terça-feira, 4 de outubro de 2016

Guerras Secretas: Zumbis Marvel



Quando seu castigo é o pior de todos, eles te mandam para além do Escudo, o gigantesco paredão que separa o mundo civilizado de Latverion do pior que se poderia encontrar na terra dos vivos... e desmortos. A muralha é constantemente protegida por um longo perímetro por aqueles que são obrigados a se alistar lá e cumprir a perigosa missão de deter diariamente os avanços de Zumbis, Ultrons e Hordas da Aniquilação. Dos muitos combatentes anônimos, uma general entre eles certamente já deve ter chegado aos ouvidos de muitos. O nome dela é Elsa, filha de Ulysses Bloodstone, lendário Caçador de Monstros.

Houve uma noite de batalha, no entanto, que mesmo com toda sua experiência e frieza, Elsa foi atacada pelo tal Terror Rubro (uma versão zumbificada do Azazel), brigou como uma animal contra o teleportador, matou-o a facadas, mas caiu do lado errado da muralha. Despertou já com um resquício do que fora o Doutor Octopus, agora um zumbi rastejando com ajuda de tentáculos, prestes a atacá-la. Foi fácil eliminar ele. Mas havia algo curioso e intrigante ali. Elsa foi despertada com auxílio de uma criança careca que ela nunca imaginaria que fosse capaz de sobreviver naquelas Terras Desmortas sozinhas.


Agora, Elsa e a criança que muitas vezes balbuciava coisas sem sentido tinham que encontrar um caminho pra fora dali e provavelmente a direção para mais perto da muralha do Escudo estaria recheada de hordas zumbis. A criança parecia fraca, medrosa, chorona e era incapaz de erguer uma arma com firmeza para matar os mortos-vivos. A caçadora não podia acreditar como ela teria durado tanto tempo. Por outro lado, de um maneira que nunca aconteceu antes, o pequeno fragmento do que fora a Bloodstone original que ela usava como ornamento no pescoço parecia funcionar devidamente pela primeira vez e lançar energia letal para os zumbis quando Elsa estava encurralada. Outra coisa curiosa que Elsa observou literalmente ali é a presença de zumbis dos mesmos personagens, efeito que no Escudo era conhecido como "duplos", o que denotava que havia algo de muito estranho entre os domínios do Mundo Bélico.


A caminhada por aquelas terras sombrias ao lado daquela frágil criança fazia com que Elsa lembrasse cada vez mais do seu pai e da maneira bruta e insensível que ele passou a treinar ela quando criança para lidar com a situação dos monstros. Ulysses já era um homem insensível por si só, mas a coisa parecia ter piorado quando seu filho caçula, Cullen, foi levado pela outra realidade por criaturas nefastas e nunca mais visto. Agora, a cada choro e fraquejar de sua filha, o pai reagia com mais voracidade e frieza obrigando ela a provas que nenhuma criança deveria sofrer. Isso pode ter acabado com a infância de Elsa, mas a tornou quem é hoje.

Sendo inviável seguir o caminho direto para o Escudo ao norte, Elsa segue os conselhos da criança para rumar ao sul. No caminho, enfrenta mais das criaturas desmortas até que aparentemente caem numa armadilha. Elsa é levada a acreditar que um dos soldados da Muralha, Warren Worthington, veio ao resgate e quando o aparente mutante alado leva a criança primeiro, a caçadora percebe que foi enganada pela mutante zumbificada Mística. Ao rastrear a morta-viva, Elsa descobre que a transmorfa desmorta mantinha junto com outros monstros um "deadpool" ainda vivo e que aos poucos se alimentavam do cérebro dele. Foi a maneira inteligente da Mística saciar sua fome e se manter com um pouco de consciência para pensar.

 

Elsa resgatava forças nas suas lembranças do passado para nunca desistir ou se entregar ao cansaço, como um verdadeira Bloodstone deveria agir. Miraculosamente, a criança parecia ter sobrevivido aos zumbis aquela noite e até mesmo resistido aos efeitos da transformação após a mordida. Motivada a resgatá-la, Elsa foi de novo ao ataque contra os monstros e a gema de seu colar pareceu se energizar mais do que nunca e lhe dar um poder descomunal. Durante o resgate, a Caçadora acabou descobrindo que a criança careca era na verdade uma menina (e não um menino como ela supunha). 

Antes de fugir, no entanto, a criança pediu para Elsa acabar com o sofrimento do Deadpool preso ali. Inicialmente, Elsa quis ensiná-la ali como foi ensinada um dia a atirar e matar o Wade Wilson preso, mas a criança parecia assustada e resistente a isso. Comovida, ela mesmo resolveu atirar e gastar sua penúltima bala. Afinal, nenhuma criança deveria sofrer como ela sofreu. Ao longe, percebia-se que estavam sendo perseguidas por um misterioso encapuzado, talvez um necromante.


Uma vez mais em segurança naquela noite, Elsa começou a relatar sua história de vida pra garota e de como se tornou desde pequena uma caçadora de monstros. A parte nova ao leitor é descobrir que Ulysses aos poucos estava morrendo envenenado pelo poder da joia em seu peito. No fim, Elsa já acreditava que o temperamento do pai poderia estar relacionado aquela gema. Quando ele pediu para ela matá-lo para por fim a sua vida miserável, Elsa negou pela primeira vez ao pai e ele a considerou uma fracassada. No fim, ele definhou, o resto da gema em seu peito virou um carvão e ela seguiu com o legado.

Elsa queria saber mais do mistério envolvendo a menina careca, mas cansada ela dormiu e a jornada delas só continuou no dia seguinte. Na manhã seguinte, chegaram ao extremo sul, onde apenas havia o oceano e nada mais para ir. Talvez, a dica da criança não tenha sido tão boa assim ou na verdade o destino tinha reservado ali para algo mais. Foi então que o suposto necromante se revelou como sendo Ulysses Bloodstone, aparentemente não morto, mas também não sendo um zumbi. O que lhe sustentava ali era o poder de muitas bloodstones incrustadas em seu corpo. Quando jogado além da muralha do Escudo, ele acabou criando um plano macabro de atrair, matar e roubar a gema de todo herdeiro dos Bloodstones. Sejam suas filhas, filhos ou outros Ulysses duplos. Aquela Elsa seria só mais uma vítima atraída até ali.


Pra piorar a situação, a morta-viva Mística e suas hordas de zumbis seguiram os dois até lá. Esse Ulysses era extremamente poderoso com tantas gemas em seu corpo, capaz de rechaçar com força vários zumbis numa rajada só ou mesmo repor sua cabeça decapitada como se nada tivesse acontecido. Vendo isso, Mística achava que as pedras que mantinham-no vivo era um meio de se curar e investiu com tudo.

Para impedir a vitória do monstruoso pai, Elsa tentou se matar antes de ele pegar o poder de sua pedra, mas isso não impedia seus planos. Isso só fez a caçadora se entregar a desmorte zumbificadora enquanto que o apodrecido Ulysses voltava sua atenção para seu alvo - a menina, que se revelou sendo apenas uma manifestação da infância perdida da sua filha. Quando Elsa percebeu isso e resolveu lutar, a versão criança deu um tiro em Ulysses, explodiu suas pedras e o zumbi Elsa devorou boa parte delas. Tornou-se uma caçadora tão potente ao unir-se a elas e depois a sua manifestação criança que disparava energia suficiente para eliminar todos zumbis ao redor.



Por fim, Elsa conseguiu restabelecer a integridade de seu corpo e a de seu pai. Ulysses parecia vivo de novo, mas ainda agindo como um viciado com abstinência das gemas. Elsa estava disposta a lhe dar uma segunda chance, acreditando que o poder da Bloodstone corromperá seu pai e o transformará num homem pior. Um futuro novo retrabalhando o passado esperava aqueles dois na caminhada de volta.

Essa é a primeira minissérie que compõe o encadernado "Era de Ultron vs Zumbis Marvel", começando esse compedium com um dos melhores tie in da saga na minha opinião. Essa história da Elsa Bloodstone, personagem que sempre achei brilhante mas pouco trabalhada até agora, poderia muito bem servir para a versão 616. É cativante ver o desenvolvimento dela nessas páginas e como ela reconstrói-se internamente para o leitor se familiarizar com ela. Kev Walker foi uma escolha acertada de Simon Spurrier para esse título e entrega desenhos que mesclam o belo e o horrendo do conto. Espero ver muito mais da personagem daí por diante depois disso aqui.

Coveiro

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