quinta-feira, 18 de abril de 2013

Novos Vingadores: Monstro contra monstro

Novos Vingadores #23 Vingadores 109 110

A saga Vingadores vs X-Men já começou, mas antes de vermos o foco dado ao grande confronto do ano nas histórias dos Novos Vingadores, é preciso falar do arco iniciado meses atrás, em que Norman Osborn recria seus Vingadores Sombrios, dirigindo uma nova e clandestina versão do MARTELO. Os últimos capítulos dessa história, publicados em Vingadores 109 e 110, parecem trazer seu último grande esforço contra os maiores heróis da Terra.

De fato um grande esforço, jogando primeiro a opinião pública, depois Ragnarok, o Thor cibernético criado durante a Guerra Civil, contra os Novos Vingadores. Enquanto em meio ao frenesi Jessica Jones parte para proteger sua filha Danielle, os heróis não tem como não pensar em se defender dos ataques do falso deus do trovão. E aí, em páginas exageradamente longas de combate (erro que o roteirista Brian Michael Bendis já cometeu algumas vezes), temos ao menos a chance de ver o desenhista brasileiro Mike Deodato brilhar, além de perceber que Jessica tomou a decisão correta.

Ainda misterioso e ao mesmo tempo ameaçador, Osborn dá impressão de que pode vencer a qualquer momento, pois a capacidade de manipulação sempre foi seu ponto forte... até ele pirar. Mas enquanto isso não acontece, seu plano corre perfeitamente, colocando os Novos Vingadores mais uma vez contra a parede, e contra as autoridades.

A sensação de impotência diante da genialidade doentia de Osborn é o tom dessa história. Ao mesmo tempo em que é bacana ver uma certa consistência do personagem, em como Bendis o escreve, o número excessivo de partes torna o arco um pouco arrastado. A sensação é de uma história requentada, apesar das novidades evidentes.

Mesmo a dinâmica Jessica Jones-Luke Cage parece sofrer desse mal, apesar de que, dessa vez, o destemido líder da equipe coloca algumas de suas convicções em questão.

Já o papel de Victoria Hand na história traz algo a mais. Nada de espetacular novidade, já que jogos de desconfiança e trapaça foram usados à exaustão no período que antecedeu Invasão Secreta. Mas a introdução dessa personagem foi um dos grandes méritos de Bendis nos últimos anos. E é por meio dela, ou ao menos do que a liga à trama, que a história finalmente sofre uma reviravolta.

O elemento que catalisa o troco dado pelos Novos Vingadores (elemento que nem mesmo eles sabiam da existência) não chega a surpreender, mas proporciona um alento diante da impotência à qual Osborn submeteu os heróis. Além disso, deixa evidente a sagacidade de um velho conhecido.

Já comentei e reforço a qualidade da obra de Mike Deodato, que faz dupla com o também brasileiro Will Conrad nas duas últimas partes. Os estilos combinam entre si e com a complexidade necessária para se desenhar tantos rostos e corpos diferentes em tão poucas páginas.

Portanto, em meio a um roteiro com problemas usuais nas obras menos notáveis de Bendis, o caminho se abre para o que vemos nas histórias da equipe principal de Vingadores, a aparentemente inevitável derrocada final de Osborn.

João

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