terça-feira, 18 de outubro de 2016

Guerras Secretas: O Despertar de Attilan

Em meio à insanidade das mais diversas regiões que compõem o Mundo Bélico, encontra-se Manhattan, ilustre bairro da igualmente ilustre Nova York, em meio ao qual se encontra um verdadeiro império que governa essa região. Trata-se de Nova Attilan, lar do povo conhecido como os Inumanos e regido pela rainha Medusa, uma das seguidoras mais fiéis de Victor von Doom, soberano do Mundo Bélico. Mas será que ela teria essa mesma postura se conhecesse o que existe além das fronteiras de seu império?



A resposta a essa pergunta é dada em Guerras Secretas: Inumanos. Ao contrário da maioria dos tie-ins de Guerras Secretas, esta minissérie não é uma releitura de alguma grande saga da Marvel, e sim da fase recente dos Inumanos – talvez por isso o roteiro dela tenha sido confiado a Charles Soule (roteirista da série atual dos Inumanos), que conta com John Timms na arte. Agora um povo em ascensão, a maior parte deles leva suas vidas pacificamente em Nova Attilan, mas alguns decidiram formar a Voz Inaudível, um grupo rebelde que viaja pelo Mundo Bélico buscando ajudar inocentes, encerrar conflitos e combater o que percebem como uma tirania.

Essas duas facções batem de frente quando Destino ordena a Medusa que localize o esconderijo da Voz Inaudível e os capture. Desconfiada de quem possa estar por trás do grupo, ela envia sua agente Auran para se infiltrar na Sala Silenciosa, em Manhattan, local onde figuras de diferentes nações do Mundo Bélico se encontram secretamente para negociações e momentos de lazer. Auran acaba sendo facilmente identificada por Raio Negro, dono do local, que tenta convencê-la de que não há nada suspeito ali.



O problema é que Auran era apenas uma das agentes enviadas para infiltração; enquanto Blackgar dedicava sua atenção a ela, a jovem Kamala Khan conseguiu localizar a sala secreta de reuniões da Voz Inaudível. Murdoch, um humano membro da resistência, conseguiu perceber a presença da transmorfa, que após uma boa luta acabou sendo capturada. Porém, não antes que ela pudesse comunicar suas descobertas para Auran e chamar atenção para sua colega escapar e levar a mensagem para Medusa.

Medusa e Raio Negro organizam seus agentes e se enfrentam em vários frontes. Murdoch e os inumanos Frank McGee (segurança da Sala Silenciosa) e Karnak derrubam muito mais soldados do que Auran esperava, mas o veterano Triton e os novatos Naja, Pederneira e Mega-Rad acabam indo parar na Distopia do Barão Maestro durante uma tentativa de teletransporte, e Medusa e o comandante de suas tropas, Gorgon, conseguem capturar Raio Negro.



E é aqui que a regente dos Inumanos começa a questionar suas crenças: antes de ser entregue para a Tropa Thor, o líder dos insurgentes conta para Medusa tudo que viu fora de Manhattan, todos os problemas que poderiam ser resolvidos se as nações se ajudassem e que continuam existindo porque Destino proíbe a interferência entre elas. Mas, mais que isso, ele revela que a torre de Nova Attilan não é só um enfeite: é apenas um entre vários dispositivos espalhados pelo Mundo Bélico, usado para controlar os pensamentos de todos e impedir que eles pudessem se voltar contra seu soberano. E isso incluía a própria Medusa.

A rainha finalmente se rebela, atacando a Tropa Thor para salvar Raio Negro e fugir com seu cão teleportador Dentinho, que também salva os agentes da Voz Inaudível de Distopia. Pela primeira vez, agentes do império e rebeldes se unem para enfrentar um inimigo em comum, buscando evacuar a população de Nova Attilan e destruí-la para acabar com o mecanismo de controle – mas Medusa não consegue digitar o código a tempo. Ela e Raio Negro acabam se escondendo na Câmara Terrígena, e ela – que descobriu que ele era um inumano que se recusou a passar pelo processo de terrigênese – convence-o de que a única chance deles vencerem Destino pode estar nos poderes ocultos de Blackgar.



Após passar pela terrigênese, Raio Negro descobre que pode destroçar qualquer coisa com sua voz. A boa notícia é que essa descoberta aconteceu no momento em que destruiu os agentes da Tropa Thor... a má notícia é que Medusa também estava na sua frente quando ele descobriu isso, e também foi morta sem deixar vestígios. Furioso, ele parte aos berros (literalmente!) para acabar de vez com Destino...

...ou não? Eis que, em uma fração de segundo, Raio Negro é o novo regente de Nova Attilan, ouvindo o mesmo discurso e as mesmas ordens de Lorde Destino: acabar com os rebeldes e descobrir sua líder, escondida em Manhattan. Os atores mudam de papéis, mas parece que a peça vai se repetir...

O tie-in é bastante interessante para quem curte a fase atual dos Inumanos, mostrando tanto personagens clássicos como Gorgon e Karnak quanto aqueles mais recentes como McGee e Kamala (também conhecida por nós como a nova Miss Marvel). Infelizmente, nem todos puderam aparecer: não é surpresa Ahura ficar de fora (como ele teria nascido se Medusa e Raio Negro estão sempre em guerra aqui?), mas a ausência de Maximus e Cristalys é estranha (até pensei que a líder dos rebeldes após Destino “resetar” Nova Attilan pudesse ser Cristalys, mas todas as resenhas pelo Google a identificam como a Medusa, mesmo). Também é bacana por ser uma história que reflete a situação no Mundo Bélico, que não fica fechada no seu próprio nicho. E a arte de Timms é bem bonita.

Já a história bônus da revista, infelizmente, parece ter sido colocada lá apenas pra completar o número de páginas necessário pra impressão: é um conto de poucas páginas em que o gladiador Thaddeus Ross, vulgo “Máquina de Combate”, busca vingança contra o Treinador no Circo da Morte do Arcade. O roteiro é de Donny Cates, a arte é de Marco Turini, e o resultado final é esquecível. Para quem comprar a revista e quiser lê-lo, sugiro fazer isso antes de ler a minissérie dos Inumanos: assim, o melhor fica para o final.

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