quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Tira-Teima: Psicomagnetron e os problemas de memória da Capitã Marvel


Com a chegada do trailer da Capitã Marvel agora em setembro, surgiram muitas especulações em torno do filme da heróina que chega aos cinemas em 2019. Uma delas em especial me chamou a atenção, que foi a questão do problema de memória que a personagem parecia apresentar no pouco de cenas que vimos no video. E se tem uma coisa que é recorrente a personagem é justamente esse problema com a sua memória.

Com isso, imediatamente me senti impulsionado a fazer um pequeno resgate do histórico da saúde mental da personagem, que talvez os fãs mais novos não lembrem, mas remete aos seus primórdios, quando sua revista mensal saiu nos anos 70. Com isso, voltamos depois de longo tempo com mais um "Tira-Teima 616" para responder a questão sobre - Por quantas vezes Carol Danvers teve problemas com sua memória?

Vamos recapitular um pouco da origem da personagem aqui, sem entrar em muitos detalhes já que atualmente nos EUA a Marvel está atualizando a origem da heróina com uma minissérie sobre a "Vida da Capitã Marvel". E nós iremos falar sobre ela quando a minissérie acabar por lá.

Carol Danvers era uma humana normal, oficial militar que trabalhava como chefe de segurança de Cabo Canaveral onde Mar-Vell se passava pelo Doutor Walter Lawson. As edições se resumiam sempre a Mar-Vell apesar de sua fidelidade aos Krees, sempre dar um jeito de salvar os humanos em situações de perigo mesmo que isso contradissesse uma ordem de seu superior, o Coronel Yon-Rogg. O clima entre os dois ao longo das edições, que era ainda pior pelo fato de ambos terem uma paixão pela mesma mulher, a Kree Una, acabou tornando-os inimigos, mesmo que não declarados.



Na edição #18 deste primeiro volume de Capitão Marvel em 1969, temos o momento que levaria Carol Danvers a se tornar a heróina que é hoje. Capturada por Yon-Rogg, ela foi resgatada por Mar-Vell, que só fazia uma edição que tinha ganhado seu mais famoso uniforme e mudado seu status quo mesclando seu corpo ao de Rick Jones. No processo, o equipamento usado por Yon-Rogg chamado Psycomagnetron explodiu. Mar-Vell salvou a moça protegendo-a com seu corpo da energia liberada, Yon-Rogg foi completamente obliterado no processo.

Contudo, essa cena em especial, quase oito anos depois uma revista foi criada para estabelecer Danvers como a mais nova heróina da Marvel. Nela, um flashback da edição #2 publicada em 1977, revelava que esse acidente em especial fosse retconeado de tal maneira que a energia liberada pelo Psicomagnetron atingisse Marvel e dele passasse um pouco para Carol e a transformasse numa espécie de "híbrida" Kree-Humana.




Os novos poderes da heróina, no entanto, não vieram sem nenhum custo. A personagem logo no começo do título funcionava mais como duas entidades no mesmo corpo do que a personalidade da heróina que aprendemos a conviver hoje em dia. Ela tinha brancos de memória e nenhuma lembrança como Miss Marvel era mantida quando ela reassumia seu alterego como Carol Danvers. Para ajudá-la, o psiquiatra Doutor Michael Barnett fez um certo tipo de hipnose que trouxe a tona o detalhe de que o acidente de quase 8 anos atrás com o Psicomagnetron foi quem a tornou a super-heroína que ela era hoje em dia.

Portanto, os primeiros problemas de memória da personagem já vinham daí e duraram cerca de 13 edições da sua própria revista mensal quando acabou confrontando a vilã Hecate, Rainha das Bruxas, e uma de suas melhores amigas estava a perigo. A personalidade Carol Danvers prevalece aí e continua ainda com os poderes. A própria Hecate é quem mais adiante a ajuda a consolidar as duas mentes e fazer com que elas se integrassem e fossem uma só.



Anos depois, após a revista mensal ser descontinuada e sequer ter um final digno, a Miss Marvel da Carol Danvers ingressou nos Vingadores e confrontou uma vilã mutante que viria a se tornar uma das personagens mais populares entre os X-Men. Sim, estamos falando da Vampira. A mutante capaz de sugar os poderes de terceiros estreou em Avengers Annual #10 já colocando a noucate a Miss Marvel, considerada até aí a mais poderosa personagem feminina da editora. Com o dom de sugar poderes, memórias e energia vital, Vampira usou o poder em Carol e após esgotá-la jogou-a da ponte Golden Gate.



A personagem foi resgatada pela Mulher-Aranha original que muito por acaso passava perto ali, mas estava com sua mente completamente perdida. Foi o próprio Professor X quem decidiu ajudar Carol a recuperar suas memórias e nesse meio tempo Chris Claremont aproveitou os buracos de seu passado para inclusive fazer uma conexão dela com Logan, quando ela ainda era da Força Aérea.



Com o tempo, suas lembranças foram restauradas, mas ela parecia não ter nenhum conexão emotiva com elas, o que frustava ainda mais Danvers. Foi nesse tempo em que ela passou a atuar junto aos X-Men, mesmo sem poderes, ajudando a pilotar o avião ou apoiando com outras habilidades militares suas. Foi nessa época que quando o grupo confrontou a Ninhada, esses alienígenas perceberam a natureza híbrida da personagem e realizaram uma série de experimentos que não só lhe deram de novo seus poderes como fizeram eles retornarem ainda mais fortes. A partir daí ela passou a usar o codinome de Binária. Carol ficou no X-Men até o momento em que o Professor X resolveu estender a mão para uma arrependida Vampira. Carol não aceitou a decisão, se afastou do grupo.

Esse trecho de sua história com a Vampira e os X-Men em particular ficou altamente conhecida por ser levada de forma um tanto adaptada ao famoso desenho dos anos 90 dos X-Men. Contudo, a história era mais destinada a dar a Vampira uma origem, enquanto que a versão da Miss Marvel desta animação permaneceu em coma por anos.


Mais recentemente, ao assumir o título de Capitã Marvel e protagonizar uma nova revista mensal só sua, Carol passou a sofrer algumas dores de cabeça, tonturas e até mesmo momentos de fraqueza de poderes. O diagnóstico chegou até a notificar um risco de hemorragia cerebral a cada vez que a heróina usava seus poderes. E mesmo que sua natureza hibrida Kree pudesse regenerar o dano, havia o risco de ela perder sua memória no processo. Ou seja, ser a Capitã Marvel poderia levá-la a esquecer tudo o que fazia dela a Capitã.

Contudo, com pessoas em risco, Carol pôs tudo a perder ao salvá-las e acabou perdendo algumas lembranças, ao mesmo tempo em que a deixava menos emotiva. A própria história aqui, no entanto, revela que tudo isso fazia parte de um plano contra a heroína feito por Yon-Rogg, cujo corpo foi refeito em nossa época e estava vinculado ao Psico-Magnetron. Ele passou a se chamar de Magnitron e a ligação dele e de Carol com o mesmo tipo de energia é quem estava afetando a heroína e para acabar com isso ela precisou forçar o maior dano cerebral possível e assim cortar a ligação entre eles.


Não ficou claro desde então, o quanto das memórias de Danvers permaneceram, mas considerando alguns problemas complicados do seu passado e o que ela sofreu nas mãos de alguns péssimos roteiristas, essa é até uma saida nobre pra "zerar" um pouco a personagem e pros roteiristas seguintes poderem trabalhar mais do potencial dela como deveria ser.

Com isso, a personagem já demostra que tem em seu histórico mais de um exemplo em que suas memórias acabaram comprometidas e suas lembranças bagunçadas. É bem provável que o filme se inspire em algum desses casos e o Psico-Magnetron tenha até alguma função neste sentido no filme.

Coveiro

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