sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Irreconciliáveis


Amazing Spider-Man #577

Em Nova York, em uma transação de drogas envolvendo “cachorros grandes” do tráfico, a pior coisa para os criminosos acontece. Uma explosão, tiros, uma caveira e um... mini-tanque? Nada é esforço de mais quando o Justiceiro acha que está punindo aqueles que merecem. Ué, mas as histórias do vigilante mais violento do universo Marvel voltaram a ser publicadas? Não, dessa vez Frank Castle é apenas coadjuvante de uma história do amigão da vizinhança, escrita por Zeb Wells e Paolo Oliveira, em Homem-Aranha 96.

Onde o Homem-Aranha entra nisso? Bom, antes do escalador de paredes aparecer usando seu uniforme colorido, os olhos se voltam para seu alter-ego, Peter Parker. Tentando arrumar uns trocados além do que recebe no Linha de Frente, ele faz uma prova para se tornar motorista de taxi em Nova York, o que não é um trabalho muito fácil, principalmente para alguém que costuma atravessar Manhattan se balançando em teias. Claro, ele não passa.

E é andando nas ruas, depois disso, que Peter esbarra com ninguém menos que Frank Castle. Claro que o Justiceiro não reconhece Parker sem a máscara, mas a recíproca não é verdadeira, pois eles já se encontraram várias vezes, raramente com resultados agradáveis. Portanto, resolve segui-lo discretamente, tentando descobrir o que ele estava fazendo, e obviamente tentando evitar mais uma de suas tão comuns carnificinas. Não antes de ver o quanto os nova-iorquinos podem ser “extremamente solícitos”.

Homem-Aranha & Justiceiro

Já fora de Manhattan, mais exatamente no Queens, o Justiceiro adentra um de seus galpões e coloca um DVD para rodar. Nele, algo assustador. O traficante Moses Magnum que está rolando no mercado negro uma droga muito mais poderosa que o HCM (hormônio de crescimento mutante), que dá poderes temporários àqueles que o consomem. A nova droga está banhada em raios gama, radiação que deu os poderes ao Hulk. Ao que parece, aquela transação do início da história era muito mais séria do que se poderia pensar.

Homem-Aranha & Justiceiro

O vídeo, a essa altura também acompanhado pelo Aranha, que chega na surdina, é na verdade uma “propaganda” do produto. Em uma demonstração assustadora, criam um “mini Hulk” temporário, que causa um estrago instantâneo, eliminando diversos civis inocentes.

Deixando claro porque o Justiceiro sobreviveu a tanto mesmo sendo um humano sem poderes, a presença do Aranha é logo sentida e um confronto quase se inicia. Mas o cabeça de teia tenta conversar.

Homem-Aranha & Justiceiro

Mas o Justiceiro não quer um parceiro, e desdenha do Aranha (e de seus vilões), deixando claro que pretende assassinar Moses Magnum. O Homem-Aranha argumenta que ele tem poderes, não é um criminoso comum. Ainda assim, o vigilante homicida diz que já preparou a armadilha para o bandido, pois desarticulou todo o braço americano de suas atividades. E para ele é simples: quando Moses aparecer, ele o mata.

Isso obviamente faz com que o Aranha inicie a eterna discussão se é válido, ou mesmo correto, assassinar os criminosos. É uma conversa de surdos, já que a posição de cada um dos dois é completamente diferente. O extremismo de Castle incomoda demais o cabeça de teia.

Ele sabia que o herói tentaria impedi-lo, e arrumou um jeito de deixá-lo preso e inconsciente.

Homem-Aranha & Justiceiro

Porém, para seu azar (ou sorte), quando estava pronto para se livrar do desacordado Aranha, Moses Magnum chega. Já lamentando que terá de enfrentar o Justiceiro (a quem ele chama de psicopata, vá entender), logo Castle mostra o porque da lamentação. Assassinado vários de seus capangas, ele escapa com o Aranha desmaiado.

Ele engole um dos localizadores do herói, joga-o ao mar, vai encarar Magnum e seu mini-exército de frente, e logo o galpão desaba.

Homem-Aranha & Justiceiro

Temos um interlúdio bizarro, em que o trapaceiro Agenciador acusa JJ Jameson de ser o assassino do rastreador-aranha, depois de várias investigações, constatando que os rastreadores são cópias perfeitas dos usados pelo escalador de paredes. Levantando todo o histórico de gasto de esforços e dinheiro para arruinar o Homem-Aranha de do ex-dono do Clarim Diário, ou mesmo sua posição na corrida pela prefeitura da cidade, o Agenciador só serve para que JJ percebesse que finalmente consegue, depois de dois ataques cardíacos, controlar seu estresse (revelando que tudo que quer é morrer depois do Homem-Aranha).

Após tanta abobrinha, ele enxota ao “modo Jameson de ser” aquele imbecil da sua frente. Porém, com seu discurso parece que acabou ajudando o homem a perceber onde errou na sua interpretação, solucionando o mistério. Resta esperar se dessa vez ele tem razão.

De volta à trama principal, vemos que fim levou o Aranha depois de ser jogado no mar pelo Justiceiro. Ele logo acorda com o frio da água, e escapa do afogamento. Recuperando seu fôlego, o herói é abordado por um homem em uma lancha, pega a navegação “emprestada” assim que percebe, com ajuda de seu sentido de aranha, a localização do Justiceiro e de Moses Magnum.

Homem-Aranha & Justiceiro

Frank, já capturado, é torturado pelo traficante super poderoso (devidamente uniformizado), que quer o material roubado de volta, pois se trata de uma amostra insubstituível do novo HCM. Enquanto o bandido acha que tem o Justiceiro nas mãos, e o acusa de querer usar a droga em si, há vários planos elaborados por Castle em andamento. Ele provoca seu raptor até que a ajuda chega.

Homem-Aranha & Justiceiro

O Aranha, que já havia invadido a embarcação, arromba a porta da sala, exatamente como Frank planejara. Furioso com o que viu no vídeo de “propaganda”, o herói aracnídeo derrama toda sua fúria sobre Moses. Nesse mesmo momento, usando um dispositivo que enterrara na própria carne, o Justiceiro se livra e, prestes a assassinar o capanga ao seu lado, é impedido por Peter.

Homem-Aranha & Justiceiro

Mas Magnum, em toda sua soberba, pensa que sua vitória é certa e fácil, pois pretende usar seus poderes sísmicos nos dois adversários. Porém, como o próprio Aranha observa após os poderes falharem, eles estão em um barco, e ali eles não têm muito efeito. É a senha para a derrota final do traficante.

Surpreso pela confiança de Castle em sua volta para salvá-lo, o Aranha acaba se descuidando e o Justiceiro atira no estomago do aprisionado Moses. Agora ele tem a distração perfeita para escapar, pois sabe que o herói tentaria salvar a vida do criminoso. E assim o Justiceiro escapa, rindo dos votos do Aranha para que sinta muita dor ao expelir o rastreador que engoliu.

Homem-Aranha & Justiceiro

Moses, ironicamente, tem pensamentos semelhantes ao de Castle, e, mesmo gravemente ferido, ri da tentativa do Aranha em salvá-lo, dizendo que só seria parado se fosse morto. Assim a história termina, com o Homem-Aranha, preso aos seus valores de preservação da vida, mesmo de seus adversários, ouvindo de um criminoso que deve ser difícil viver assim. Mas Peter, sem esmorecer aos votos que fez ao se tornar um herói, acha que aquilo é bom. Bem melhor que dirigir um taxi em Manhattan.


João

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