece, Peter diz precisar ser herói, filosofando um pouco sobre tudo aquilo. Centenas de superpessoas surgindo em tão pouco tempo é um fato que talvez tenha um significado maior. Ele sabe que pode não ser nada, mas acha que um evento está prestes a ocorrer.

May sabe que o que o sobrinho faz é algo bom, mas que não será fácil lidar com isso, sabendo do perigo constante com o qual ele convive. Peter alerta que ninguém, sem exceções, deve conhecer seu segredo.

Quando soube da vida dupla do sobrinho, em um momento de descontrole, pouco antes de sofrer o ataque cardíaco, May o havia mandado sair de sua casa. Agora que tudo começa a voltar ao normal, Peter relembra o momento, dizendo à tia que entende se ela não quiser conviver com todo o caos que ele trás.

Adeus BAGLEY

May Parker declara todo seu amor ao sobrinho, o chamando de filho, e dizendo se surpreender com o quão boa é a pessoa que ele se tornou. Uma pessoa espetacular, que reúne o melhor de seus pais e de seu tio Ben. E de sua tia May também, ele não deixa de retrucá-la. Ela o quer por perto, e com um emocionado abraço com lágrimas nos olhos, os problemas entre os dois desaparecem. Agora, é seguir com a vida.


Léo Florentino

*Título do artigo baseado no da canção (Just Like) Starting Over, de John Lennon

** Para ver a capa alternativa desenhada por Stuart Immonem clique aqui!

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