segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Thunderbolts: Repisando Velhos Problemas


Thunderbolts #118

A partir do momento em que somente Norman Osborn vê a máscara de Duende Verde em sua gaveta, explicitando que nem mesmo seus remédios podem controlar seu desequilíbrio psicológico, claramente incitado pelos misteriosos prisioneiros da Montanha dos Thunderbolts, o título da história de Warren Ellis, Anjos Enjaulados, começa a fazer mais sentido. Na medida em que cada um dos instáveis membros do polêmico grupo recebe um pequeno empurrão, o caos total finalmente se instala em Universo Marvel 42.

Depois do diretor Osborn, é a vez de Venom. Ou melhor, seu hospedeiro, Mac Gargan, que reverte a sua aparência humana por alguns momentos para tomar um banho. O simbionte, contudo, parece ressurgir de suas costas e cobrar-lhe uma atitude mais convincente. Diz que seu hospedeiro só sabe reclamar, quando, na verdade, deveria aproveitar mais sua condição. O monstro diz que agora, por Mc Gargan não conseguir saciar sua fome (o braço do Aranha de Aço foi muito pouco), é ele quem tomará o controle, ou o devorará de dentro para fora, em cena magistralmente ilustrada por Mike Deodato.

Thunderbolts

Enquanto nas ruas, diversos outdoors incitam um sentimento contra os Thunderbolts, os problemas na Montanha se acumulam. Enquanto dois guardas discutem sobre o fato do Espadachim ser herdeiro do nazista Barão Strucker os repugna, e como o próprio falou para uma das guardas que seu trabalho era perigoso demais para seu reduzido salário, algo inesperado acontece. O Zeus, transporte dos Thunderbolts, explode por completo, matando os dois, muitos outros, e deixando a Montanha ainda mais tumultuada.

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Soprano e o Homem Radioativo – talvez os únicos do grupo que mantém alguma vontade em se tornar de fato heróis – sentem a explosão de longe. Os dois combinam suas habilidades para minimizar os efeitos da explosão, rendendo um elogio de Chen, que afirma que a colega ter potencial para ser uma vingadora. Ela logo descarta a possibilidade, dizendo que sua má sorte a fez ser uma thunderbolt.

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De volta a Osborn, enquanto sua secretária tenta tirá-lo do banheiro, onde ele se refugia, ele diz que já está saindo. Porém, sentado com sua máscara tradicional, não é Osborn que sairá de lá.

Não podemos nos esquecer que Doc Samson está na Montanha, tentando ajudar Robbie Baldwin, o Suplício, a recuperar um pouco de sua sanidade. Ciente da explosão do Zeus, ele tenta amenizar a situação para seu paciente e decide criar um clima descontraído, ligando a TV e procurando algum programa de esportes para os dois assistirem. Ele aproveita a deixa e pergunta sobre o Reality Show dos Novos Guerreiros, em que ele, Radical, Namorita e Micróbio participavam quando ocorreu explosão de Stamford, dando início à Guerra Civil.

O único sobrevivente do incidente hesita, mas diz ter pensado que poderia ser divertido, que queria que as pessoas o vissem. Samson complementa, perguntando se queria que o vissem sendo herói. Ao que ele concorda. Nesse momento, pela boca do doutor, o roteirista Warren Ellis faz uma rápida, mas precisa, análise do que é o super-herói. Ele não quer só ser herói, ele precisa de toda uma indumentária, toda uma teatralização para deixar claro quem ele é, e que todos o vejam sendo aquilo, traçando um correto paralelo entre os heróis e os cavaleiros de armaduras reluzentes, tão presentes em uma mentalidade desaparecida entre a Idade Média e a Modernidade.

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Samson, então, fala que, de uma forma ou de outra, o que Robbie e seus falecidos amigos estavam fazendo é o mesmo que todos os heróis fazem. Ajudam os outros, mas fazendo questão que todos os vejam em ação. O rapaz lentamente parece mais à vontade.

Já de volta ao seu escritório, Osborn tem ciência da situação da Montanha, e começa a tomar algumas providências, a começar por selar o local. Ele fala com Rocha Lunar, que o avisa do “Monólogo” de Mac Gargan no banheiro. Mas a preocupação maior do diretor é com o Espadachim, cuja localização é desconhecida, o que o faz enviar uma equipe de segurança a seus aposentos.

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Contudo, enquanto a equipe se dirige ao local indicado, um demoníaco Venom espreita seus passos. Ele se aproxima, retendo dois soldados que, ingenuamente, não vêem a ameaça iminente. O monstro “brinca” com as palavras até atacá-los, devorando seus corpos, em mais uma cena violentíssima. Mac Gargan definitivamente não está no controle.

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Nos aposentos do Espadachim, mais um thunderbolt se rebela. Com o apoio de um dos (e muitos outros) soldados, ele raspa sua cabeça como se estivesse em um rito de passagem. Não quer mais ser chamado de senhor, pois ele é Andreas, o Barão Strucker, como foi seu pai. Ele se revela como o autor da bomba do Zeus, recupera um pouco do discurso de superioridade nazista de seu pai.

Sua maior preocupação no momento parece ser Soprano, em quem vê a maior resistência a qualquer corrupção. Ordenando a execução de quem não está ao seu lado, logo revela seu principal alvo: Norman Osborn, que não cumpriu a promessa de trazer de volta sua falecida irmã gêmea, Andrea. Caso a promessa não seja cumprida, o “Barão” promete assassinar todos os ocupantes da Montanha.

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A trama traçada por Ellis desde que assumiu os Thunderbolts chega em um momento crítico, já que o fino equilíbrio dos membros da equipe foi facilmente abalado, e todas as maquinações do Espadachim parecem ter sido traçadas bem antes da presença dos prisioneiros nos porões da montanha. Se há relação entre as duas ações, quase simultâneas, ou se é apenas um ápice de uma situação inevitável, dada a natureza dos atuais Thunderbolts, somente as próximas três edições poderão nos responder.


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