terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Quando Marvel e Guerras Nas Estrelas andavam juntos...


A frase memorável que marcou uma geração e que profetizava que "há um longo tempo atrás, numa galáxia muito, muito distante..." sempre foi algo que gelou os corações quando foi de novo e de novo pronunciada em suas sequências. Em 1977, quase quarenta anos depois, surgia Star Wars nos cinemas do mundo inteiro e a história das aventuras espaciais seria reescritas para sempre. O que poucos devem saber é que um pouco antes, praticamente há um mês do lançamento, a Marvel era quem pela primeira vez trazia as figuras de Luke Skywalker, Darth Vader e Princesa Leia a multidões.


A história pode ser encontrada em diversos livros ou mesmo sites sobre o assunto. Quem leu o recente "História Secreta da Marvel" já conhece um pedaço da história, quando dois anos antes do lançamento nos cinemas, um dos diretores de publiciade de Guerras Nas Estrelas, Charles Lippincott, se aproximou de Stan Lee com a oferta para quadrinizar o filme e assim já garantir uma antecipada divulgação do filme.


A ideia não era um completo absurdo. Vale lembrar que nessa época a Marvel já estava trabalhando em algumas franquias dos cinemas, TV e desenhos animados. A estrutura do filme também não era estranha ao mundo fantasioso e cósmico de Star Wars, fora que há quem acredite que muitas inspirações de designer do grupo bebem dos quadrinhos. Todavia, Stan Lee negou a princípio a oferta de uma quadrinização, preferindo só fechar um acordo após o filme sair nas telonas.

Mas foi graças a Roy Thomas, na época o segundo em comando da Marvel, que viu potencial no material, insistiu em convencer o senhor Lee a aceitar a proposta e manteve Star Wars para debutar dentro da família Marvel. Assim, surgiram as seis primeiras edições que quadrinizavam o filme baseado fielmente ao roteiro (e com certos trechos a mais, inclusive, cortados na edição final dos cinemas).

Thomas e Chaykin falando de Star Wars nos primordios da San Diego Comic Con

O problema maior estava em dar continuidade a essa aventura, principalmente com o estouro que foi nas telonas e toda expectativa de uma continuação em poucos anos. Thomas continuou a roteirizar e editar as primeiras histórias originais, passando o bastão pouco tempo depois para Archie Goodwin. Goodwin falou muito tempo depois sobre como era o processo criativo na época e até onde ia a mão da Lucasfilm em tudo.

"No começo, eu mandavauma sinopse da história que eu estava planejando fazer para a Lucasfilme e os caras do departamento de licensiamento de lá checavam tudo que eu estava fazendo. Eu lidava com uma moça chamada Carol Titleman, que praticamente era aquela pessoa única que sustentava todo o departamento de licensiamento da Lucasfilm. Depois, eles contrataram mais caras com o tempo, e teria um editor deles que eu trabalharia com e submeteria todo o material" disse Goodwin em entrevista para o site de fãs Echo Station.


Sendo este o começo, não havia lá muita preocupação com forma um universo integro e coeso que mais tarde seria definido como algo "canonico" e ligado aos filmes. As próprias histórias produzidas na época começavam a apresentar incosistências com o material dos cinemas e era tratado bem marginalmente, sequer pensava-se em usar para oficializar algo presente nos cinemas.

Foi assim de 1977 a 1987, com 107 edições mensais, três edições anuais e uma minissérie a parte contendo a quadrinização do Retorno de Jedi. No último ano, após o lançamento dos filmes, a Marvel tentava ainda emplacar mais revistas ligadas ao universo - Dróides e Ewoks. Outros nomes se juntaram aos roteiros como David Micheline, Chris Claremont e Jo Duffy. Na arte, temos implacáveis artistas como Howard Chaykin, Al Williamson, Walter Simonson, Carmine Infantino, Michael Golden, Tom Palmer, Ron Frenz, Bob McLeod, Cynthia Martin e Bob Layton.


O sucesso dos gibis ligados ao universo da Lucasfilm era incontestável durante esse tempo. O acordo de Lee com a Lucasfilm de só ceder royalities para as quadrinizações após alcançada a marca de 100 mil edições vendidas logo foi batido. A sessão de cartas, batizada na época de Star-Words, era querida pelos fãs. Jim Shooter, editor da Marvel na fase final dessas edições, chegou a citar que foram os gibis de Star Wars que salvaram a editora com suas vendas em momentos mais críticos. Os gibis de Guerras nas Estrelas eram tidos como os mais vendidos entre 79 e 80. No Reino Unido, foram reimpressões em formato de tiras em preto e branco semanais de bastante sucesso atendendo o formato mais adequado para o País na edição Star Wars Weekly.

Então, com o passar dos anos e sem mais filmes a vista, a franquia de Star Wars começou a entrar num singelo inverno. A atenção dos fãs foi minguando e a Marvel acabou não renovando o contrato com a Lucasfilm. Na época, a franquia Star Wars praticamente passou quase cinco aos até finalmente passar a ficar aos cuidados da Dark Horse com a minissérie Dark Empire.

Quem diria na época que voltaria para o lar quase 30 anos depois...

Coveiro

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