sábado, 3 de fevereiro de 2007

A Herança deixada pela Dinastia M


Diferente dos que apostavam em Magneto, Mercúrio foi o principal responsável pelo evento que desencadeou a profunda modificação na realidade 616 em Dinastia M. Sua influência sobre a Feiticeira Escarlate foi determinante na criação de um mundo pretensamente perfeito para os mutantes. Temendo que sua irmã fosse assassinada pelos Vingadores e X-Men, e sem a ajuda de Magneto, acreditou que a solução fosse colocar a raça mutante acima de tudo, na liderança mundial. Mas as coisas deram erradas.


Son of M # 1

Pietro se enganou, as alterações da Feiticeira não eram sólidas o suficiente, e uma "falha" chamada Layla Miller desencadeou o levante que trouxe o fim a sua utopia mutante. Pior do que isso. As coisas não voltaram ao normal. Uma perturbada Wanda, crendo que todos os problemas aconteciam pela existência de mutantes, acaba com a maioria dos milhões que havia. E a dizimação atinge seu irmão, que se torna um homo sapiens sapiens, caindo em desgraça, sem ter a quem recorrer.

Mercúrio sempre se sentiu superior aos humanos normais. Sua percepção acelerada da realidade, a composição diferenciada de seu organismo, a lentidão do mundo ao redor... todas essas coisas fizeram com que ele sempre se colocasse na posição de um semi-deus.

Talvez poucos tenham acompanhado ou mesmo percebido como Pietro é um personagem complexo. Com uma personalidade longe da simples divisão entre bem e mal, ele foi sendo construído (além dessa sensação de ser quase um deus) de acordo com sua relação com a irmã Wanda, da forma como tiveram uma infância difícil e como foram manipulados por seu pai depois que este os descobriu. Mesmo fazendo parte dos Vingadores, sempre foram os dois e os outros. Ele sempre colocou acima de tudo sua posição "superior" e seu amor fraterno pela Feiticeira Escarlate.

Wanda & Pietro
E foram esses aspectos de sua realidade que foram exacerbados durante Dinastia M. Mas as coisas não terminam bem. A "Família Real" da dinastia M (Magneto, Polaris e Mercúrio) está sem poderes, assim como Wanda está desaparecida. Sérias feridas foram abertas, com a maioria da população (ex) mutante fragilizada, e mais ameaçada do que nunca.

Vemos, portanto, nesse primeiro número de Dinastia M: O Herdeiro, Pietro tentando se adaptar a essa nova realidade. Lamentando o caminho que as coisas tomaram, especialmente por tudo o que fez, na sua cabeça, ter sido com boas intenções. E novamente temos um enfoque em um dos mais traumatizados por toda Dinastia M: Peter Parker, o Homem-Aranha.

Homem-Aranha e Mercúrio cara-a-cara
Ao encontrá-lo, Mercúrio ouve toda angústia acumulada por Peter durante a sua vida "perfeita" mas falsa. O desespero de ter um filho morto impossível de ser enterrado, pois nunca existira. Ouvir isso já se sentindo péssimo, e saber que suas ações não foram prejudiciais apenas para si, faz com que Pietro tente o suicídio. Parker tenta salva-lo, mas quem realiza o resgate é Cristalys, a afastada esposa inumana do ex-mutante.

Pietro é então levado a Attilan, lar dos Inumanos, onde tem seus ferimentos curados. Após ter um encontro com sua filha Luna, fruto do casamento com Cristalys, nascida humana normal, ele tem a oportunidade que esperava. Pedindo a Raio Negro, líder inumano, permissão para se expor às névoas terrígenas - fonte de poder dos Inumanos -, pretendia restabelecer seus poderes e voltar ao seu status de semi-deus.

Pedido negado, o contraditório e pragmático personagem descobre, após obter informações sobre a localização das névoas, acaba por se expor a elas. Mas o resultado - que em um primeiro momento parece nulo, apesar de seu corpo vibrar um pouco - traz uma surpresa. Ao voltar a seus aposentos, Pietro encontra a si mesmo, sentado na cama, e com um aparência mais delgada e sombria, que o cumprimenta. O que isso significa e que tipo de habilidades ele adquiriu fica para a próxima edição.

Cristalys, Luna, Pietro e as Névoas Terrígenas
Essa mini-série - verdadeiro epílogo de Dinastia M, originalmente intitulada Son of M – foi (muito bem) escrita por David Hine e ilustrada por Roy Allan Mastinez, com uma narrativa interessante e um visual competente. O único porém fica a cargo da escolha da Panini pela capa do número 2 americano para ilustrar essa primeira edição brasileira. Uma pena mesmo que a capa do primeiro número original não tenha sido a escolhida, já que demonstra com perfeição a inversão na vida de Pietro após o Dia-M, que é mostrado parado enquanto tudo a sua volta se move tão rápido que deixa borrões.

Resta-nos agora esperar pelo segundo número dos três que serão lançados, e descobrirmos o que, de fato, a Dinastia M deixou de herança.


« Jøåø »

PS.: Não posso deixar de observar, já que isso tem aparecido com freqüência desde a conclusão de Dinastia M. O que é aquela energia com aparência de chamas que gira ao redor da Terra? Qual sua relação, se é que há, com os eventos da Dinastia M? Fica aqui a dúvida.

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