quarta-feira, 16 de maio de 2012

Homem de Ferro: de joelhos

Nem todo vilão quer dominar o mundo, às vezes eles só querem o gosto da vitória. Nem sempre o herói tem que matar alienígenas ou desarmar bombas pra salvar o mundo, às vezes é só vencer o próprio orgulho.

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Depois do ponta pé inicial da Stark Resiliente, o próximo passo é fazer uma cidade inteira movida a reator: Asgard. E, claro, tanto empreendimento e novidade não adianta sem marketing, entrevista e publicidade. Assim, Tony Stark divide seu tempo entre supervisionar os projetos da empresa e aparecer em programas de TV, eventos, etc. Contudo, além de empresário, Tony é também o Homem de Ferro e ser herói exige outras habilidades, como salvar o mundo e derrotar vilões... coisa básica. E, desta vez, o vilão da vez não é dos seus mais comuns antagonistas, mas Otto Octavius, o Dr. Octopus.

Octopus pode ser inimigo mais freqüente do Homem Aranha, mas intelectualmente o rival dele sempre foi mesmo Anthony Stark. Desde quando eram jovens e se encontravam em congressos e convenções científicas. Quem vive no mundo acadêmico como eu sabe que, salva suas devidas proporções, existe mesmo essa competição medonha entre as grandes mentes. E é exatamente um desafio de inteligência que Otto propõe para Satrk. Otto sofre de danos cerebrais e está morrendo. Ele quer que Tony descubra como salvá-lo (afinal, todos lembram o que ele fez com seu próprio cérebro, não é?) ou admita derrota. Claro que ele tem um método muito perspicaz de convencer o herói (já que eles se odeiam desde que se conheceram): uma bomba nuclear detonará caso isso não seja feito, ou a armadura do Homem de Ferro se ative ou Octopus não receba notícias de seus capangas (Electro e Homem Areia... também da horda de inimigos do Homem Aranha) que mantém Timothy Cababa (funcionário da Stark Resiliente) refém.

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A rixa deles é antiga e nós vemos isso em flash back colocados por Fraction na trama (sempre em meio a convenções). Épocas em que Otto resolveu “trapacear” pra ganhar contratos enquanto Tony tentava trilhar um caminho diferente, mas tropeçava nos próprios defeitos como o idealismo e a bebida. Por falar em bebida, uma história fechada anterior mostra Anthony em uma reunião dos Alcoolicos Anônimos, o AA. É uma reunião em que Tony conta toda sua vida como o problema com a bebida começou. Desde a infância, desde a influência dos pais, aos fracassos adolescentes, a descobrir que com bebida vinham mulheres, coisa que sabemos é parte da característica do personagem desde o início. É uma história resumida de toda a vida do Homem de Ferro até ali, partindo do ponto de vista do vício na bebida. Particularmente, uma forma de ver bem interessante. Outro ponto que deixa esse roteiro a parte de Matt Fraction mais legal são as analogias discretas, entre a narrativa de Tony e as imagens. Ele não expõe nada, fala de maneira quase genérica sobre sua vida e como se sentia sobre determinadas coisas, mas com as imagens de Salvador Larroca entendemos o contexto que se referia e o que ele estava pensando quando disse aquilo. A análise sincera até considerando o problema de seus amigos serem permissivos demais na maioria das vezes como parte do problema é outro atrativo.

Por fim, é ao final da reunião que ele resolve ligar para Pepper dizendo que não queria ficar sozinho depois de tudo aquilo eu relembrou na reunião e dando a entender que queria a companhia da moça. Mas, como vimos antes, ela estava decidida de outra forma já. Aceitado o que sentia, e aceitado que finalmente se sentia liberta de algo e que acabaria partindo o coração de Tony por isso. Desta forma, apenas ouvindo o lado dele da conversa ao telefone, vemos que ela demonstra isso e finalmente conta o que ocorreu entre os dois que ele não se lembrava (depois de toda aquela coisa de apagar neurônios e tudo mais). Extremamente envergonhado e até triste por não se lembrar, tendo tido seu convite recusado, sai com uma mulher que pegou o telefone na reunião dos AA. Afinal, ele disse que não queria ficar sozinho aquela noite. E, de certa forma, Fraction encerra aqui uma questão que poderia entravar o desenvolvimento do personagem já que um relacionamento duradouro agora com Pepper tomaria proporções erradas, um relacionamento com término atrapalharia a relação da coadjuvante mais importante do herói e a tensão entre os dois é um fator que deve estar sempre presente, é parte da essência. Pessoalmente, me deixa um pouco triste como fã do casal, porém acho uma saída correta tomada pelo autor.

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Voltando ao tema central, enquanto Stark trabalha analisando o cérebro de Otto, Pepper Pots está para descobrir que mantém seu colega refém. Essa cena é interessante, já que vemos a personagem usar seus poderes sem armadura contra os dois vilões que estão lá. A frase que ela diz quando termina de ouvir as ameaças dos dois como se fosse uma civil qualquer: “Desculpe, vocês devem ter me confundido com a secretária de Tony Stark!”. É mais uma amostra da reviravolta da personagem que, quando era apenas a secretária nos anos 60, era sempre a vítima. A personagem cresceu, teve grande papel na vida do protagonista e agora pode ser a heroína, coisa que sua personalidade forte já permitia antes mesmo dos poderes do reator em seu peito. Outro que aparece bancando herói é Pimacher que levado pela emoção de estarem ameaçando seu caso romântico (sim, descobrimos agora) dá um soco em um dos vilões, permitindo a ação de Pots. Interessante é a dica dele pra moça de que areia conduz eletricidade, uma forma de usar a inteligência contra eles, e diz “fala pra eles não %$@*&#@ com engenheiros”. Tim acaba gravemente ferido e, ao final, vai para o hospital.

Já Dr. Octopus e Anthony travam uma conversa enquanto o segundo analisa o cérebro do primeiro. Otto muito ressentido, só faz questão de se reafirmar. Stark diz que o “colega” parou de pensar e se minimizou a um vilãozinho e copiador de tecnologia. A conversa vai longe, Tony chega a consultar seu “paciente” sobre quem seria o espião em sua empresa, já que se conhece o podre perguntando a quem é podre. Otto acaba respondendo que deveria ser alguém que mostrou seu valor crucial e que deve atacar algo que ele jamais imaginaria, portanto, não protegeria. Depois de bastante blábláblá, Tony chega a descobrir uma forma de ajudá-lo, mas existe uma condição, não dá pra ser ali, não dá pra ser sozinho. Octavius recusa. O orgulho é maior, maior que ser curado, maior que sobreviver, ele sabe que a tarefa é impossível e não parece se importar com haver uma saída, ele só quer que seu rival declare derrota. O Homem de Ferro demora um pouco pra fazer isso da maneira que satisfaça o vilão, até porque orgulho também é o que não falta pra ele, mas acaba implorando de joelhos com a bomba prestes a explodir. Otto revela que a bomba não era uma verdadeira bomba, só muito parecida a ponto de nem Tony Stark diferenciar, e parte se deliciando ao rever a cena filmada.

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A alegria de Octavius é interrompida por algo grandioso do lado de fora, visto também por Pepper, Tim e Pimacher que já se recuperavam depois de toda a bagunça. Algo queima nos céus. Como um meteoro cai sobre a cidade e explode. Todos assistem pasmos e apavorados. O que é aquilo? Algo bom, com certeza, não é. Mas nem eles, nem nós saberemos até que se revele na primeira revista de “Essência do Medo”, a nova grande saga do Universo Marvel.

Outras capas das edições americanas aqui e aqui.

Cammy

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