Duro de Matar - A Vingança*

Era uma década complicada. Já tinhamos lido Massacre, Heróis Renascem, Marvel vs DC e a Imagem Comics reinava suprema. Estou falando dos famigerados anos 90, onde heróis raivosos, repletos de garras e armas, eram a bola da vez. Então por que uma história de Wolverine produzida nessa época é digna de republicação? A resposta tentaremos descobrir analisando o encadernado Wolverine: Duro de Matar.

Era um tempo bem diferente para Logan. Nosso herói tinha perdido o adamantium no arco "Atrações Fatais", ficando também sem fator de cura. Depois disso, regrediu até uma forma bestial e, após muito esforço, reassumiu sua forma humana, recuperando o fator de cura, mas permanecendo sem adamantium.

A história do encadernado em questão começa em Hong Kong, há exatos 10 anos antes, apresentando a estranha amizade de Logan e um homem chamado McLeish. Este, já com seus quase 50 anos de idade, era um matador desde os 13, tendo matado cerca de doze pessoas por ano, o que lhe daria a contagem impressionante de mais de 450 vítimas.

Os dois já bebiam juntos há três meses e conversavam, mas McLeish ainda não sabia qual era a de Logan, pensando, inclusive, que ele poderia ser a pessoa que o eliminaria um dia, já que a idade começava a pesar.

Ele não poderia estar mais certo, pois seu atual alvo era o Sr.Wong, um produtor de cinema local, pai de Ai-Chia, que era a namorada de Logan na época. O casal encontra o corpo de Wong, ainda em tempo de ver McLeish fugindo. Inicia-se uma perseguição que termina com o assassino profissional aleijado e, logo em seguida, morto na explosão de um barco.

Nisso, chegamos ao presente, em uma época que o baixinho tentou morar fora do Instituto Xavier, chegando em seu apartamento em East Village. Ele teve que abandonar essa idéia de morar fora com a destruição de sua moradia, que foi explodida por uma bomba com cravos de adamantium, colocada ao lado de uma foto de Wong e de um punhal escocês. Sim, essas pistas eram claras: McLeish estava vivo.

A história se divide em dois tempos narrativos. No presente, ocorre um imenso jogo de gato e rato, onde assassinos perseguem Logan, ordenados por um homem nas sombras que parece ser McLeish. Enquanto elimina seus perseguidores, o mutante também caça respostas, procurando saber como o assassino poderia ainda estar vivo. Já no passado, continuamos vendo mais da amizade que os dois tiveram em Hong Kong, acompanhando suas conversas de bar.

Logan também observa que o armamento de todos que o caçam contém adamantium, demonstrando que seu perseguidor não sabia de suas transformações recentes.

Nisso, você que está lendo esse artigo pode pensar: "Um amigo que torna-se inimigo, morre, mas retorna em busca de vingança? Já vi isso antes e não só com Wolverine. Por que deveria comprar isso? E mais, por que republicar?"

A resposta para tudo isso: Warren Ellis.

O talentoso escritor pega uma história clichê ao extremo, mas a torna algo, sem dúvidas, inesquecível e um clássico moderno. A força dos diálogos entre Logan e McLeish é muito grande, nos fazendo perceber grande sabedoria nas palavras loucas do assassino, traçando um paralelo com o próprio herói. Além disso, o mistério no presente sobre a real identidade do perseguidor de Wolverine é ótimo, nos fazendo pensar o tempo inteiro se o escocês está vivo ou não e nos deixando na expectativa pelo final.

Na arte, temos Leinil Francis Yu que, sinceramente, lembra bem pouco o que desenhou recentemente Novos Vingadores, provando que até é um bom artista, mas precisa de tempo.

Por esse conjunto, uma edição digna de figurar na coleção de fãs novos e antigos. Ela é um respiro de qualidade em uma década tenebrosa. Longa vida a Warren Ellis.

O ponto negativo (sempre tem um) são os extras. Temos apenas um prefácio de Ellis e uma galeria de capas do Yu que nos lembra coisas muito tristes, como o Wolverine transformado em Morte e enfrentando Galactus. Fãs que se propõem a comprar encadernados merecem mais do que apenas isso.

Eddie

* Aproveitando do nome nacional da história e do próprio plot da mesma, fiz no título trocadilho com o 3º filme da série do policial John McClane, interpretado por Bruce Willis.