terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Justiceiro Anual de Natal

Stuart Moore, Andy Wigler e Garth Ennis, com arte do fenomenal C.P. Smith, Kyle Hotz, John Severin e aquele que adoramos odiar, Richard Corben, nos trazem o especial de Natal de Frank Castle, uma tradição anual que não pode ser deixada para trás de forma alguma, afinal, o Natal já passou, mas Castle continua matando a bandidagem.

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Comecemos pelo especial de Natal. Stuart Moore escreve e C.P. Smith e seus desenhos rebuscados, cheios de closes e páginas preenchidas por detalhes de uma cena completa, é quase como se estivessemos observando a um filme noir, levemente colorido, cheio de sombras, muito disso do colorista Dean White. Difícil de explicar, fácil de se ver.

Como sempre, Frank Castle está atrás de gente para matar, no caso, um cara chamado Jimmy Nouveau, que está juntando um grupelho e tem uma religião própria, que não comemora o Natal, ruim para ele, ótimo para Castle que não terá nenhum tipo de dano colateral com inocentes para resolver.

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O gostoso dessa história é a narrativa em primeira pessoa que o autor faz. Cada uma das falas e pensamentos de Castle se encaixa perfeitamente nos desenhos de Smith, que faz uma revista cheia de ação, e alguns momentos de introspecção. As histórias de Castle basicamente se resumem a investigação, tiroteio, mais investigação e tiroteio, mas essa tem um final levemente distorcido, boa de se ler.

A segunda edição, escrita por Andy Wigler e desenhada por Kyle Hotz (de O Capuz) é uma espécie de perseguição a um consigliere (conselheiro mafioso) que deu o golpe em um chefão e foi se esconder debaixo da saia do FBI. Os mafiosos e Castle descobrem onde o cara está. Usando um de seus informantes que iria trabalhar de Papai Noel no local onde o Consigliere estaria, Castle se infiltra e começa a matar todos os mafiosos que estão indo matar ele.

Um banho de sangue no orfanato com direito a assassinato de Papai Noel e depois de tudo, uma linda imagem do Consigliere morto e vestido de Papai Noel, humor negro digno de Castle.

A terceira e quarta edições já não estão tanto no clima Natalino das outras, mas se passa durante o Natal, entretanto tem um atrativo diferencial: Garth Ennis.

O Tigre traz um pouco da infância de Castle, seu envolvimento com os vizinhos e os mafiosos da região, é uma das histórias mais elucidantes da vida de Castle.

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Todos culpam o Vietnã, ele diz, mas na verdade, a culpa é apenas dele, Frank Castle, por ser assim. A escolha é dele e sempre foi. Mostrando diversos fatos envolvendo um mafioso da região, Castle fala sobre Lauren Buvoli, uma amiga, que na época se envolveu com o cara errado e acabou se matando, o irmão dela, Sal, que estava no exército, pega esse mafioso, cava uma cova, joga gasolina e queima o infeliz, tudo sob o olhar de Castle.

No Vietnã, logo que chega lá, Castle descobre que Sal havia morrido em combate. O tigre do título vem de um poema de William Blake que começa com Tigre, Tigre, chama pura, nas brenhas da noite escura. É uma alusão a Sal, o Tigre como Castle o chamava, e sobre algo que Castle diz ter visto enquanto no Vietnã: Um Tigre, que olhava para ele com o mesmo olhar que Sal olhava para o mafioso queimando naquela cova.

Por fim, na melhor tradição da Marvel dos últimos anos, vemos Justiceiro - O Fim, escrito por Ennis e desenhado por Richard Corben, desenhista de Hellblazer. Basicamente, em alguns anos Castle está preso e explode uma Guerra Nuclear. Castle consegue fugir antes de ser assassinado pelos carcereiros e se esconde no subterrâneo da prisão.

Fugindo de lá, ele e um homem chamado Paris Peters, um criminoso menor que acompanha Castle. Dentro do bunker eles descobrem algumas coisas interessantes e Castle não vai deixar que milhões ou bilhões tenham morrido sem que sua Justiça chegue aos responsáveis.

Viajando a pé por campos e cidades destruidas, eles chegam a Nova Iorque para matar cada um dos capitães das industrias que comandavam governos e antes que a guerra chegasse neles, se esconderam nos subterrâneos como baratas e ratos. Castle e Paris, envenenados pela radiação chegam ao bunker, onde Castle, após saber que morrerá em algumas horas, começa a matar todo mundo que está a sua vista.

Tentando se salvar, os homens no bunker mostram para Castle o que seria a gravação de outros bunkers, com as pessoas se matando e dizendo que eles são os últimos sobreviventes da humanidade. A resposta de Castle eu mostro abaixo.

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Com todos mortos, falta Paris, o bandidinho que Castle sabia ser mais do que mero golpista. Na verdade Paris ateou fogo a algumas casas e o fogo se espalhou e matou uma dúzia de crianças dum orfanato. Castle o mata e depois parte em direção a lugar nenhum, esperando a morte pelo envenenamento radioativo.

Esse especial de Natal foi um dos melhores que eu já li do Justiceiro e sinceramente, vale cada centavo dos 18.50 cobrados. Boa edição e bom fim de ano para o Justiceiro.

J.R. Dib

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