quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Soldado Invernal: O Homem da Muralha



Após os eventos da minissérie "Pecado Original", Bucky Barnes, o Soldado Invernal, assumiu o posto de "Homem da Muralha" no lugar de Nick Fury. Sua função é eliminar qualquer tipo de ameaça que a Terra possa vir a sofrer, mesmo no futuro. Ele conta com a ajuda de Daisy Johnson, também conhecida como Tremor e ex-diretora da SHIELD em suas missões, que serão narradas pelo escritor Ales Kot e os desenhistas Marco Rudy e Langdon Foss no título "Bucky Barnes: The Winter Soldier". Suas cinco primeiras edições foram reunidas em um encadernado lançado pela Panini no Brasil.

Bucky e Daisy dispõe de um satélite espacial secreto, que abriga um arquivo confidencial. Ambos pertenciam a Fury e é assim que eles definem seus próximos passos. Uma de suas missões os levaram ao planeta Syro, onde Bucky assassinou seu regente e evitou que sua alma fosse "transmigrada" a um animal conhecido como "Grande Reznor". Isso não impediu que Barnes o adotasse e o levasse para o satélite.

Sua próxima missão o faz chamar seu aliado de longa data, Namor, o Príncipe Submarino, para desbaratar uma rede de tráfico subaquática no Oceano Pacifico. Esta rede vendia uma droga chamada Illum, uma espécie de ansiolítico poderoso, que o próprio Namor admitiu consumir às vezes. Barnes interroga um dos traficantes, que confessa que Loki, o deus asgardiano da trapaça, é o intermediário deles. O homem acrescenta que se alguém tentasse detê-los, eles deveriam dizer uma frase enigmática: "a luva perdida está feliz". Em seguida, Bucky é inesperadamente alvejado nas costas. Em local ignorado, uma figura misteriosa recolhe sua arma e diz: "sua vez". 



Bucky escala as rochas de Asgárdia, em busca de Loki. O Soldado Invernal parece avistar aquele que procura, assim como diversas criaturas prestes a atacá-lo. Sendo uma alucinação ou não, Bucky enfrenta seus inimigos. Ele consegue se desvencilhar deles e confronta Loki diretamente. O deus da trapaça lhe diz para ir ao planeta Mer-Z-Bow e encontrar a princesa Ventolin Xtal. Em seguida, ele se desvanece e diz a mesma enigmática frase que Bucky ouvira antes.

Enquanto isso, Daisy analisa a bala que atingiu Bucky nas proximidades de Asgárdia, na nave Archeopteryx. Ela recebe uma inesperada visita de alguém que se apresenta como Bucky, porém muito mais velho do que aquele que conhece. Meia-hora depois, o Soldado Invernal retorna à nave e Daisy lhe informa que a bala que o atingiu estava com Illum numa dose concentrada, mas não mortal. Ela acrescenta que a substância é encontrada apenas em Mer-Z-Bow, o que representa mais uma razão para ambos se dirigirem até lá.




A Archeopteryx chega furtivamente a seu destino, assim como duas outras naves. Bucky e Daisy se dirigem diretamente à princesa Ventolin, que pertence à raça dos Pao'ree. Trata-se de uma raça telepata e pacifista, que pode se tornar dominante na galáxia em que habitam. Eles pretendem abolir o sistema que os rege, a monarquia, o que pode causar uma guerra de proporções cósmicas que alcançaria a Terra. 

A cinquenta quilômetros dali, o ocupante da segunda nave se revela, trata-se do Bucky Barnes "mais velho". Mesmo assim, ele acompanha o que acontece com sua contraparte através de um poderoso binóculo. Mais distante ainda, revela-se o ocupante da terceira nave, Brock Rumulow, o Ossos Cruzados.

Ignorando esses fatos, Bucky e Ventolin se sentem muito atraídos um pelo outro e começam a compartilhar um "elo mental". Bucky lhe diz que sonhara com ela e que lhe dava um beijo no final do sonho. Ela lhe conta que sonhara a mesma coisa também, mas o sonho acabava com ela sendo morta pelas mãos dele. Bucky retruca dizendo que não veio ali para matá-la e ambos se beijam.




Fora do palácio, Daisy e o Bucky "mais velho" se encontram e este começa a lhe contar sua história. Ele é um homem solitário que veio de uma outra "linha temporal", duzentos anos à frente, onde sua missão como "homem da muralha" terminou. Mesmo assim, ele foi verificar o multiverso uma última vez diante de uma enorme esfera senciente. Pra ser mais específico, ele queria saber como estava o casal formado por Bucky e Ventolin nas mais diversas realidades. Tudo parecia muito bem, com exceção do Universo 616, em que ele se deparou com sua contraparte mais jovem caída ensanguentada no chão. Diante disso, ele decidiu suspender sua aposentadoria e vir para nossa realidade através de um buraco negro. 

Enquanto isso, Ventolin mostra a Bucky o seu impressionante "motor do paradoxo da polaridade", ou seja, a mesma esfera senciente que sua contraparte acabara de se referir no futuro. Daisy dispara para o interior do palácio para contar a seu parceiro tudo o que acabara de saber, já que as coisas podem não ser o que parecem. Contudo, sua corrida é interrompida pelo ataque brutal de Ossos Cruzados. 



O Bucky do futuro parte em direção ao palácio e se depara com a guarda da princesa, seus filhos, que o proíbe de avançar. Mesmo assim, ele os convence a entrarem em contato com ela para confirmar que está tudo bem. O contato é feito, mas Ossos Cruzados interrompe a conversa e ataca o Soldado Invernal. Bucky se defende e pergunta a seu oponente o que ele está fazendo ali. Este responde dizendo que não é o Rumulow que ele conhece. 

Os filhos de Ventolim assistem tudo à distância, horrorizados. A princesa entra no combate, mas logo é rechaçada. O Bucky do futuro corre para o "motor de polaridade" e empunha sua arma novamente. Ele aperta o gatilho e acerta a arma que Rumulow utilizaria para matar seus dois adversários. Um outro objetivo do vilão era tirar "o velho de seu esconderijo", e pode-se dizer que ele foi bem sucedido neste aspecto. Em seguida, Daisy Johnson, ataca seu inimigo com seus poderes vibratórios. Rumulow é arremessado pela janela do palácio e ele detona uma bomba que havia plantado no interior da construção como um recurso de contingência. Ao longe, o Bucky do futuro erra seu segundo tiro e assiste a tudo sem conseguir intervir mais diretamente. 




Este encadernado é bem interessante, mas uma coisa que me incomoda em alguns escritores da Marvel é o fato deles quererem imitar o estilo de Johnathan Hickman, que produz enredos complexos e muito bem elaborados, mas o que poderia funcionar de maneira mais enxuta acaba esbarrando na pretensão. Parece-me que este é o caso do roteirista Ales Kot, cujos vícios e virtudes também podem ser percebidos em outra série da Marvel que acabou de ser publicada por aqui, Vingadores Secretos. O escritor apresenta uma série de premissas interessantes, mas acaba complicando demais o desenvolvimento de um enredo que poderia ser bem mais simples. Achei um pouco forçado o fato de Bucky se apaixonar subitamente pela princesa alienígena, mas pode se entender o fato como uma espécie de "constância universal" de múltiplas realidades.

Não conhecia o trabalho de Marco Rudy, mas o achei extremamente talentoso. Ele apresenta uma boa variedade de estilos em seu traço. Sua narrativa não é muito fácil de acompanhar, mas funciona. Ela exige uma leitura mais atenta do leitor para que nenhuma de suas informações se perca. Talvez com o tempo sua narrativa se torne mais fluida. Vamos acompanhar o trabalho dele com atenção. 

O desenhista Langdon Foss não foi creditado neste encadernado da Panini. Ele foi responsável pelas cenas que retratavam o universo do Bucky "do futuro" e de algumas outras em que este narrava o curso dos acontecimentos. Seu traço é limpo e sua narrativa, elegante. Seus desenhos me fizeram lembrar um pouco o traço do grande Jean Giraud, também conhecido como Moebius, que já fez alguns trabalhos para a "Casa das Ideias". 

C@rlos

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